Falar sobre o perigo da auto
medicação e todas as suas possíveis consequências seria o típico “chover no
molhado” na minha concepção. Minha intenção é sempre fazer com que através do
meu acesso e minha capacidade de interpretação de estudos científicos, consiga
realmente provar a vocês tudo o que escrevo e com isso ser um mensageiro ativo
na saúde, focando principalmente na prevenção dentro da medicina
antienvelhecimento.
Hoje resolvi alertá-los,
leigos e médicos, sobre um problema que parece “bobo”, entretanto é muito
sério. No final de 2011, um congresso importante de Oncologia teve como um dos
assuntos mais discutidos o uso indiscriminado da medicação Omeprazol. Um trabalho apresentado pelo departamento de
Patologia da Universidade de Ciência Médica de Shiga no Japão demostrou uma
relação direta entre aumento de Câncer de Estômago e uso de Omeprazol
cronicamente. O estudo fora publicado no
jornal Gut, especializado em gastroenterologia de Londres.
Além deste estudo, ainda no
ano passado o Departamento de Medicina e Divisão de Gastroenterologia e
Hepatologia da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados
Unidos, divulgou um estudo associando o consumo exagerado dos fármacos
inibidores da bomba de prótons (classe da medicação Omeprazol) a deficiências
de Ferro e Magnésio, minerais fundamentais ao metabolismo humano, aumento da
suceptibilidade à pneumonia, infecções entéricas (intestinais), fraturas, entre
outros problemas. Isso tudo sem esquecer das dezenas de estudos relacionando o
uso crônico de Omeprazol com a depressão.
Para os que não conhecem, o
Omeprazol age na diminuição da quantidade de produção de ácido clorídrico pelo
estômago, sendo indicado em patologias como gastrites, úlceras e esofagites.
Sim, é uma droga que tem benefícios e pode trazer saúde àquelas pessoas que apresentam
de fato indicação ao seu uso, feita pelo médico especialista.
Mas resolvi escrever sobre o
assunto, porque eu mesmo como médico fui ensinado de forma equivocada sobre
este medicamento e sobre o tema que circunda o Omeprazol em si.
O médico acaba geralmente
aprendendo a ser prático em sua vida profissional por vários motivos, dentre
eles a própria vontade exagerada dos pacientes em pensar que “se o médico não
me deu remédio algum, ele não é bom, porque somente o remédio pode curar o que
estou sentindo”. São estas e outras coisas que acabaram transformando a
medicina no que está hoje, verdadeira escrava de laboratórios farmacêuticos.
Obviamente que parte da culpa é do próprio sistema de ensino médico
completamente obsoleto e que ensina realmente o aluno que a medicina deve ser
baseada simplesmente no conhecimento do diagnóstico e tratamento medicamentoso,
ou seja, “procure um diagnóstico, porque sem ele você médico não saberá qual
droga prescrever”.
Sendo assim, está mais do que
na cara que vivemos de uma medicina que não cura praticamente ninguém. O que
faz é ir tratando sintomas quando há um diagnóstico. Vamos a um exemplo que
vocês entenderão facilmente: uma pessoa vive normalmente sem ir ao médico,
afinal não está sentindo nada de anormal, até que aos 40 anos começa a sentir
dores de cabeça e procura um médico que faz o diagnóstico de Hipertensão
Arterial. Pois bem, uma vez que esta pessoa iniciar um tratamento
medicamentoso, podem ter certeza de que será dependente desta droga pelo resto
de sua vida. Aí a questão é, alguém curou esta pessoa? Ora, é claro que não, se
curasse ele nunca mais teria que usar nenhum tipo de droga, pois medicamentos
são substâncias químicas diferentes das existentes no corpo humano e só são
necessárias de fato na doença!
Vou ser bem prático para
todos vocês e resumir de uma forma simples de compreender para médicos e não
médicos, como devemos pensar sobre tomar ou não tomar o Omeprazol, já que
acredito que a grande maioria não só pensa equivocadamente, bem como faz uso
corriqueiro deste medicamento baseando-se em conhecimento completamente errado.
Bom, obviamente sabemos que o
ambiente ácido do estômago (PH de mais ou menos 2) é fundamental para que se
inicie ali todo processo de digestão com a quebra das moléculas dos alimentos
em nutrientes absorvíveis pelo trato gastrointestinal. Mas o que poucos sabem, é
que com o passar dos anos e principalmente com o envelhecimento, esta produção
de ácidos diminui progressivamente e infelizmente parte dos nutrientes que
deveríamos absorver, passam a não ser aproveitados como antes. Resultado: a
nutrição é prejudicada e muitas vezes, o sentimento á de um tipo de dor na
região do estômago após a refeição.
Pois veja o que deve estar acontecendo:
o bolo alimentar está tendo dificuldade para ser digerido e demorando mais
tempo dentro do estômago que, por estar cheio de comida, reflui para o esôfago
e sendo mesmo assim muito ácido para o esôfago, causa irritação. O que a pessoa sente é uma dor abdominal alta
(efeito do bolo alimentar parado), juntamente com queimação (devido à presença
de ácido de PH estomacal dentro do esôfago).
Agora imaginemos as situações
mais comuns, onde as pessoas fazem
certos tipos de refeições e logo após começam a sentir dores na região
gástrica. Acredito que geralmente 99,99% destas, recorrem então aos antiácidos
pois pensam que a dor é devida à acidez excessiva, mas se enganam porque em
mais de 80% das pessoas esta dor está realmente relacionada à falta de acidez
suficiente para digerir o alimento e fazê-lo progredir em direção ao intestino.
Resultado neste caso é que quando esta pessoa ainda faz uso do antiácido ou
mesmo do Omeprazol logo após sentir esta sensação dolorosa ou de queimação, que
também relacionada ao refluxo de parte do conteúdo gástrico para o esôfago que
não foi feito para suportar um PH ácido e tem suas paredes internas irritadas,
ela estará alcalinizando mais ainda este conteúdo, fazendo com que o sintoma de
queimação seja aliviado, porém dificultando enormemente a correta absorção de
nutrientes.
Acontece que enquanto o estômago
não estiver de fato com o PH=2, a válvula pilórica (que regula a saída de
fluidos do estômago) não tem o estímulo para se abrir e o alimento se acumula
no próprio estômago que se enche, e o alimento vai se impactando e refluindo
para o esôfago, que por sua vez trabalha normalmente em um ambiente muito mais
alcalino. Sendo assim, a mucosa que reveste a parede interior do esôfago é
“queimada” e gera sensação de azia. E é esta a sensação que confunde médicos e
leigos, pois cerca de 80% das pessoas que usam Omeprazol ou Antiácidos hoje,
estão fazendo um enorme mal para seus corpos e aumentando significativamente o
risco de desenvolver câncer, com esta simples medida “inocente”.
O sintoma de azia e queimação
acabam melhorando unicamente porque no momento em que se faz o uso do
omeprazol, o PH estomacal acaba alcalinizando e por isto o conteúdo refluído
para o esôfago para de irritar. Entretanto, cria-se mais dificuldade ainda para
que o alimento seja digerido e os nutrientes absorvidos adequadamente no trato
gastrointestinal e está criado o problema que, em diversos casos, se torna
crônico uma vez que o consumo está absurdamente aumentado e sendo feito
deliberadamente de forma errada.
E muito se fala por aí em TER
gastrite. É importante ressaltar que
o epitélio do estômago se
recicla a cada 24h, portanto uma gastrite crônica não deveria em tese existir!
E o que faria com que mesmo o
jovem tenha uma acidez insuficiente no estômago? Bom, são vários os motivos,
mas um dos mais comuns é realmente a ingestão de bebidas breviamente ou
concomitantemente com a ingestão de alimentos, diluindo o suco gástrico e
diminuindo seu PH. Entretanto, dependendo do tipo de alimentação, pode também
ocorrer dificuldade de absorção e gerar os sintomas.
Então vamos ser práticos, já
que sei que muitos de vocês não médicos, preferem buscar orientação sozinhos do
que ir ao médico especialista para fazer a coisa certa:
Sentiu dor ANTES da comida à pode ser excesso de acidez no estômago, então
Omeprazol pode ser indicado, dependendo da avaliação do especialista, pois já
viram que não é brincadeira e pode causar uma série de problemas
Sentiu dor DEPOIS da comida à Provável deficiência de acidez no estômago. Indicação
pode ser utilizar Cloridrato de Betaína, composto enzimático para aumentar a
acidez logo após a refeição e assim ajudar na quebra do alimento, mas para tal
procure especialista. Nestes casos você ainda pode ajudar a si próprio fazendo
uso de frutas ácidas logo após a refeição, ou utilizar vinagres por exemplo.
HIPOCLORIDRIA (falta de ácido):
- Eructação
- Azia é comum
- Dor após a refeição
- Digestão lenta de proteínas
HIPERCLORIDRIA (Excesso de ácido que pode levar a gastrite):
- Pode haver eructação
- Azia é comum
- Dor em jejum aliviada pela comida
- Digestão normal/rápida de proteínas
Outra dica é evitar a
ingestão de líquidos durante as refeições, principalmente se você tem mais de
40 anos, quando a capacidade de produção de ácido no estômago inicia um
processo de declínio progressivo. Líquidos então não são bons nem antes da refeição,
nem durante as refeições.
Bem amigos, acredito que em
um mundo assombrado pelo câncer, ninguém quer ter suas chances de desenvolver
aumentadas por simples ignorância. Se você está se auto-medicando com estas
substâncias de forma errada, ou se você tem pais ou avós que fazem o mesmo para
aliviar a queimação gástrica erroneamente chamada de gastrite por todos, tenha
muito cuidado e oriente estas pessoas.
Vocês sabem que tudo o que
puder ser feito para diminuir as chances de doenças malignas, fará diferença.
Realizar exames periódicos é importante, mas o fundamental é fazer a sua parte
para NÃO deixar que aconteça o desenvolvimento da doença.
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