AFP - Agence France-Presse
Uma associação americana de vítimas de abusos sexuais por padres
pedófilos publicou, nesta quarta-feira, uma lista negra de doze
possíveis candidatos a Papa e exortou à Igreja Católica a levar a sério a
proteção das crianças, a ajuda às vítimas e as denúncias de corrupção.
"Queremos dizer aos prelados católicos que deixem de fingir que o pior
já passou" sobre o escândalo de pedofilia dentro da Igreja, declarou
David Clohessy, diretor da Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres
(Snap, por sua sigla em inglês). "Tragicamente, o pior com certeza ainda
estar por vir", indicou Clohessy, ao acrescentar que a verdade dos
abusos e encobrimentos "generalizados há muito tempo e profundamente
arraigados ainda não chegou à superfície na maioria das nações".
A
organização citou uma dúzia de cardeais da Argentina, Austrália,
Canadá, Estados Unidos, Gana, Honduras, Itália, México e República
Tcheca acusados de proteger os padres pedófilos ou por realizar
declarações defendendo os padres ou minimizando a situação. Todos eles
são considerados candidatos a sucessão do Papa Bento XVI, muito
criticado pela forma como conduziu os escândalos.
A Snap
também se opõe à eleição de qualquer membro da Cúria romana, a
administração da Santa Sé. "Acreditamos que ninguém de dentro do
Vaticano tem verdadeira vontade de 'limpar a casa' no Vaticano ou em
outras partes", indicou Clohessy em um comunicado. "Promover um membro
da Cúria desencorajaria as vítimas, as testemunhas, os denunciantes e
seus defensores a relatar más condutas", ressaltou.
A lista
negra inclui os seguintes cardeais: Leonardo Sandri, da Argentina;
George Pell, da Austrália; Marc Ouellet, do Canadá; Timothy Dolan (Nova
York), Sean O'Malley (Boston) e Donald Wuerl (Washington), dos Estados
Unidos; Peter Turkson, de Gana; Oscar Rodríguez Maradiaga, de Honduras;
Tarsicio Bertone e Angelo Scola, da Itália; Norberto Rivera Carrera, do
México; e Dominik Duka, da República Tcheca.
Três bispos dos
Estados Unidos estão na lista por não proteger os paroquianos dos
agressores sexuais conhecidos e enfraquecer os esforços de reforma em
suas jurisdições: os cardeais Dolan (Nova York), Wuerl (Washington) e
O'Malley (Boston). Outros foram incluídos na lista por questões mais
explícitas.
Por exemplo, o cardeal Peter Turkson, de Gana,
figura por afirmar que havia poucos clérigos acusados de abusos de
crianças na África porque ali não se toleravam gays.
O cardeal
Dominik Duka, da República Tcheca, foi incluído por afirmar que somente
10% das acusações contra sacerdotes foram comprovadas. Os esforços para
manter o sigilo em vez de comunicar os abusos à polícia também foram
condenados.
É o caso do cardeal mexicano Norberto Rivera Carrera,
que está na lista por haver declarado que não há casos "documentados" de
abuso contra menores de idade no México e por supostamente encobrir
múltiplas acusações de abuso sexual infantil.
Leonardo Sandri, da Argentina, publicamente apoiou um pedófilo mexicano notório, o padre Marcial Maciel.
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