A MATEMÁTICA DO CÍRCULO
Stonehenge
é um alinhamento megalítico da Idade do Bronze, localizado na planície
de Salisbury próximo a Amesbury, no condado de Wiltshire no Sul da
Inglaterra. Constituí-se no mais visitado e conhecido círculo de pedras
britânico, e até hoje é incerta a origem da sua construção, bem como da
sua função. Durante séculos especulou-se sobre as finalidades dessa
estrutura, associando-a a personagens tão variados como Merlin, o mago
do rei Arthur, os druidas e Apolo, o deus do sol.
ORIGEM
Denominado
pelos Saxões de "hanging stones" (pedras suspensas) e referido em
escritos medievais como "dança dos gigantes", existem diversas lendas e
mitos acerca da sua construção, creditada a diversos povos da
Antiguidade. Uma das opiniões mais populares foi a de John Aubrey.
No
século XVIII, antes do desenvolvimento dos métodos de datação
arqueológica e da pesquisa histórica, foi quem primeiro associou este
monumento, e outras estruturas megalíticas na Europa, aos antigos
Druidas. Esta idéia, e uma série de falsas noções relacionadas,
difundiram-se na cultura popular do século XVII, mantendo-se até aos
dias atuais. Na realidade, os Druidas só apareceram na Grã-Bretanha após
300 a.C., mais de 1500 anos após os últimos círculos de pedra terem
sido erguidos.
Algumas
evidências, entretanto, sugerem que os Druidas encontraram os círculos
de pedra e os utilizaram com fins religiosos. Outros autores sugeriram
que os monumentos megalíticos foram erguidos pelos Romanos, embora esta
idéia seja ainda mais improvável, uma vez que os Romanos só ocuparam as
Ilhas Britânicas após 43, quase dois mil anos após a construção do
monumento. Somente com o desenvolvimento do método de datação a partir
do Carbono-14 estabeleceram-se datas aproximadas para os círculos de
pedra.
Durante
décadas não foram formuladas explicações plausíveis para a função dos
círculos, além das suposições de que se destinavam a rituais e
sacrifícios.
O mais famoso
monumento da pré-história pode ter sido um centro de cura, para onde
iam peregrinos há mais de 4500 anos. A afirmação é de um grupo de
arqueólogos que trabalha nas primeiras escavações em mais de 40 anos no
monumento. O grupo acredita ter encontrado indícios que podem,
finalmente, explicar os mistérios da construção de blocos de pedra.
A
equipe descobriu um encaixe que, no passado, abrigou as chamadas pedras
azuis, rochas vulcânicas de tom azulado, a maioria já desaparecida, que
formava a primeira estrutura construída no monumento. Eles acreditam que
as pedras azuis podem confirmar a tese de que Stonehenge era um local
aonde as pessoas iam em busca de cura. No entanto, outro arqueólogo
acredita ter encontrado finalmente o verdadeiro significado de
Stonehenge, cercado de mistério durante mais de 4500 anos.
Analisamos
a revolucionária teoria do arqueólogo britânico Mike Parker Pearson,
que considera este antigo monumento o centro de um dos maiores complexos
religiosos pré-históricos do mundo. A sua equipe encontrou provas
surpreendentes que embasam uma nova interpretação de Stonehenge e das
pessoas que o construíram.
A poucos quilômetros de Stonehenge, as revelações começam quando a
equipe descobriu a primeira evidência de que existiu ali um assentamento
há 4500 anos. Com pelo menos 300 casas, é o maior assentamento da Idade da Pedra no norte da Europa. No centro estão as ruínas de um misterioso segundo círculo.
As
escavações e os testes de carbono revelaram que esse monumento perdido
era, na verdade, uma réplica aproximada de Stonehenge, mas feito de
madeira, e que os dois círculos foram erguidos ao mesmo tempo. Enquanto
investigam como os dois podem estar relacionados, os arqueólogos já
fizeram outra descoberta surpreendente: havia uma avenida imponente com
30 metros de largura feita de sílex prensado, saindo do segundo círculo
de madeira de Durrington Walls. é a única via desse tipo encontrada na
Inglaterra, e segue diretamente para o rio Avon, localizado nas
proximidades.
Houveram
outras descobertas mais impressionantes. Fossas cheias de ossos de
animais dão pistas sobre a vida do antigo povo que construiu Stonehenge.
Escavações para pilares encontradas numa colina acima do rio podem
fornecer novas idéias sobre a forma como eles tratavam os mortos e o
papel que o grande círculo de pedra tinha nos rituais. Parker Pearson
acredita que Stonehenge foi construído para os ancestrais, que era um
monumento de pedra para abrigar os espíritos dos mortos.
As
novas escavações revelam que ele era ligado por grandes avenidas,
destinadas a procissões, a outro grande círculo, construído em madeira
que representaria o mundo dos vivos. Nos dias mais longos e mais curtos
do ano, ambos os monumentos se alinham de modo incrível no nascer e no
pôr do sol.
ARQUEOASTRONOMIA
Nas
décadas de 1950 e de 1960, o professor Alexander Thom, coordenador da
Universidade de Oxford e o astrônomo Gerald Hawkins abriram caminho para
um novo campo de pesquisas, a Arqueoastronomia, dedicado ao estudo do
conhecimento astronômico de civilizações antigas.
Ambos
conduziram exames acurados nestes e em outros círculos de pedra e em
numerosos outros tipos de estruturas megalíticas, associando-os a
alinhamentos astronômicos significativos às épocas em que foram
erguidos. Estas evidências sugeriram que eles foram usados como
observatórios astronômicos.
Além
disso, os arqueoastrônomos revelaram as habilidades matemáticas
extraordinárias e a sofisticação da engenharia que os primitivos
europeus desenvolveram, antes mesmo das culturas egípcia e mesopotâmica.
Dois
mil anos antes da formulação do teorema de Pitágoras constatou-se que
os construtores de Stonehenge incorporavam conhecimentos matemáticos
como o conceito e o valor do (Pi) em seus círculos de pedra. A
explicação científica para a construção está no ponto em que o monumento
tenha sido concebido para que um observador em seu interior possa
determinar, com exatidão, a ocorrência de datas significativas como
solstícios e equinócios, eventos celestes que anunciam as mudanças de estação.
Para
isto basta se posicionar adequadamente entre os mais de 70 blocos de
arenito que o compunham e observar-se na direção certa. Esta descoberta
se deu em 1960, demonstrando, através da arqueologia, que os povos
neolíticos, 3000 anos antes de Cristo, já tinham este conhecimento.
A
importância estaria vinculada diretamente à agricultura dos povos da
época. Segundo o historiador Johnni Langer, a vida dos povos agrícolas
está ligada ao ciclo das estações, e o homem pré-histórico precisava
demarcar o tempo para saber quais eram as melhores épocas para colheita e semeadura, e a observação do céu nasceu daí.
Pesquisa - Fronteiras da Dimensão