Nos últimos anos a Rede Globo tem trabalhado em uma aproximação com o público evangélico através de uma série ações como a contratação de artistas gospel com a gravadora Som Livre, a promoção do Troféu Promessas, a exibição do Festival Promessas na TV, a produção da Feira Internacional Cristã (FIC) e a promessa de uma mocinha evangélica em suas novelas. A estratégia é claramente para agregar o crescente público evangélico do Brasil à sua audiência comercial e televisiva.
Porém, a aproximação desse público tem apresentado uma série de resultados negativos, e a emissora vêm colecionando fracassos relacionados ao meio Gospel, como a desativação da GEO Eventos, empresa das Organizações Globo responsável pela FIC, o cancelamento da cerimônia de premiação do Troféu Promessas e problemas com o setor gospel da Som Livre.
Promessas e fracassos
A Feira Internacional Cristã (FIC) não foi um grande sucesso comercial e nem de público, ela sequer foi divulgada pela Globo durante sua realização. Após contratar grande parte da equipe da Expocristã para promover a FIC, a GEO Eventos acabou anunciando o encerramento de suas atividades com cerca de R$ 60 milhões em prejuízos. Diante do possível fim do evento gospel global, o ex-CEO da própria GEO Eventos, Leo Ganem, comprou os direitos da concorrente Expocristã e deve realizar a feira em 2014 ao lado do seu sócio Emilio Magnago, ex-diretor comercial de uma outra empresa da Globo, a Som Livre.Recentemente foi cancelada em cima da hora a cerimônia de premiação do Troféu Promessas, grande evento promovido pela emissora para premiar artistas da música gospel. Marcada para acontecer nessa quarta-feira (13), a cerimônia não irá acontecer e os vencedores receberão os prêmios pelos Correios. Os ganhadores, divulgados em uma lista na página do prêmio, são em grande maioria de outras gravadoras, o único artista da Som Livre que venceu alguma categoria do prêmio da Globo foi o Diante do Trono, que está deixando a casa.
De acordo com o jornalista Lauro Jardim, colunista a Veja, o Diante do Trono, considerado o principal nome gospel do casting da Som Livre, está em “pé de guerra” com a gravadora e tenta negociar um fim amigável para o contrato, que vigora até 2014. Segundo o jornalista, “o Diante do Trono quer lançar o CD e DVD Tu Reinas, gravado no sertão do Nordeste, em outra casa, mas a Som Livre não deixa”, o que prejudicaria as vendas do grupo no Natal. Essa “outra casa” seria a Universal Music, que junto aos já citados Ganem e Magnago, está lançando seu braço gospel no mercado fonográfico.
Sucesso… com o outro público
Outra promessa da Rede Globo para o público evangélico foi relacionada aos personagens de suas novelas. Após reuniões com diversos líderes evangélicos, como Silas Malafaia e Estevam Hernandes, autores das tramas da emissora falaram sobre a introdução de um personagem evangélico sem caricaturas em seus folhetins, e por diversas vezes foi anunciado que a personagem Valdirene, de “Amor à Vida”, seria a mocinha evangélica anunciada pela emissora (ela se tornaria uma cantora gospel). Porém, Valdirene fez sucesso com o público não-evangélico devido a suas piadas e assim a Globo e o autor Walcyr Carrasco tiveram que mudar de ideia sobre a conversão imediata da personagem transformando-a apenas em um alívio cômico para a trama. A Globo está tentando remediar, assim a primeira “mocinha” de novela convertida foi Gina, personagem vivida pela atriz Carolina Kasting.O autor tenta também inserir um grande núcleo de personagens evangélicos no folhetim. Recentemente reinseriu o personagem Efigênio que havia aparecido somente no começo como um dono de bar. O agora o pastor Efigênio será líder de uma igreja evangélica inaugurada no bairro de Valdirene e ali se concentrará grande parte do núcleo evangélico que a Globo ainda está tentando montar para “Amor à Vida”.
Essa série de contratempos entre a emissora e o meio gospel tem sido vista por muitos como um caminho para o fim de uma aproximação mais forte entre a Globo e os evangélicos, relação que antes foi comemorada por uns e criticada por outros. Os motivos para tantos fracassos vindos de um grupo empresarial de tanto sucesso podem ser vários, como problemas operacionais, falta de afinidade com o meio ou até ação divina.
Independente disso o articulista Paulo Teixeira, em sua colunista do Gospel+, avalia como está sendo a relação entre o meio evangélico e a Globo:
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