"O criador de todas as coisas dotou o
ser humano de inteligência e livre-arbítrio, combinações que quando
integradas a outras características inerentes como emoções e
sentimentos, levam-no a atingir níveis de consciência que determinam o
seu grau de progresso espiritual.
No entanto, muitos seres ficam pelo
caminho evolutivo, estacionam, se perdem nos desvios da existência.
Geralmente, por imaturidade ou por questões ligadas à dependência
afetiva, sentimentos não resolvidos cuja sintonia a criança leva consigo
para a fase adulta.
Em outras situações, a negligência dos
pais ou substitutos na educação, acentuam traços negativos de caráter
que o indivíduo trás de outras vidas. A vida, na verdade, é uma
combinação de situações pregressas e atuais, onde as vivências se
misturam revelando a síntese do que somos.
Porém, acima de tudo, e de acordo com as
leis da vida, cabe ao indivíduo adulto que goza de boa saúde, ser
responsável por si mesmo, pois a percepção de si próprio inserido no
contexto da vida, é a mola mestra que impulsiona as realizações pessoais
no campo da independência afetiva e da liberdade de escolha.
O sentido de evolução é inerente ao ser
humano. Se não for na vida atual por uma questão de limitação física ou
de origem neurológica que impede o desenvolvimento normal do indivíduo,
tornando-o dependente de terceiros, será na próxima vida quando ele
estiver livre da "dívida" contraída no pretérito.
As leis naturais, também chamadas de
divinas, morais ou universais, estimulam o ser inteligente para o
crescimento integral e expansão da consciência. Mas, geralmente, o
indivíduo não percebe essa orientação natural que permanece latente em
sua consciência, exceto pelo aspecto instintivo relacionado à
necessidade de sobrevivência em um mundo cada vez mais competitivo e
repleto de conflitos de egos.
Por isso, muitas vezes, desviando-se do
rumo ou alheio à orientação das leis naturais, o indivíduo sucumbe às
suas próprias limitações. Torna-se apático, sua luz natural direcionada
para a evolução quase se extingue, e a depressão avança tornando os seus
dias mais sombrios e sem esperanças...
Sem reagir ou querer se ajudar, ele
afunda cada vez mais no pântano de seus sentimentos não resolvidos e
emoções descontroladas. O desequilíbrio, então, age livremente em seu
psiquísmo, desorientando-o por tempo indeterminado da linha natural da
vida e de seu senso de evolução.
Perdido como uma nau em mar bravio, o
ser inteligente luta contra si mesmo para superar as muitas dificuldades
encontradas pelo caminho. Não visualiza novos horizontes porque não
enxerga além da sintonia de vítima presa às circunstâncias de sua
existência.
Mesmo à deriva de sua tempestade
existencial, ele não clama por socorro, não busca ajuda, não tem
motivação para sair do redemoinho de suas lamentações e encontrar a luz
do amanhecer e a tranquilidade de águas mais serenas que levem a portos
seguros.
A cegueira provocada por ressentimentos
do passado, impedem a visão de si próprio como um ser direcionado à
transcendência das coisas que estão associadas ao efêmero dos
acontecimentos mundanos.
Prisioneiro de si mesmo e subjugado aos
grilhões da obsessão e do sentimento de vitimização, ele experencia em
vida a masmorra do corpo e da alma, sendo a escuridão sua inseparável
companheira de todas as horas.
Deprimido e acabado ele aguarda que a
guilhotina da vida venha por fim a sua dor crônica, ao seu sofrimento
tenaz e a sua desesperança por dias melhores - iluminados e acolhedores.
De repente, a simples visão de dias
iluminados e acolhedores que a sua memória ainda guarda de tempos idos,
faz reacender a chama da vida e a certeza de que a esperança pode ser
renovada a partir do ponto em que o caminho do crescimento foi desviado
para atalhos incertos e perigosos.
É chegado o momento -e talvez, a última
oportunidade- de buscar ajuda para recuperar o tesão pela vida e o
sentido de independência como ponto de partida para a expansão da
consciência, em benefício do autoconhecimento, bem-estar e das
realizações de âmbito pessoal e profissional."
Flavio Bastos