Sempre que acontece alguma tragédia envolvendo vítimas humanas — como o acidente que acabou com a morte do cantor Cristiano Araújo, por exemplo —, não demora até que fotografias e vídeos macabros comecem a circular pela internet. O pior é que, por mais mórbido e errado que pareça, a verdade é que simplesmente não conseguimos resistir à tentação de dar uma olhadinha — nem que seja para nos arrependermos amargamente depois.
Mas
de onde é que vem esse fascínio por ver pessoas mortas, e por que é que
não conseguimos desgrudar nossos olhos dessas imagens — mesmo quando as
nossas mentes ficam perplexas e os nossos estômagos começam a revirar
dentro de nós? E mais: por que fazemos isso com nós mesmos? Afinal, as
sensações que experimentamos não são nada prazerosas e, muitas vezes,
inclusive nos sentimos culpados depois. Veja algumas explicações:
Possibilidades
Se
você prestar atenção, vai perceber que, quando vemos fotos de
indivíduos que morreram — em acidentes de carro, desastres naturais,
quedas de avião, assaltos, ataques terroristas, guerras, explosões etc.
—, perguntas como “o que acontece com uma pessoa que tem o corpo
estraçalhado em um acidente?”, “o que será ela sentiu sentido no momento
do desastre?” e “será que ela sofreu?” começam a pipocar em nossas
mentes.
Pois,
quando começamos a nos fazer esse tipo de perguntas, mesmo que sem
perceber, estamos nos colocarmos no lugar das vítimas, imaginando como
seria se, em vez delas, fossemos nós ou algum ente querido que tivesse
passado por aquela situação. Sendo assim, até determinado ponto, a
curiosidade que sentimos é resultado do nosso próprio desejo de
experimentar o sofrimento dos outros. Em outras palavras, nós sentimos
empatia.
Identificação emocional
Evolutivamente
falando, a empatia nos ajuda a formar laços próximos com outras
pessoas, e ela é essencial para a nossa sobrevivência. Além disso,
alguns estudos revelaram que quando vemos fotos de pessoas que morreram
tragicamente, estamos, mesmo que inconscientemente, repassando
mentalmente os perigos que podem pôr as nossas próprias vidas em risco e
nos preparando para o caso que de algum dia passemos pelas mesmas
situações.
Essa
empatia nos ajuda a entender a nossa própria fragilidade e a
compreender que o nosso tempo é curto, além de fazer com que nos
sintamos mais próximos das outras pessoas. Assim, apesar de sofrermos ao
ver o sofrimento dos outros, esse é o tipo de coisa que nos ajuda a
entender o mundo que nos rodeia — e a sobreviver nele —, e a curiosidade
mórbida nos ajuda a lidar com questões relacionadas com a nossa própria
existência e mortalidade.
Descarga de adrenalina
Outra
questão que pode estar relacionada com o fascínio por imagens
perturbadoras é o fato de elas despertarem o nosso medo e nos deixarem
ansiosos. E, como você sabe, quando nos sentimos assustados, o nosso
organismo libera neurotransmissores como a noradrenalina e a dopamina,
que, além de nos deixar mais atentos e alertas, nos preparam para reagir
em caso de emergência.
Pois
a descarga de adrenalina e a alteração emocional que as imagens
macabras provocam fazem com que as pessoas se sintam vivas — mesmo que
seja à custa de sensações negativas. Além disso, a dopamina também é
liberada quando sentimos prazer e, apesar de isso não significar que o
nosso cérebro interprete coisas desagradáveis como sendo prazerosas, a
sensação é desencadeada.
Além
disso, existe toda uma pressão social e tabu envolvendo as imagens
mórbidas, o que ajuda a torná-las mais atraentes, e é justamente a culpa
que sentimos que nos leva a buscá-las, já que essa “transgressão” nos
faz sentir mais fortes e desafiadores.
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