A crença em milagres tem levado alguns evangélicos à ideia de que, se
praticarem com afinco, ressuscitarão mortos. E tal conceito não é
exclusividade de um grupo isolado.
Para colocar sua tese em prática, os entusiastas precisam de
cadáveres: “A prática leva à perfeição”, afirmou Donna Leppitt, membro
da Global Awakening, uma organização liderada por seu marido e que reúne
fiéis interessados em “aperfeiçoar” a capacidade de ressuscitar mortos
através da oração.
A rede britânica BBC produziu uma reportagem sobre a fé em milagres, e
descobriu que existem outros grupos semelhantes que acreditam que podem
chegar onde a medicina não consegue: trazer a vida de volta aos mortos.
Um grupo chamado Dead Raising, liderado por Tyler Johnson, alegou ter
trazido muitos mortos de volta à vida e produziu um documentário
chamado “Deadraisers” (ressuscitados, em tradução livre). Johnson
também é empresário do ramo de café, o que inspirou piadas por parte de
jornalistas, como “levante-se e sinta o cheiro do café”.
“Estas alegações são, por quaisquer padrões, implausíveis. Mas no
mundo de cura pentecostal, ninguém se preocupa com isso. Na verdade,
quanto mais impossível o milagre (e eles usam o termo sem
constrangimento) é melhor, porque é mais eficaz para espalhar sua
mensagem”, diz o texto da reportagem da BBC, com acentuado ceticismo e
tom crítico.
“Neste país, nós muitas vezes não temos acesso aos cadáveres”, diz
Donna Leppitt, que é esposa do pastor Alun Leppitt, explicando o motivo
de a tese ainda não ter sido comprovada.
A crítica exercida pela BBC se ancora no fato de que o pastor Alun
tem sérios problemas de saúde, e sofre com colite ulcerosa desde os 20
anos. Nesse tempo, teve complicações, passou por cirurgia de grande
porte, e agora está em uma lista de espera para uma ileostomia. “Ele
precisa de um milagre. Mas até agora, e apesar da oração, nenhum
chegou”, zomba a matéria.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+