A MAIOR PUNIÇÃO CONSIGO MESMO

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A MAIOR PUNIÇÃO CONSIGO MESMO
"Toda a nossa educação cria uma divisão na nossa própria mente. Você tem que mostrar uma face para a sociedade, para a multidão, para o mundo – ela não precisa ser a sua face verdadeira; na verdade ela não deve ser a sua face verdadeira. Você tem que mostrar a face que as pessoas gostam, que as pessoas apreciam, que seja aceitável para elas – para suas ideologias e suas tradições – e a sua face original, você tem que guardá-la para si mesmo.
Essa divisão o torna muito desconectado porque a maior parte do tempo você está na multidão, encontrando pessoas, se relacionando com pessoas – muito raramente você está só. Naturalmente, as máscaras se tornam muito mais parte de você do que a sua própria natureza.
E a sociedade cria um medo em todo mundo: o medo da rejeição, o medo de que alguém possa rir de você, o medo de perder a respeitabilidade, o medo do que as pessoas dirão. Você tem que se ajustar a todo tipo de pessoas cegas e inconscientes. Até agora, esta tem sido a nossa tradição básica em todo o mundo: não se permite a ninguém ser ele próprio. E é por causa disso que o problema surge – este é um problema de todo mundo.
Você está perguntando, ‘Quando estou só e leio seus livros ou ouço suas fitas, eu me sinto imensamente feliz, choro e danço sozinho. Mas eu não consigo expressar meus sentimentos na presença dos outros, embora eu queira muito fazer isso. Por favor, diga-me o que fazer’
No momento em que o outro está na sua frente, você está pouco preocupado consigo mesmo; você está mais preocupado é com a opinião que ele terá a seu respeito. Quando você está só no seu banheiro, você se torna quase igual a uma criança – algumas vezes você faz caretas diante do espelho. Mas se você de repente percebe que está sendo observado pelo buraco da fechadura, até mesmo por uma criancinha, imediatamente você muda: você volta novamente ao seu velho e comum ego – sério, sóbrio, como as pessoas esperam que você seja.
E a coisa mais incrível é que você tem medo daquelas pessoas e elas têm medo de você – todo mundo tem medo de todo mundo. Não se permite a ninguém seus sentimentos, sua realidade, sua autenticidade – mas todo mundo quer isso, porque é um ato muito suicida continuar reprimindo a sua face original.
Você não está vivendo; ao contrário, você está simplesmente representando. E porque todo mundo está observando, os seus prolongados séculos de inconsciência o puxam para trás: não se expresse, não saia das máscaras de sua personalidade. Todo mundo está se escondendo atrás de alguma coisa falsa – isso machuca.
Ser desonesto e hipócrita consigo mesmo é a pior punição que você pode se dar.
E você não vai fazer algo prejudicial a quem quer que seja – você simplesmente quer chorar e suas lágrimas serão de alegria; você quer dançar e isto não é pecado, nem é crime. Você simplesmente quer compartilhar a sua felicidade – você está sendo generoso. Apesar disso, o medo é de que as pessoas possam não aceitar a sua felicidade. Alguém pode dizer que ela é falsa, que você está apenas representando, podem dizer que você está hipnotizado.
Uma coisa estranha é que se você está miserável, ninguém lhe diz coisa alguma, você está perfeitamente encaixado. Mas onde todo mundo é miserável, você fica fora de sintonia com a multidão se, de repente, começar a dançar.
Você quer expressar a sua alegria, mas não é corajoso o suficiente para estar só... Mas, na verdade, quem vai se importar? No máximo, talvez as pessoas pensem que você está um pouco maluco, e uma vez que elas aceitem que você está um pouco maluco, então não há do que ter medo.
O que há de errado em ser chamado de maluco? O mundo tem conhecido tantas pessoas malucas bonitas... Na verdade, todas as grandes pessoas no mundo têm sido um pouco malucas – malucas aos olhos da multidão.
Elas expressaram suas maluquices porque elas não eram miseráveis, eles não estavam na ansiedade, não tinham medo da morte, não se preocupavam com trivialidades. Elas estavam vivendo cada momento com totalidade e intensidade, e por causa dessa totalidade e intensidade, suas vidas se tornaram lindas flores – cheias de fragrância, amor, vida e riso.
Mas isto certamente machuca milhões de pessoas que estão ao seu redor. Elas não podem aceitar a idéia de que você alcançou alguma coisa que elas perderam. Elas tentarão de toda maneira tornar você miserável, para destruir a sua dança, para tirar a sua alegria – de modo que você possa voltar novamente ao rebanho.
É preciso reunir coragem. E se as pessoas disserem que você está maluco, curta a idéia. Diga a elas, ‘Vocês estão certos; neste mundo somente as pessoas malucas podem ser felizes e alegres. Eu escolhi a loucura com alegria, com felicidade, com dança; vocês têm escolhido a sanidade com miséria, angústia e inferno – nossas escolhas são diferentes. Seja são e permaneça miserável; mas deixe-me só na minha loucura. Não se sintam ofendidos; eu não estou me sentindo ofendido por vocês – tantas pessoas sãs no mundo e eu não estou me sentindo ofendido.’
Isto é apenas uma questão de pouco tempo. Uma vez que eles o aceitem como sendo maluco, logo deixarão de se preocupar com você; então você poderá entrar na luz completa com seu ser original – você pode abandonar todas as suas falsidades.
Todas as pessoas no mundo querem ser verdadeiras, pois só por serem verdadeiras, isso já lhes traz muita alegria e uma abundância de felicidade. Por que alguém deveria ser falso? Você precisa ter coragem para chegar a um insight um pouco mais profundo: Por que você tem medo? O que o mundo pode fazer com você? As pessoas podem rir de você; isso fará bem para elas – rir é sempre medicinal, é saudável. As pessoas podem pensar que você é louco... Você não vai ficar louco só porque elas pensam que você está louco.
E se você é autêntico quanto à sua alegria, suas lágrimas, sua dança – mais cedo ou mais tarde aparecerão pessoas que compreenderão você, que poderão começar a se juntar à sua caravana. Eu mesmo comecei sozinho no caminho, e depois as pessoas foram chegando e isso se tornou uma caravana do tamanho do mundo. E eu não convidei ninguém; eu apenas fazia aquilo que sentia que estava vindo de meu coração.
A minha responsabilidade é com o meu coração, não com as outras pessoas no mundo. Assim, a sua responsabilidade é apenas com o seu próprio ser. Não vá contra ele, porque ir contra ele é cometer suicídio, é destruir a si próprio. E qual é o ganho? Mesmo se as pessoas lhe derem respeito e acharem que você é sóbrio, respeitável, honorável, essas coisas não irão nutrir o seu ser. Elas não irão lhe dar qualquer insight a mais sobre a vida e sua imensa beleza.
E, além disso, todo mundo está tão preocupado com seus próprios problemas, quem irá se procupar se você está rindo e dançando? Quem tem tempo para isto? É apenas a sua mente que está pensando que todo o mundo está pensando a seu respeito. A minha própria experiência é: todo mundo está muito cheio, muito preocupado com a correria de pensamentos sobre si mesmo, sua vida, seus problemas. Você acha que alguém tem tempo até mesmo para olhar para você ou pensar a seu respeito?
Você não deve se preocupar, de jeito algum. Todos estão preocupados com seu próprio mundo, eles não têm tempo nem energia para se preocupar com você. E mesmo se eles tiverem alguma opinião, isso é problema deles. Você está sozinho no mundo: sozinho você veio ao mundo, sozinho está aqui e sozinho deixará este mundo. Todas as opiniões deles ficarão para trás; somente os seus sentimentos originais, as suas experiências autênticas irão com você, mesmo depois da morte.
Nem mesmo a morte poderá lhe tirar a dança, as suas lágrimas de alegria, a sua pureza na solitude, o seu silêncio, a sua serenidade, o seu êxtase. Aquilo que a morte não pode tirar de você é o único tesouro verdadeiro; e aquilo que pode ser tirado pelas outras pessoas não é um tesouro, é apenas tolice.
Quantos milhões de pessoas viveram antes de você neste planeta? Você nem mesmo sabe o nome delas; se elas viveram ou não, não faz qualquer diferença. Existiram santos e pecadores, existiram pessoas muito respeitáveis e todo tipo de excêntricos e malucos, mas todos eles desapareceram – nem mesmo um rastro permaneceu sobre a terra.
A sua única preocupação deve ser em cuidar e proteger aquelas qualidades que você pode levar consigo quando a morte destruir o seu corpo e a sua mente, porque essas qualidades serão as suas únicas companhias. Elas são os únicos valores verdadeiros e as pessoas que as alcança – somente elas - vivem; as outras fingem que vivem.
Só viver nem sempre é viver. Olhe para a sua vida. Você pode dizer que ela é uma benção? Você pode dizer que ela é um presente da existência? Você gostaria que essa vida lhe fosse dada repetidas vezes? Ela está tão vazia. Por causa de seu vazio, as suas preces são vazias. Você não consegue preencher suas preces com gratidão. Gratidão, por que? Você nada mais está fazendo senão representando papéis em uma novela, você não está sendo você mesmo.
Você é realmente você mesmo? Ou está apenas fingindo ser alguém que a multidão ao seu redor queria que você fosse?
Para mim, um buscador da verdade deveria começar por abandonar tudo o que é falso nele, porque o falso não pode buscar a verdade. O falso é a barreira entre você e a verdade. Se tudo o que é falso for abandonado, você não precisa buscar pela verdade – a verdade virá até você. Na verdade, quando eu digo, ‘A verdade virá até você’, isto são apenas palavras. Quando tudo o que é falso é abandonado, você é a verdade.
Nada vem e nada vai.
Não existe jornada.

OSHO - The Hidden Splendor - Cap. 15
http://libertesuamente13.blogspot.com.br/

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