Inferno Social

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 Todas as promessas do nosso sistema social, no que diz respeito às suas funções básicas constitucionais, são falsas.
O sistema prisional é produtor de monstros - destruídos em sua sensibilidade humana -, que irão infernizar a sociedade e bater de frente com monstros - destruídos em sua sensibilidade humana - produzidos pelas forças de segurança do Estado.
Constróem-se mais cadeias pra "conter a criminalidade", mas não se procura a fonte, a origem de tanta criminalidade. Na miséria, na pobreza, na exploração extrema do trabalho com salários insuficientes, não se fala, não se pensa, não se percebe, "vai pra Cuba", dizem os idiotas prisioneiros dos seus condomínios e das suas bolhas, apavorados com o mundo "lá fora".
As causas são fáceis demais de se ver, como seria fácil demais resolver. Se os artigos constitucionais fossem prioridade, apenas isso resolveria. Há condições, tecnologia, transportes, conhecimentos, produção, grana - relativamente pouca - pra acabar com miséria, ignorância, alienação, desatendimento, abandono, pra acabar com essas vergonhas na sociedade.
A principal falta que o povo tem é de respeito. Se o Estado respeitar o povo, a sociedade se harmoniza, supera essas situações primárias que nos prendem ao passado e não nos deixam seguir adiante. Mas seqüestrado como está pelos poderes econômicos, o Estado viola sua lei hipocritamente chamada "máxima", sua constituição, rouba direitos da população pra gerar privilégios pra uma minoriazinha insignificante no contexto social. Encastelados no topo do poder, controlando dali todo o funcionamento da estrutura, com a cumplicidade das marionetes políticas, de altos cargos na "república", de administradores, legisladores, juristas, régiamente pagos, ou propinados, esses vampiros da humanidade espremem o sangue dos povos.
A guerra das empresas contra os povos será ganha pelas empresas enquanto as populações não tomarem consciência de que são enganadas, ignorantizadas, alienadas e condicionadas a comportamentos e valores que constróem e mantêm a estrutura social. Não é à toa que o ensino é inexistente pras camadas mais pobres e enquadrador e violento pras outras camadas. Não é à toa que as comunicações são dominadas por empresas privadas. Não é à toa que se vê o mundo como uma arena competitiva onde é cada um por si e é preciso vencer a qualquer custo. É mentira em cima de mentira pra manter o mundo como é. Muitos sentem culpa por não se adequarem a um mundo inadequável, pensam que têm alguma coisa errada, ou a menos. Faz parte das induções.
Agora investe-se em cadeias. Leitura evidente, sem comentários. A idéia genial é privatizar o sistema prisional, que beleza, haverá incentivos às prisões, planos de metas, prêmios por quantidade de presos, juízes implacáveis ganharão cruzeiros marítimos com suas famílias a cada fim de ano. Cada preso vale uma grana e, de quebra, pode-se alugar o trabalho escravo. O inferno social resultante não afetará os que decidem, em suas fortalezas guardadas por empresas de segurança, seus carros blindados, jatos e ilhas.

Observar e absorver



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