O secretário geral da Interpol, Ronald Noble, revelou à CNN que a instituição enviou uma equipe ao Brasil Imagem: Getty Images |
O secretário
geral da Interpol, Ronald Noble (foto), revelou à rede americana CNN que
a instituição enviou uma equipe para o Brasil para investigar uma
possível manipulação de partidas na Copa do Mundo.
"Estamos muito
preocupados com a possibilidade de combinação de resultados na Copa do
Mundo. Por esse motivo, estamos enviando equipes para o Brasil e vários
países do mundo, particularmente na Ásia, onde vamos investigar as
apostas ilegais. O potencial de lucro é enorme", confirmou Noble em
entrevista ao apresentador Richard Quest no programa Quest Mean
Business, na tarde desta sexta-feira (13).
Segundo Noble,
as apostas não seriam apenas sobre os resultados dos jogos, mas também
sobre outros lances que acontecem em campo, o que aumenta a
possibilidade de suborno a atletas, juízes e participantes. "Um pênalti,
por exemplo, e outras coisas que podem acontecer no jogo e que o crime
organizado está apostando. É assim que enxergamos."
Questionado
sobre uma eventual participação de árbitros, jogadores e outros
envolvidos na organização da Copa do Mundo, ele disse que a
possibilidade existe, mas não deu mais detalhes. "Você pensa: 'é um
evento grande, esse tipo de coisa não pode acontecer'. E aí você tem um
problema. Isso tem que ser vigiado."
Segundo ele, a
Interpol espera colaboração da Fifa na investigação, mas não sabe se
isso vai ocorrer. "Espero que a Fifa apoie as investigações e dê todos
os recursos possíveis para trabalharmos. Mas talvez isso não aconteça.
De qualquer maneira, confio na integridade e na credibilidade de quem
está investigando, e o relatório é o que será levado em conta",
concluiu.
Fifa e Interpol
já colaboraram para investigar esse tipo de crime. Em janeiro de 2012, a
entidade que organiza o futebol mundial anunciou que contaria com
agentes internacionais para apurar as denúncias, além de elaborar um
programa de proteção para quem denunciasse esquemas de manipulação de
jogos.
PF nega
O delegado da
Policia Federal Luiz Eduardo Navajas, coordenador da Interpol
(organização internacional que coopera com policias de diversos países)
no Brasil, negou categoricamente no início da noite desta sexta-feira
(13) em Brasília que a instituição esteja realizando ou irá realizar uma
operação no Brasil contra a possível manipulação de resultados de jogos
durante a Copa. De acordo com Navajas, não há nenhuma suspeita ou
investigação em curso neste sentido feita pela Interpol sobre a Copa do
Mundo em território nacional.
Mais cedo, a
rede de televisão norte-americana CNN havia divulgado uma entrevista com
o secretário- geral da Interpol, Ronald Noble, onde ele dizia que a
operação iria ocorrer. "Não existe isso", desmente o delegado
brasileiro. Com um impresso do site da CNN em mãos, o delegado disse que
o aconteceu é um mal entendido.
"O que
aconteceu, antes da Copa, é que uma equipe da Interpol esteve no Brasil
para dar um treinamento aos policiais federais brasileiros e aos
policiais estrangeiros presentes no CCPI [Centro de Comando Integrado de
Polícia Internacional] da Copa para coibir e identificar eventuais
casos desses durante a Copa, mas não há nada de concreto".
Segundo
Navajas, os delegados da PF que acompanham as 32 seleções da Copa estão
de olho para reprimir o problema. "De acordo com o treinamento que foi
passado, os aliciadores procuram abordar jogadores, juízes e membros de
delegações em geral nos hotéis, aeroportos e nos estádios. Os delegados
que acompanham as seleções estão atentos e vão agir em qualquer indício
de suspeita", diz o coordenador da Interpol no Brasil.
Em nota enviada
por seu departamento de imprensa ao UOL Esporte, a Fifa diz que "esta
atividade da Interpol [treinamento para prevenir a combinação de
resultados] faz parte da Iniciativa de Integridade e do programa de
prevenção da Fifa". "Não há relação com uma investigação ou com o receio
de que a Copa do Mundo da FIFA esteja sob ameaça de manipulação",
completa a entidade.
Folha Política, com informações do UOL