
“Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura” – esta foi a ordem deixada pelo Senhor Jesus
no momento de sua partida. Desde então, muitos discípulos de Cristo tem
saído pelo mundo afora e falado a toda criatura. Mas será que todos
estão, de fato, pregando corretamente o evangelho?
Não basta ir e falar qualquer coisa em
nome de Jesus – é preciso dizer a mensagem correta. Falhar nesse ponto é
mais do que prestar um desserviço ao reino de Deus – é trazer um
prejuízo de conseqüências eternas, tanto para o mensageiro, quanto para
os que recebem a mensagem.
Esse é um assunto tão grave, que Paulo,
em sua carta aos Gálatas, considera anátema (amaldiçoado) aquele que
perverter a mensagem do evangelho (Gl 1:6-9). Logo em seguida, o
apóstolo questiona: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens
ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens,
não seria servo de Cristo.” Com isso, subentende-se que alguns estavam
pregando um evangelho agradável aos homens, ou centrado no próprio homem
e não em Cristo.
Apesar de evangelho significar “boas
novas”, ou “alegres notícias”, isso não quer dizer que pregar o
evangelho seja alegrar os pecadores. A finalidade do evangelho não é, de
forma alguma, massagear o ego das pessoas. Antes, pelo contrário, a
verdadeira mensagem do evangelho faz oposição ao sistema deste mundo e
“acaba com a festa” daqueles que vivem como se Deus não existisse.
No entanto, muitos pregadores da
atualidade pregam justamente aquilo que as pessoas querem ouvir, a fim
de agradá-las, e não o que precisam ouvir para salvá-las. A triste
realidade é que Cristo tem sido anunciado mais como a “solução” de
problemas do que como o Salvador de nossas vidas. Com isso, reduzem
nosso amado Jesus a um “garoto propaganda” e o evangelho a um produto de
mercado, que serve para mil e uma utilidades.
“E esta é a promessa que ele mesmo nos
fez, a vida eterna. Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos
procuram enganar.” (1 João 2:25-26)
Promessas de saúde, riqueza, fama e
poder tem sido anunciadas como se isso fosse o evangelho. “Aceite Jesus e
você terá direito a essas bênçãos” – esse é o falso evangelho que tem
sido anunciado para se atrair um número cada vez maior de pessoas
egoístas, materialistas e interesseiras. Como não faltam pessoas assim
no mundo, as igrejas que prometem essas coisas enchem mais rapidamente,
atraindo um público que não está nem um pouco disposto a renúncias, mas
muito interessado em conquistas.
E é justamente a pregação desse falso
evangelho, que não converte vidas, a razão pela qual a igreja não tem
mais incomodado o mundo. Exemplo disso é o número cada vez maior de
cantores evangélicos convidados para cantar em programas mundanos, ou o
fato de cruzadas evangelísticas ganharem cobertura em canais de TV que
anteriormente perseguiam os cristãos. E a maioria dos crentes está tão
cega que considera esse aplauso do mundo uma conquista, quando na
verdade é o sintoma de que algo não vai nada bem com a igreja.
“Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas.” (Lucas 6:26)
Portanto, o verdadeiro evangelho não
trás alegria para o perdido e nem recebe os aplausos do mundo, mas trás o
perdido para a verdadeira alegria e o liberta das paixões desse mundo.
O falso evangelho pode até alegrar as
pessoas por um tempo, com suas expectativas temporais, mas não lhes
concede a verdadeira e eterna felicidade, que está em desfrutarmos da
plena comunhão com Deus por meio de Jesus Cristo, no qual há verdadeira e
eterna vida.
Mas, se o próprio Deus é o bem maior do
evangelho, o que é o evangelho? Que mensagem devemos pregar? Minha
tentativa de responder biblicamente a essa pergunta encontra-se no
próximo artigo, intitulado “O que é o evangelho”.
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Alan Capriles é pastor, escreve em seu blog pessoal e tem lugar cativo no Púlpito Cristãohttp://www.pulpitocristao.com