Quem nunca escutou a bendita frase: “O sistema é assim!”
Independente da sua origem, seja na computação, na saúde, no direito, na
economia, nas relações humanas, sempre teremos um sistema que nos
guiará. Nunca consegui definir “o sistema”, mas divagar...
Na política, ele é tão forte que corrompe ou esmaga o mais correto
dos indivíduos. Alimenta-se da desigualdade entre as pessoas, seja
financeira ou intelectual. Conseguir uma mudança do sistema político de
uma nação é algo grandioso, trabalhoso, desgastante e que demanda várias
gerações. A educação é a única arma conhecida que pode mudar o sistema;
porém, o que o mantém vivo, e cada vez mais forte, é a ignorância.
Óbvio e ululante que o sistema não vai priorizar a educação, seria um
suicídio.
Na saúde, o sistema engole a boa prática, sustentado pela
“elasticidade moral”: condutas inadequadas, tomadas com a consciência
tranquila. Atendimentos de péssima qualidade, justificados pelo
sistema. “Não adianta ir contra, pois vai morrer de fome.”
No serviço público, o sistema é irredutível. Saiu do sistema, não
existe. E o pior, não é possível inventar. Lento, burocrático, pouco
resolutivo, confuso… sempre foi assim. Quem controla o sistema? Ninguém
sabe. Quem inventou o sistema? Ninguém sabe. Quem pode mudar o sistema?
Ninguém sabe. Por que precisamos seguir este sistema? Porque sempre foi
assim…
Na economia, o sistema capitalista reina absoluto, utilizando a
desigualdade como mola propulsora e o consumismo como principal
combustível. O importante não é ser, é ter. Na minha opinião, um sistema
doente e insustentável, que será substituído em breve, por vontade ou
por obrigação.
O sistema sempre será uma excelente desculpa para aqueles que não
sabem ou que não querem resolver um problema. Justifica condutas
inadequadas, sem contra argumentação. “Eu sei que é errado, mas faço
porque o sistema é assim”. Argumento infalível dos acomodados. Tormento
dos questionadores da ordem.
Como consertar um sistema? “Resetando” ou dando um “boot”, ele pode
voltar menos corrompido e até se consertar. Infelizmente, não temos uma
tecla de reiniciar nos sistemas em que estamos incluídos. Novamente,
reafirmo que a boa educação vem de casa, com bons exemplos. Quem sabe em
umas cinco ou seis gerações, o sistema possa ser, pelo menos, desviado
para um caminho menos desigual e mais saudável para todos. O sistema é reflexo das nossas condutas.
Segundo Capitão Nascimento, no filme Tropa de Elite, só existem três
maneiras de lidar com o sistema: “ou você se omite, ou você se corrompe,
ou você vai para a guerra!” E aí? Vamos para a guerra?
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