Imagem: Reprodução / Jornal do Brasil |
A Taça da Copa
do Mundo chegou nesta terça-feira (22) ao estádio do Maracanã, no Rio de
Janeiro, em evento que acontecerá até sexta-feira (25). Infelizmente,
tirar foto com a Taça pode ser o mais perto que muitos torcedores
chegarão do torneio.
"Os preços
estão caros. Só pelo preço você já vê que o brasileiro está sendo
excluído. Não é um preço para o trabalhador de baixa renda. É pra elite.
Não é para o povo", critica Delizete Pereira, funcionária pública
federal. Os preços variam de R$ 1.980 a R$ 60, dependendo do local do
assento, da fase da competição e dos benefícios que o torcedor pode ter
(idoso ou estudante).
Carlos
Montello, que trabalha com eventos, não conseguiu comprar nenhum
ingresso. "Acabou muito rápido e eu achei muito caro. Falaram que a Copa
seria para o povo, mas na prática não foi isso. Já sabia que isso iria
acontecer, ainda mais no Brasil. Era claro que a maioria dos ingressos
seria para privilegiados, pessoas do poder", aponta. A professora Ana
Regina e seu filho de 13 anos também ficarão de fora da Copa. "Eu queria
ir, mas está caro. Meu filho não vai poder ir, mesmo sendo no país
dele. A gente fica frustrado porque parece que a Copa é só para
turista", explica.
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O casal Ronaldo
e Elisângela Castro também reclamou do "valor absurdo" dos ingressos e
do suposto direcionamento para os estrangeiros. "Conseguir ingresso é
muito concorrido e os preços estão absurdos para brasileiros. A Copa é
dos estrangeiros, não é nossa. Nos afastaram dos estádios. Estamos sendo
preteridos no nosso próprio país", lamentam. A rejeição do brasileiro
em relação aos gastos com o evento fez com que alguns decidissem até
mesmo boicotar a Copa. É o caso do visitante Sancler Ramos. "Acho esse
evento uma grande palhaçada politicamente, só vim hoje para prestigiar
um amigo. Nem quis comprar ingresso para a Copa, por mim botava fogo em
tudo", esbraveja.
Em julho do ano
passado o blogueiro do UOL Rodrigo Mattos já havia chamado atenção para
o fato de que somente um terço dos ingressos seria destinado ao
torcedor comum brasileiro. Segundo ele, "mais da metade do total de 3,3
milhões de bilhetes irá para a federação internacional, associações
nacionais de futebol, CBF, parceiros comerciais, Vips, Comitê
Organizador, governo federal, entre outros". Mattos também informou que
uma fatia será destinada exclusivamente a estrangeiros. De um pouco mais
de um milhão de ingressos colocados à venda na internet, 400 mil são da
categoria 4, a mais barata. Dentro desse montante, estudantes, idosos e
beneficiários do Bolsa Família têm prioridade. Assim, o blogueiro
afirmou que "a maioria da população terá bem menos chances de conseguir
bilhetes".
O radiologista
Robson Santos, deficiente, foi um dos beneficiados e acabou conseguindo
comprar ingresso, mas critica a forma que o evento tomou no Brasil.
"Para mim foi tranquilo porque comprei para deficiente, mas mesmo assim
não foi acessível, foi caro. Talvez eu tenha conseguido com facilidade
somente porque eu sou deficiente", supõe. "A população brasileira
carente, com dificuldades, foi excluída. A reforma do Maracanã pelo
preço que foi e cobrando esse valor de ingresso é um absurdo. Nunca vi
tão caro na minha vida. É um total processo de exclusão", analisa.
Robson defende a
realização da Copa, mas não da maneira que foi feita. "O evento deveria
existir, mas não pelo preço que está sendo, não só do ingresso, mas das
obras, da construção de estádio. A obra do Maracanã foi uma maquiagem. O
evento deveria vir, mas não para encher o bolso de tanta gente. A Copa
só veio para enriquecer algumas classes cada vez mais e depois o povo
pagar a conta", conclui o radiologista.
Ana Luiza Albuquerque
Jornal do Brasil
Editado por Folha Política