A especulação e a imaginação
constituem um empecilho ao descobrimento da Verdade. A mente que especula,
nunca conhecerá a beleza de o que é; está presa na rede de suas próprias
imagens e palavras. Por mais longe que alcance, na criação e imagens, ela
permanece na sombra de sua própria estrutura, sem poder jamais perceber o que
se acha além. A mente sensível não é imaginativa. A faculdade de criar imagens
limita a mente; presa que está ao passado, à lembrança, ela se torna
insensível. Só a mente tranquila é sensível. Acumulação, sob qualquer forma é
uma carga. E como pode ser livre a mente que leva uma carga? Só a mente livre é
sensível. No estar livre, “aberto”, encontra-se o imponderável, o implícito, o
desconhecido. A imaginação e a especulação impedem o estado “aberto”, sensível.
(...)
Para compreender, descobrir, não
deve a mente ser livre, exatamente no começo? Pode uma mente que é
disciplinada, reprimida, ser livre em algum tempo? A liberdade não é um alvo
final; ela deve existir exatamente no começo, não é verdade? A mente que é
disciplinada, controlada, é livre dentro de seu próprio padrão; mas isso não é
liberdade. A finalidade da disciplina é o ajustamento a um padrão; seu caminho
leva ao conhecido, e o conhecido nunca é livre. A disciplina, com o medo, que
acompanha, é avidez de realização.
Krishnamurti - Reflexões sobre a vida
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