EUA querem a todo custo “mudança de regime” no Brasil

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The (French) Saker
Para os EUA, tornou-se vitalmente importante impedir que se desenvolvam no Brasil e nos países da América Latina seus aliados, forças políticas suficientes para provocar uma reorganização estratégica global, da qual Washington seria excluída. Traçaremos um rápido paralelo com a aproximação entre China e Rússia, que expusemos em detalhes no artigo “O pesadelo de Washington vai tomando forma: amplia-se a parceria estratégica entre Rússia e China”(em francês), [1]  que publicamos hoje.
Dilma Rousseff                               Marina Silva
23/9/2014, [*] Jean-Paul BaquiastThe French Saker − The Saker


Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Em artigo anterior [De Dilma Rousseff a Marina Silva: o Brasil em vias de reamericanização (em francês)], [2] indicamos que, por trás da candidatura de Marina Silva à presidência do Brasil para as eleições de outubro de 2014, os EUA empregarão todas as suas forças para provocar a queda da atual presidenta, Dilma Rousseff, e para repor o Brasil sob sua influência direta.
No plano imediato, tratar-se-á de impedir que se reforce, sob influência do Brasil e com certeza também da Argentina, uma zona de livre comércio e cooperação chamada UNASUL (Unión de Naciones Suramericanas) semelhante às duas uniões aduaneiras já existentes, a Comunidade das Nações Andinas e o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul, constituído de Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela e cinco membros associados – Chile, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru). A UNASUL se oporá de fato a OEA (Organização dos Estados Americanos), que Washington promove com o objetivo de reunir os governos sob sua influência.
No médio prazo, trata-se de enfraquecer a formação dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), privando o grupo do apoio de um Brasil já não colaborativo ou, mesmo, tornado hostil. Já expusemos várias vezes o papel essencial que os BRICS desempenharão para contestar o FMI, o Banco Mundial e, no limite, o dólar. Os BRICS podem funcionar sem o Brasil, mas o Brasil, sob a ação enérgica de Dilma Rousseff será ator maior, representativo de todos os países latino-americano que desejam emancipar-se de Washington, de suas intervenções políticas e econômicas permanentes, e da espionagem eletrônica eterna, da qual Dilma Rousseff declara-se adversária empenhada.

Ora, nessa guerra hoje declarada contra Dilma Rousseff, Washington está empenhando todas suas energias, oficiais e ocultas, para fazer diferença na balança. Trata-se de conseguir eleger uma Marina Silva apoiada pelos meios brasileiros mais retrógrados – notadamente algumas igrejas evangélicas. Mas trata-se, sobretudo, de obter mudança de regime no Brasil, operação na qual Washington é campeão em todo o mundo seja na América Latina, na África e, como agora, também na Eurásia. Para tanto, todos os meios são úteis, especialmente recorrer à CIA e a organizações constituídas ad hoc e que a CIA alimenta com dólares.
Nil Nikandrov, do blog Strategic Culture, oferece comentário detalhado dessas intervenções norte-americanas: “Marina Silva, parte de plano para desestabilizar o Brasil”.

Aquele blog e o autor do artigo esforçam-se para resistir contra a incessante propaganda das grandes empresas de imprensa ditas “ocidentais”, o que em nada reduz, bem o contrário, a pertinência de suas análises.
Os otimistas apostam que o novo plano dos EUA fracassará, como outros, nos últimos tempos, em todo o mundo. Mas nada está decidido, se se leva em conta o muito que significaria, para os EUA, um Brasil novamente dócil.
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Notas
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[*] Jean-Paul Baquiast, (nasceu em 1964) é um historiador e político francês. Vencedor do  Prix de la nouvelle littéraire de l'Office franco-québécois pour la jeunesse em 1989, aluno dos professores Jean Meyer e Jean-Marie Mayeur; PhD em História, em 1995, presidente da Association des amis d'Eugène et Camille Pelletan que ele fundou em 1996 com Georges Touroude; é oficial da Ordre des Palmes Académiques, Baquiast é especialista na História da Idéia, da Cultura e do Republicanismo que o fez produzir uma dezena de livros. Em 2007, em trabalho conjunto com Emmanuel Dupuy lançou a idéia republicana no mundo, que discutiu e convenceu Moncef Marzouki, posteriormente eleito Presidente da República da Tunísia em 12/12/2011 e foi o reformador da Primavera Árabe em seu país. Em 2014 Baquiast produziu seu primeiro romance, vagamente baseado na história de anistia para os communards e o amor de Julieta e Philippe Camille Pelletan:  Les cerisiers de la Commune.
Foi sucessivamente membro da liderança do Parti radical de gauche (PRG), Secretário-Geral do Union des républicains Radicaux (U2R) e membro do Conselho Nacional de La Gauche moderne.

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