Pesquisa
alerta para “epidemia silenciosa” de problemas neurológicos causados
por substâncias do cotidiano que “corroem a inteligência e perturbam o
comportamento” dos pequenos
Autismo, déficit de atenção, dislexia, paralisia cerebral…A
lista de problemas neurológicos que afetam milhares de crianças em todo
o mundo é tão extensa quanto as ameaças ocultas do cotidiano que podem
deflagrar essas disfunções.
Estudo publicado nesta semana na revista científica The Lancet Neurology alerta
para “epidemia silenciosa” de perturbações neurológicas infantis
causadas por substâncias invisíveis presentes em roupas, móveis e
brinquedos.
Segundo
a pesquisa, feita pela Escola de Saúde Pública de Harvard e a Escola de
Medicina Monte Sinai, em Nova York, a lista de químicos que,
reconhecidamente, afetam o cérebro dos pequenos duplicou nos últimos
sete anos, saltando de seis para doze.
São
produtos químicos tóxicos que “silenciosamente corroem a inteligência,
perturbam o comportamento, e minam as conquistas futuras das crianças,
principalmente nos países mais pobres, que têm pouca regulamentação a
respeito dessas substâncias”, avaliam os autores do texto, Philippe
Grandjean e Philip J Landrigan.
Eles
consideram que mesmo as atuais regulamentações dos químicos são
inadequadas para proteger as crianças, cujos cérebros em desenvolvimento
são particularmente vulneráveis aos produtos tóxicos presentes no
ambiente.
Chumbo
As
principais formas de contaminação pelo chumbo se dão pela ingestão de
alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da
substância.
A
exposição ao chumbo na infância está associada ao desempenho escolar
reduzido e com comportamento deliquente no futuro. Segundo o estudo, não
existem níveis seguros de exposição a essa substância.
Tolueno ou metil benzeno
Esta
substância caracteriza o que ficou popularmente conhecido no Brasil
como cola de sapateiro, apesar de estar presente em outros tipos de
colas, como as utilizadas na marcenaria.
Ela
também é usada como solvente, em pinturas, revestimentos, borrachas e
resinas. A exposição materna ao tolueno tem sido associada a problemas
de desenvolvimento cerebral e déficit de atenção na criança.
Metilmercúrio
A
exposição ao metilmercúrio, que afeta o desenvolvimento neurológico do
feto, muitas vezes vem de ingestão materna de peixe que contém altos
níveis de mercúrio. Segundo o estudo, a vulnerabilidade do cérebro em
desenvolvimento à toxicidade do metilmercúrio é muito maior que a do
cérebro adulto. Os efeitos perduram por anos.
Problemas
apresentados por crianças aos sete anos de idade ainda eram detectáveis
com a idade de 14 anos. Outros exames em pessoas expostas no pré-natal a
quantidades excessivas de metilmercúrio mostraram ativação anormal de
regiões do cérebro em resposta a tarefas de estimulação sensorial e
motora.
Bifenilos policlorados – PCBs
Esta
família de produtos químicos tem sido rotineiramente associada à função
cognitiva reduzida na infância. Muitas vezes, estão presentes em
alimentos, principalmente peixes, carnes e lácteos contaminados, e podem
ser repassadas ao bebê pelo leite materno. Essas substâncias também são
encontradas em aparelhos elétricos velhos, onde agem como isolantes
térmicos.
Éteres de difenila polibromados (PBDEs)
O
grupo de compostos conhecidos como polibromados éteres difenil (PBDE)
são amplamente utilizados como retardadores de chama, para proteger
móveis, tapetes e roupas.
Experimentos sugerem que os PBDEs também podem ser neurotóxicos. Estudos epidemiológicos na Europa e nos EUA têm
mostrado déficits de desenvolvimento neurológico em crianças com aumento da exposição pré-natal a estes compostos.
mostrado déficits de desenvolvimento neurológico em crianças com aumento da exposição pré-natal a estes compostos.
Tetracloroetileno ou percloroetileno
Em
Massachusetts, nos Estados Unidos, uma pesquisa com crianças que foram
expostas no pré-natal ao percloroetileno em água potável mostrou
tendência para deficiências na função neurológica e risco aumentado de
diagnósticos psiquiátricos.
O
tetracloroetileno é um líquido incolor e volátil à temperatura
ambiente. É usado como desengraxante de peças metálicas, em lavagens a
seco, na indústria têxtil, e produtos de limpeza e de borracha laminada.
Bisfenol A ou BPA
O BPA é
um composto usado na fabricação de policarbonato, que é utilizado na
produção da maioria dos plásticos rígidos e transparentes, e também na
produção da resina epóxi, que faz parte do revestimento interno de latas
que acondicionam bebidas e alimentos.
Em
2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu
proibir, no Brasil, a venda de mamadeiras de plástico que tenham a
substância. O BPA pode enganar o corpo e fazê-lo pensar que é hormônio
real. Na literatura média, tem sido associado à diversos tipos de câncer
e problemas reprodutivos, além de obesidade, puberdade precoce e
doenças cardíacas.
Clorpirifós e DDT (pesticidas)
Estes
inseticidas estão ligados a anormalidades no desenvolvimento
neurológico em crianças. Eles são proibidos em muitas partes do mundo,
mas ainda utilizados em muitos países de baixa renda. Estudos recentes
também o relacionam à doença de Alzheimer. No Brasil, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em 2004, a industrialização,
produção, distribuição, comercialização e entrega de inseticidas de uso
doméstico e em ambientes coletivos à base do princípio ativo
clorpirifós. O DDT foi banido nos EUA na década de 70, mas ainda é usado
em alguns países. No Brasil, o uso do DDT foi proibido em 2009.
Fluoreto
Eles
está presente em cremes dentais e anti-sépticos bucais para prevenir
cáries, mas também é adicionado em inseticidas e venenos para ratos. Um
dos usos que ganhou fama nos anos 1960 foi o de adicionar a substância
em água, sob a crença de que a prática fortaleceria a saúde bucal. Mais
de 27 estudos com crianças expostas a níveis elevados de flúor na água potável, principalmente da China, sugerem um decréscimo médio de QI de cerca de sete pontos.
Ftalatos
Todo
os dias, milhões de células no nosso corpo morrem, e isso é
perfeitamente saudável. Estudos têm mostrado, no entanto, que químicos
chamados ftalatos também podem desencadear a “sinalização da morte” em
células testiculares, fazendo-as morrer mais cedo do que deveriam.
Comumente
usados para dar mais flexibilidade aos plásticos, os ftalatos podem ser
encontrados por todos os lados – na cortina do box do chuveiro, em
cabos elétricos, na cobertura do chassi do carro e nos plásticos das
portas. Outros estudos ligam os ftalatos a alterações hormonais,
defeitos congênitos no sistema reprodutor masculino, obesidade, diabetes
e irregularidades da tireoide.
Arsênico
O
arsênico é largamente empregado em processos de fundição de metais e na
conservação de madeira. Em seu estado elementar, é um material cinza
sólido, frequentemente encontrado no meio ambiente combinado com outros
elementos. Seus compostos geralmente formam um pó branco ou incolor que
não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do tóxico em
alimentos, na água ou na atmosfera.
Exposições
pré-natal e pós-natal ao arsênico em água potável contaminada estão
associados com déficits cognitivos em crianças com idade escolar e risco
elevado de doença neurológica durante a vida adulta.
Manganês
Um
estudo feito em Quebéc, no Canadá, expôs uma relação forte entre a
concentração de manganês nos cabelos das crianças e hiperatividade.
Pequenos em idade escolar que viviam próximo a áreas de mineração e
processamento do minério demonstraram diminuição da função intelectual,
deficiência em habilidades motoras e redução da função olfativa.
Presente
na água potável em Bangladesh, por exemplo, este produto químico, usado
para fabricação de aço, tem sido associado à baixo desempenho em
matemática, função intelectual diminuída e déficit de atenção.
http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/12-substancias-invisiveis-que-afetam-o-cerebro-das-criancas#1
http://illuminatielitemaldita.blogspot.com.br/2014/04/12-substancias-ocultas-que-envenenam-o.html