Um prestador de serviços da Agência de Segurança
Nacional (NSA) dos Estados Unidos responsável por revelar um programa
secreto de vigilância governamental sumiu de vista nesta segunda-feira
em Hong Kong, antecipando-se a um provável pedido de extradição.
Edward Snowden, 29 anos, que revelou as atividades de
monitoramento da NSA sobre milhões de usuários de telefones e internet,
incluindo dos sites Google e Facebook, nos Estados Unidos, deixou seu
hotel em Hong Kong horas depois de aparecer em um vídeo divulgado no
domingo.
Em Washington, vários parlamentares defenderam que o
ex-funcionário da Agência Central de Inteligência (CIA) seja extraditado
e processado como responsável por um dos mais significativos vazamentos
de segurança na história americana. O Departamento de Justiça disse
estar na etapa inicial de uma investigação criminal sobre o caso.
Os programas de vigilância foram inicialmente revelados
pelos jornais The Washington Post e The Guardian, e posteriormente
Snowden pediu para ser identificado como responsável pelas informações.
Ele disse que as divulgou por acreditar que os EUA construíram uma vasta
máquina secreta de espionagem para bisbilhotar os próprios
norte-americanos.
Ex-assistente técnico da CIA, Snowden trabalhou na NSA
como funcionário de uma empresa prestadora de serviços, a Booz Allen
Hamilton. Ele disse que se desencantou com o presidente do país, Barack
Obama, já que seu governo deu continuidade às políticas de vigilância
excessivamente intrusivas de seu antecessor George W. Bush.
"Não quero viver em uma sociedade que faz esse tipo de
coisa ..., não quero viver em um mundo onde tudo o que faço e digo fica
gravado. Isso não é algo que eu esteja disposto a suportar ou viver sob
isso", disse Snowden ao The Guardian, que publicou em seu site uma
entrevista em vídeo com ele, datada de 6 de junho.
Snowden, que segundo o Guardian passou quatro anos como
prestador de serviços no NSA, copiou documentos secretos no escritório
da agência no Havaí, há três semanas, e então disse ao seu supervisor
que precisava de algumas semanas de folga para se tratar de uma
epilepsia. Em 20 de maio, ele viajou para Hong Kong.
Funcionários de um hotel de luxo onde ele se hospedou
disseram à Reuters que Snowden saiu de lá por volta de 12h de
segunda-feira (hora local). Ewen MacAskill, jornalista do The Guardian,
disse que Snowden continua em Hong Kong.
"Ele não tinha um plano. Ele pensou detalhadamente em
vazar os documentos, e aí decidiu que, em vez de ficar anônimo, iria a
público. Então ele pensou nisso detalhadamente, mas seus planos para
depois sempre foram vagos", disse MacAskill.
O jornalista acrescentou que o denunciante provavelmente
tentará pedir asilo em algum país, "mas não tenho certeza de se isso
será possível ou não". "Imagino que haverá uma verdadeira batalha entre
Washington, Pequim e grupos dos direitos civis a respeito do seu
futuro", afirmou.
Os Estados Unidos e Hong Kong têm um tratado de extradição em vigor desde 1998.
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