Uma proeminente figura da oposição da Síria disse nesta quarta-feira (21) que 1.300 pessoas, muitas delas civis, mulheres e crianças, morreram em um ataque das forças do governo Assad, com suposto uso de armas químicas, em um subúrbio de Damasco, capital do país em guerra civil há dois anos.
Em
entrevista em Istambul, George Sabra, líder da Coalizão Nacional de
oposição, afirmou que essa chacina representa um golpe de misericórdia
nas esperanças de achar uma solução política para o conflito na Síria.
"O
regime tripudia da ONU e das grandes potências quando ataca perto de
Damasco com armas químicas, no momento em que a comissão de investigação
internacional se encontra a poucos passos de distância", acrescentou.
Se confirmado, o ataque seria o pior relato de uso de armas químicas nos dois anos de guerra civil.
Imagens, entre elas algumas tiradas por fotógrafos da agência de notícias Reuters e outras postadas por ativistas,
mostram dezenas de corpos, incluindo de crianças pequenas, alinhados no
chão de uma clínica médica, sem sinais visíveis de ferimentos. A
Reuters não conseguiu verificar independentemente a causa das mortes.
Um
vídeo supostamente feito no bairro Kafr Batna mostra uma sala cheia com
mais de 90 corpos, muitos deles crianças e algumas mulheres e homens
idosos. Os corpos pareciam cinzentos ou pálidos, mas sem ferimentos
visíveis.
Outras
imagens mostram médicos tratando pessoas em clínicas improvisadas. Um
vídeo mostra os corpos de uma dúzia de pessoas no chão de uma clínica,
sem ferimentos visíveis. O narrador no vídeo disse que eram todos
membros de uma única família. Em um corredor do lado de fora estavam
mais cinco corpos.
O comando militar sírio negou as informações de uso de armas químicas do misterioso arsenal sírio, dizendo que eram sinais de "histeria". A negativa veio por meio de um anuncio na TV estatal. O ministro da Informação, Omran Zoabi, disse que as alegaçoes eram "ilógicas e fabricadas".
A televisão estatal também disse que as acusações tinham a intenção de
distrair uma equipe de especialistas em armas químicas da Organização
das Nações Unidas que chegou há três dias.
O presidente da França, François Hollande, pediu que os inspetores das Nações Unidas visitem o local do suposto ataque. "Sentimos muito quanto à informação vinda da Síria; o presidente pede que a ONU vá ao local", disse uma porta-voz do governo em um relatório semanal.
A
Rússia, aliada do governo do contestado presidente Bashar al-Assad,
disse que a denúncia pode ser uma "provocação" e exigiu uma
investigação.
Ativistas
disseram que foguetes com agentes químicos atingiram os subúrbios de
Damasco de Ain Tarma, Zamalka e Jobar durante intenso bombardeio na
madrugada pelas forças do governo.