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Imagem: Reprodução / Redes Sociais |
Eleito o
deputado federal mais votado do Brasil em 2010 com o slogan "pior que tá
não fica", Tiririca de certa forma cumpriu a promessa: esteve presente
em todas as votações em plenário, apresentou poucos projetos
irrelevantes – como concessão de honrarias – e gastou menos verbas
parlamentares do que a média dos 513 integrantes da Câmara. Os dados são
do projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil.
Tiririca
escandalizou mais como candidato – quando o Ministério Público Eleitoral
tentou cassá-lo sob acusação de que ele é analfabeto e o então
concorrente ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, quis evitar ter
seu nome usado na campanha do palhaço de circo –, do que como
parlamentar.
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A assiduidade,
porém, não significou eficiência: o parlamentar, candidato à reeleição
em 2014, não conseguiu transformar em lei nenhuma das propostas de sua
autoria, quase todas relacionadas ao setor que representa – a principal,
que regulamenta a profissão de artista de circo.
Além disso, o
parlamentar não participou de discussões relevantes do Congresso nem foi
escolhido relator de muitas propostas, diz Antônio Augusto de Queiroz,
analista político e diretor de documentação do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entidade que acompanha o
trabalho do Congresso desde 1983.
"Tiririca
praticamente não fez nada. O mérito dele foi não ser o escândalo que
imaginavam que seria", afirma. "Ele empresta muito sua imagem para fotos
[com quem visita a Casa], mas até agora não assumiu sua posição efetiva
de deputado que deve formar opinião e participar dos debates."
Número de voto não significa poder
A atuação de
Tiririca foi inócua, classifica Adriano Nervo Codato, professor de
ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e mostra que
número de votos – o artista teve 1,3 milhão – e assiduidade não
significam poder.
"Se você for
inexperiente e da base aliada [caso de Tiririca], não faz nada", afirma
Codato. "A presença em votação não é um índice para medir o trabalho do
parlamentar."
O professor
também critica a falta de interação de Tiririca com o público, dando
como contraexemplo o atacante Romário (PSB-RJ) – "também eleito a partir
da fama", que debate suas propostas por meio do Facebook.
Protesto contra celebridade também é enganoso
Mas o incômodo
com as candidaturas de celebridades – comum em diversos locais do mundo,
segundo Codato –, além de um certo preconceito, é talvez tão
infrutífero com o voto nelas.
"Votar e se
escandalizar são duas posições enganosas, como a atuação parlamentar do
Tiririca mostrou", afirma. "São muito poucos candidatos desse tipo
contra 513."
Queiroz, do
Diap, aponta uma vantagem de se ter um artista de circo no Congresso. "É
válida pela presença de uma minoria no Parlamento. Isso pode estimular
outras minorias a participar da vida pública", afirma o analista
político.
Vitor Sorano
iG
Editado por Folha Política