Poucas sociedades precisaram tanto do segredo para
sobreviver como a Rosacruz. Na Idade Média, enquanto a Inquisição jogava na
fogueira quem ousasse questionar os dogmas católicos, os integrantes da
confraria se reuniam a fim de penetrar nos mistérios religiosos mais profundos.
Para isso, recorriam a fontes diversas: gnosticismo (que buscava o conhecimento
à margem do que dizia a Igreja), cabala (misticismo judaico), esoterismo
islâmico, filosofia, mitologia egípcia, astrologia e alquimia.
Era com esse repertório tão vasto que os rosacrucianos
acreditavam ser possível sair das trevas da ignorância e caminhar rumo à
sabedoria. Diziam que o autoconhecimento era a chave para a “paz do indivíduo”
e, a partir dela, o bem-estar da humanidade. Até hoje, os grupos que se dizem
herdeiros daRosacruz pregam a tolerância religiosa, a harmonia e a paz. O que
ninguém sabe direito é como essa sociedade surgiu.
ROSENKREUZ
Não faltam teorias para a origem da ordem. Uns dizem
que ela foi criada em Alexandria, no Egito, no ano 46, quando o sábio gnóstico
Ormus e seus seguidores foram convertidos ao cristianismo. Outros afirmam que
a Rosacruzsurgiu no século 17, no vácuo da Reforma Protestante. De acordo com a
lenda mais popular, no entanto, seu criador foi o monge Christian Rosenkreuz (ou
Frater C.R.C.), nascido na Alemanha em 1378. Aos 16 anos, Rosenkreuz viajou ao
Oriente Médio e estudou artes ocultas com mestres muçulmanos. Ao voltar para a
Alemanha, construiu a Spiritus Sanctum (“Casa do Espírito Santo”), para celebrar
seus rituais secretos.
Rosenkreuz teria morrido em 1484, aos 106 anos, mas sua
tumba só foi encontrada 120 anos depois – o que motivou a retomada das
atividades daRosacruz, agora sob a liderança do pastor luterano Johann Andrae.
Foi ele quem publicou 3 manifestos que mencionaram a ordem pela primeira vez:
Fama Fraternitatis Rosae Crucis (1614), Confessio Fraternitatis (1615) e Núpcias
Químicas de Christian Rosenkreuz (1616). Os textos tiveram enorme impacto entre
os europeus e não demorou para que os rosacrucianos se espalhassem pelo Velho
Mundo.
Para as fraternidades modernas que se dizem herdeiras
da Rosacruz, não importa se Rosenkreuz realmente existiu. O importante é o valor
simbólico dessa história. Suas andanças pelo mundo, incorporando elementos de
várias tradições, aludem à chamada Religião Universal da Sabedoria. Ser cristão,
por exemplo, iria além de seguir a figura bíblica de Jesus: faria parte da busca
do conhecimento oculto e esotérico.
Dê uma boa olhada na ilustração das páginas 12 e 13.
Você verá que o grau 18 da maçonaria é o Cavaleiro Rosacruz. Não se trata de
mera coincidência: nos séculos 17 e 18, maçons e rosacrucianos trocaram muitas
figurinhas. Eles buscavam uma sociedade tolerante, livre de dogmas e que pudesse
se aperfeiçoar à medida que os homens ficassem mais sábios. A estrutura das duas
fraternidades também era similar. Mas havia diferenças importantes: a
Ordem Rosacruz enveredava pelo cristianismo e por caminhos místicos, enquanto a
maçonaria se guiava pelo pensamento racional.
“No século 18, a Rosacruz fazia rituais de admissão
usando diversos símbolos. Um deles era um globo de vidro num pedestal que tinha
7 degraus e era dividido em duas partes, representando a luz e a escuridão”, diz
Sylvia Browne, autora do livro Sociedades Secretas. “E também usavam 9 copos,
simbolizando qualidades masculinas e femininas.”
Segundo a pesquisadora, a Rosacruz contava com o
Colégio dos Invisíveis, espécie de fonte de informação por trás do movimento.
Seus integrantes acreditavam que o significado do Universo estava explicado
no símbolo da ordem. “Como a flor que brota no meio da cruz, os seres humanos
deveriam desenvolver a capacidade de amar de forma irrestrita, compreender as
leis que regem o mundo e agir por meio da intuição e da inteligência amorosa do
coração.”
HERDEIROS
Hoje, diversas sociedades se declaram descendentes da
confraria inicial. Entre elas, a Fraternidade Rosacruz de Max Heindel, a
Fraternitas Rosacruciana Antiqua e a Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz (Amorc). A
julgar pelo que cada uma diz em seu site na internet, todas procuram despertar o
potencial interior do ser humano pela busca da verdade.
A Amorc do Brasil, localizada em Curitiba, garante que
seu método de orientação para o autoconhecimento “está à disposição de toda
pessoa sincera e de mente aberta”. Já a Fraternitas Rosacruciana, com sede no
Rio, afirma que sua finalidade é “buscar a felicidade sem distinção de castas,
cor, sexo, nacionalidade ou condição social”.
Wikipédia
A Rosacruz é uma Fraternidade que foi publicamente
conhecida no século XVII através de três manifestos e insere-se na tradição
esotérica ocidental. Esta Fraternidade hermética é vista por muitos
Rosacrucianistas antigos e modernos como um “Colégio de Invisíveis” nos mundos
internos, formado por grandes Adeptos, com o intuito de prestar auxílio à
evolução espiritual da humanidade.
Por um lado, alguns metafísicos consideram que a
Fraternidade Rosacruz pode ser compreendida, de um ponto de vista mais amplo,
como parte, ou inclusive a fonte, da corrente de pensamento hermético-cristã
patente no período dos tratados ocidentais de alquimia que se segue à publicação
de A Divina Comédia de Dante (1308-1321).
Por outro lado, alguns historiadores sugerem a sua
origem num grupo de protestantes alemães, entre os anos de 1607 e 1616, quando
três textos anónimos foram elaborados e lançados na Europa: Fama Fraternitatis
R.C., Confessio Fraternitatis Rosae Crucis e Núpcias Alquímicas de Christian
Rozenkreuz Ano 1459. A influência desses textos foi tão grande que a
historiadora Frances Yates denominou este período do século XVII como o período
do Iluminismo Rosacruz.
Segundo a lenda, exposta no documento “Fama
Fraternitatis” (1614), essa fraternidade teria suas origens em Christian
Rosenkreuz (de início apenas designado por “Irmão C.R.C.”), nascido
em 1378 na Alemanha, junto ao rio Reno. Os seus pais teriam sido pessoas
ilustres, mas sem grandes posses materiais. Sua educação começou aos quatro anos
numa abadia onde aprendeu grego, latim, hebraico e magia. Em 1393, acompanhado
de um monge, visitou Damasco, Egito e Marrocos, onde estudou com mestres
das artes ocultas, depois do falecimento de seu mestre, em Chipre. Após seu
retorno a Alemanha, em 1407, teria fundado a “Fraternidade da Rosa Cruz”, de
acordo com os ensinamentos obtidos pelos seus mestres árabes, que o teriam
curado de uma doença e iniciado no conhecimento de práticas do ocultismo. Teria
passado, ainda, cinco anos na Espanha onde três discípulos redigiram os textos
que teriam sido os iniciadores da sociedade. Depois, teriam formado a “Casa
Sancti Spiritus” (a Casa do Espírito Santo) onde, através da cura de doenças e
do amparo daqueles que necessitavam de ajuda, foram desenvolvendo os trabalhos
da fraternidade, que pretendia, no futuro, guiar os monarcas na boa condução dos
destinos da humanidade. Segundo o texto “Fama Fraternitatis”, C.R.C. morreu
em 1484, e a localização da sua tumba permaneceu desconhecida durante 120 anos
até 1604, quando teria sido, secretamente, redescoberta.
Segundo a lenda constante nos referidos manifestos, a
Ordem teria sido fundada por Christian Rosenkreuz, peregrino do século XV; no
entanto, a assunção desta datação é discutível devido ao simbolismo e hermetismo
do conteúdo dos manifestos, principalmente nos aspectos numéricos e nas
concepções geométricas apresentadas.
Porém, Christian Rosenkreuz é apenas um nome simbólico,
que guarda alguns segredos, mistérios em sua etimologia. Seu nome tem paralelo
com Cristo ou Christos ou Khrestos, Rosen ou Rosa, e Kreuz, ou Cruz. De fato, em
textos de outras grandes religiões, seu nome é um enigma, um mistério, um
segredo que apenas “quem tem olhos para ver e ouvidos para entender” é capaz de
captar.
Uma outra lenda menos conhecida, veiculada na
literatura maçónica — e originada por uma sociedade secreta e altamente
hierarquizada do século dezoito na europa central e de leste, ao contrário dos
ideais da Fraternidade que se encontra exposta nos manifestos originais,
denominada “Gold und Rosenkreuzer” (Rosacruz de Ouro), que tentou realizar, sem
sucesso, a submissão da Maçonaria ao seu poder — dispõe que a Ordem Rosa-cruz
teria sido criada no ano 46, quando um sábio gnóstico de Alexandria, de nome
Ormus e seis discípulos seus foram convertidos por Marcos, o evangelista. A
Ordem teria nascido, portanto, da fusão do cristianismo primitivo com os
mistérios da mitologia egípcia. Rosenkreuz teria sido, segundo esta ordem de
ideias, apenas um Iniciado e, depois, Grande Mestre – não o
fundador.
De acordo com Maurice Magre (1877–1941) no seu
livro Magicians, Seers, and Mystics Rosenkreutz terá sido o último descendente
da família Germelschausen, uma família alemã do século XIII. O seu castelo
encontrava-se na Floresta Turíngia na fronteira de Hesse, e eles abraçavam as
doutrinas Albigenses. Toda a família teria sido condenada à morte
pelo Landgrave Conrad de Turingia, excepto o filho mais novo, com cinco anos de
idade. Ele teria sido levado secretamente por um monge, um adepto Albigense de
Languedoc e colocado num mosteiro sob influência dos Albigences, onde teria sido
educado e onde viria a conhecer os quatro Irmãos que mais tarde estariam a ele
associados na fundação da Irmandade Rosacruz. A história de Magre deriva
supostamente da tradição oral local.
A existência real de Christian Rosenkreuz divide certos
grupos de Rosacrucianos, alguns dos que se intitulam de Rosacruzes. Alguns a
aceitam, outros o vêem como um pseudónimo usado por personagens realmente
históricos (Francis Bacon, por exemplo).
A primeira informação conhecida publicamente, acerca
desta Fraternidade, encontra-se nos três documentos denominados “Manifestos
Rosacruz”, o primeiro dos quais (Fama Fraternitatis R. C., ou “Chamado da
Fraternidade da Rosacruz”) foi publicado em Kassel(Alemanha) em 1614 – ainda que
cópias manuscritas do mesmo já circulassem desde 1611. Os outros dois documentos
foram: Confessio Fraternitatis (“Confissões da Fraternidade Rosacruz”) (1615),
publicado também em Cassel, e Chymische Hockeit Christiani Rosenkreuz (“Núpcias
Alquímicas de Christian Rozenkreuz”) (1616), publicado na então cidade
independente de Estrasburgo (posteriormente anexada por França,
em 1681).
O Sermão da Montanha que contém os fundamentos do
discipulado Cristão, também realçados no manifesto Rosacruz Confessio
Fraternitatis: “… nós nos reconhecemos como professando verdadeira e
sinceramente Cristo (…) viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida
Cristã”.
Deve-se notar que no segundo manifesto, Confessio
Fraternitatis em 1615, é feita a defesa da Fraternidade, exposta no primeiro
manifesto em 1614, contra vozes que se levantavam da sociedade colocando em
causa a autenticidade e os reais motivos da Ordem Rosacruz. Neste manifesto
pode-se encontrar as seguintes passagens que demonstram a linha condutora do
pensamento da Fraternidade: que o requisito fundamental para alcançar o
conhecimento secreto, de que a Ordem se faz conhecer possuidora, é que “sejamos
honestos para obter a compreensão e conhecimento da filosofia”; descrevendo-se
simultaneamente como Cristãos, “Que pensam vocês, queridas pessoas, e como
parecem afetados, vendo que agora compreendem e sabem, que nós nos reconhecemos
como professando verdadeira e sinceramente Cristo”, não de um modo exotérico,
“condenamos o Papa”, e sim no verdadero sentido esotérico do Cristianismo:
“viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã”. O modo como são
expostos os temas nos manifestos originais e a descrição dos mesmos aponta para
grande similaridade com o que é conhecido atualmente acerca da
filosofia Pitagórica, principalmente na transmissão de conhecimentos e idéias
através de aspectos numéricos e concepções geométricas.
A publicação destes textos provocou imensa excitação
por toda a Europa, provocando inúmeras reedições e a circulação de diversos
panfletos relacionados com os textos, embora os divulgadores de tais panfletos
pouco ou nada soubessem sobre as reais intenções do(s) autor(es) original(ais)
dos textos, cuja identidade foi desconhecida durante muito tempo. Na sua
biografia no final de sua vida, o teólogo Johannes Valentinus Andreae, ou Johann
Valentin Andreae (1586-1654), insere o terceiro manifesto Rosacruz publicado
anonimamente, “Núpcias Químicas”, no rol de escritos de sua autoria. É convicção
de alguns autores que Andreae o teria escrito como se fosse o contraponto
da Companhia de Jesus. No entanto, esta teoria foi posteriormente contestada por
historiadores, principalmente pelos Católicos, que consideravam os documentos
como simples propaganda ocultista, de inspiração protestante, contra a
influência do bispo de Roma.
Os textos mostravam a necessidade de reforma da
sociedade humana, a nível religioso e sócio-cultural, e sobre a forma de atingir
esse objetivo através de uma sociedade secretaque promoveria essa mudança no
mundo. O texto “Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz”, contudo, foi escrito
em forma de um romance pleno de simbolismo, e descreve um episódio iniciático na
vida de Christian Rosenkreuz, quando já tinha 81 anos.
Em Paris, em 1622 ou 1623, foram colocados posters
misteriosos nas paredes, mas não se sabe ao certo quem foram os responsáveis por
esse feito. Estes posters incluiam o texto: “Nós, os Deputados do Alto Colégio
da Rosa-Cruz, fazemos a nossa estada, visível e invisível, nesta cidade (…)” e
“Os pensamentos ligados ao desejo real daquele que busca irá guiar-nos a ele e
ele a nós”.
A sociedade européia da época, dilacerada por guerras,
tantas vezes originadas por causa da religião, favoreceu a propagação destas
idéias que chegaram, em pouco tempo, até a Inglaterra e a Itália…
Tradições e influências
Os primeiros seguidores são, geralmente, identificados
como médicos, alquimistas, naturalistas, boticários, adivinhos, filósofos e
homens das artes acusados muitas vezes de charlatanice e heresia pelos seus
opositores.
Aparentemente sem um corpo dirigente central,
assumem-se como um grupo de “Irmãos” (Fraternidade).
Tradicionalmente, os Rosacruzes se dizem herdeiros de
tradições antigas que remontam à alquimia medieval, ao gnosticismo,
ao ocultismo, ao hermetismo no antigo Egito, à cabala e
ao neoplatonismo.
‘Poço da Iniciação’ (9 estratos): arquitectura baseada
em simbolismo Templário, Rosacruz eMaçónico na Quinta da
Regaleira (1892-1910),Sintra, Portugal.
Em The Muses’ Threnodies por H. Adamson (Perth, 1638)
encontram-se as linhas “Pois o que pressagiamos são tumultos em grande, pois nós
somos irmandade da Rosa Cruz; Nós temos a Palavra Maçónica e a segunda visão,
Coisas por acontecer nós podemos prever acertadamente.”. O texto se refere ao
conhecimento esotérico que é tradicionalmente atribuído aos
rosacruzes.
A Fraternidade Rosacruz pode ser compreendida, de um
ponto de vista mais amplo, como parte da corrente de
pensamento hermético-cristã. Nesse contexto, é clara a influência doCorpus
Hermeticum que, após 1000 anos de esquecimento, foi traduzido por Marcílio
Ficino, a figura central da Academia Platónica de Florença, em 1460, por
encomenda de Cosimo de Médici. Nas Núpcias Químicas de Christian Rozenkreuz, é
dito que “Hermes é a fonte primordial”.
Verifica-se também a influência do pensamento
de Paracelsus, citado na Fama Fraternitatis RC: “Teofrasto (Paracelso), por
vocação, foi também um desses heróis. Apesar de não haver entrado em nossa
Fraternidade, não obstante, ele leu diligentemente o Livro M.”
A grande maioria dos personagens relacionados com o
lançamento dos “Manifestos Rosacruzes” se originaram do meio luterano alemão. É
de se notar que o próprio Lutero foi um dos primeiros a utilizar uma “rosa-cruz”
(o “selo de Lutero”, ou “rosa de Lutero”) como símbolo de sua teologia. Abaixo
de muitas rosas de Lutero está a frase: “O coração do cristão permanece em
rosas, quando ele permanece sob a cruz.”
É amplamente discutível se os chamados “reformadores
radicais” teriam exercido uma forte influência sobre os rosacruzes, ou, como
algumas evidências parecem sugerir, se teriam sido os Rosacruzes a influenciar
esses reformadores. Esses pensadores e teólogosluteranos acreditavam que a
Reforma de Lutero deveria ser ampliada, que a doutrina ortodoxa não era
suficiente e que o Cristão devia realizar a comunhão mística com Deus. Entre
outros, é possível citar os nomes de Caspar Schwenckfeld, Sebastian Franck e
Valentin Weigel. Johann Arndt, teólogo luterano alemão cujos escritos místicos
circularam amplamente na Europa no século XVII, amigo e mentor espiritual
de Johann Valentinus Andreae e amigo muito próximo de Christoph Besold, também é
uma influência conhecida. Arndt foi muito influenciado pelas idéias de Valentin
Weigel, e é considerado o “pai” do movimento pietista alemão.
Representação do terceiro olho e sua conexão com os
“mundos superiores” pelo Alquimista rosacruciano Robert Fludd. (Rosacruzes
.[século XVII]: “Nós temos a Palavra Maçónica e asegunda visão, Coisas por
acontecer nós podemos prever acertadamente.”)
O místico e teósofo luterano alemão Jacob Boehme e o
educador Jan Amos Comenius foram contemporâneos do movimento rosacruz original
do século XVII e também davam testemunho de uma mesma sabedoria. Comenius chegou
a denominar a Unidade dos Irmãos da Boêmia-Morávia, da qual ele foi um dos
líderes principais antes de seu desaparecimento, como “Fraternitas Rosae
Crucis”. Além disso, ele tinha em Johann Valentin Andreae sua primeira fonte de
inspiração, considerando-o “um homem de espírito ígneo e de inteligência pura”,
tendo-o contactado e recebido deste o archote para dar continuidade à tarefa
iniciada. Muitos dos que responderam ao chamado dos manifestos rosacruzes, como
Michael Meier e Robert Fludd, também se ligavam à mesma fonte de força
espiritual.
O historiador francês Paul Arnold foi o primeiro a
considerar os três manifestos como a obra comum do “Círculo de Tübingen”, ou
seja, o grupo que se reuniu ao redor do (futuro) teólogo Johann Valentinus
Andreae e dos juristas Tobias Hess e Christoph Besold, na Universidade de
Tübingen (Alemanha). Frances Yates, no entanto, relacionou o rosacrucianismo
“clássico” do século XVII unicamente a Frederico do Palatinado e sua corte
inglesa em Heidelberg.
Apesar do sucesso da tese de Yates, os historiadores
Richard van Dülmen, Martin Brecht e Roland Edighoffer reconstituíam os fatos
graças a uma pesquisa histórica aprofundada, que aconteceu a partir de 1977.
Brecht e Edighoffer estudaram, ao mesmo tempo e independentemente um do outro, e
finalmente provaram a autoria dos manifestos. Andreae se fez conhecer como o
autor dos textos (sua “obra pessoal”) e Tobias Hess, defensor do milenarismo e
partidário de Paracelso (que, como afirma o historiador Carlos Gilly, “Andreae
honrou e defendeu após sua morte, como pai, irmão, mestre, amigo e
companheiro”), teria sido o mestre e iniciador do grupo de onde saíram os
manifestos da Rosa-Cruz.
Muitos procuraram responder ao “chamado” emitido pelos
rosacruzes no século XVII, não apenas naquele séculos, mas também nos seguintes,
quando várias organizações com o nome Rosacruzsurgiram. Também no século XX
surgiram muitas organizações com este nome, todas elas de certa forma
co-herdeiras do tesouro espiritual da Rosacruz do século XVII.
Princípios e objetivos
De um modo geral os rosacrucianos defendem a
fraternidade universal entre todos os homens. Para os rosacrucianos, os homens
podem desenvolver suas potencialidades para tornarem-se melhores, mais sadios e
felizes. O rosacrucianismo tem por objetivo primordial levar o homem ao
autoconhecimento e à manifestação de sua real natureza espiritual, a fim de
contribuir para a evolução de toda a humanidade.
Estes objetivos, segundo os rosacrucianos, podem ser
atingidos por meio de uma mudança pessoal, de hábitos, pensamentos e
sentimentos. Segundo eles, isto só é possível ao dissipar o véu de ignorância
que cobre os olhos dos homens.
A recompensa daqueles que atingem este objetivo, que é
de natureza espiritual, é uma paz profunda consigo próprio; estado este que se
irradia do indivíduo e atinge todos em volta, produzindo em todos um reflexo
positivo.
Um dos emblemas associados à Ordem
Rosa-Cruz
O que os rosacruzes querem de fato é a libertação da
humanidade do mundo onde hoje ela se encontra, onde pode ser de fato apontado o
gnosticismo que significa a crença em outra natureza. O rosacruz tem a
consciência de que o homem tem outra proveniência, por isso é necessário que
tenhamos fraternidade como base, pois a humanidade faz parte da mesma coisa, no
pensamento da rosa cruz.
O processo em si, creêm os rosacruzes, que passa pelas
etapas internas às externas, se resume em uma mudança de hábitos e é regido pela
trindade, sentir pensar e agir. O processo é considerado de faculdades internas
pois começa, segundo os rosacruzes, no coração ao contrario de qualquer outro
movimento.
Simbolismo
Jóia do 18° Grau “Cavaleiro da Rosa-Cruz”
(REAA)
O Emblema Rosacruz, embora com variações, apresenta-se
sempre como uma cruz envolvida por uma coroa de rosas, ou com uma rosa ao
centro. A rosa representa a espiritualidade, enquanto a cruz representa a
matéria.
Outra faceta da Rosa-cruz mais conhecida é o 18º Grau
(representando simbolicamente a 9ª Iniciação Menor), o grau de “Cavaleiro
Rosa-Cruz”, do “Capítulo da Rosa-Cruz” do “Rito Escocês Antigo e Aceito”
da Franco-Maçonaria, que tem como símbolos principais o Pelicano, a Rosa e a
Cruz.
Diversos livres pensadores defendem que o
Rosacrucianismo não é mais do que uma Ordem constituída mas, uma corrente de
pensamento, cuja filiação ocorre pela adoção de certas posturas de
vida.
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