Por toda a Bíblia vemos versículos que ressaltam a eterna de misericórdia de Deus. A título de exemplo, cito Romanos 11:32, que diz que Deus “encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia”. Assim, não só com seus filhos mas com toda a humanidade, Deus sempre procura exercer a Sua misericórdia primeiro, par depois aplicar o Juízo.
Quando Deus mandou Noé construir a arca, provavelmente as pessoas zombaram muito deste, dizendo que ele estava louco. Naquele tempo não havia ainda chovido na terra. E para aquele povo, mergulhado na iniqüidade e sem a menor crença em Deus, o acontecimento de coisas que eles jamais viram seria então impossível. Serem destruídos então por um rio de águas que desabaria do céu era um hipótese que para eles chegava a ser ridícula.
Mas ainda assim, quando Noé construiu a arca e colocou todos os casais de animais lá dentro, Deus ainda deu um “prazo”. Veja:
“Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz." (Gênesis 7:4)
Mas, qual o porquê desse prazo? A Bíblia não afirma que a porta da arca estava trancada. Podemos olhar então esse prazo de duas formas.
Primeiro: As pessoas que viram Noé, os animais e toda a sua família na arca perceberam então que Noé foi mais longe em seu projeto. Não parou só na construção da arca, mas também colocou nela tudo e todos que Deus designou que fosse colocado e se pôs pronto a esperar a chuva que destruiria a Terra. Foi esse então um sinal de que Noé poderia estar certo. Se Noé se isolou do mundo externo, se todos os tipos de animais, mesmo os mais selvagens, sujeitaram-se a um senhor idoso e entraram numa embarcação e ainda todos os seus familiares também entraram na arca e foram com ele, aquela situação então passou a parecer bem mais do que um simples ato de loucura de um homem caduco. Se as pessoas tivessem parado para pensar racionalmente, teriam se arrependido de suas iniqüidades e seguido a Noé. Durante sete dias aquelas pessoas tiveram a chance de contemplar a arca com todos os seus “passageiros” e tinham então uma oportunidade de se arrepender. Era então o tempo da misericórdia. Mas o “engano da injustiça” (2 Tessalonicenses 2:10) na qual aqueles homens estavam atolados fez com que eles mais uma vez se fizessem cegos e perdessem tal oportunidade.
Segundo: Aquele parecia ser também um teste de paciência. Imagine Noé dentro daquela arca, isolado do mundo externo, sem poder sair, e nada da chuva cair. Noé era homem e também passivo de acreditar ou não em Deus. Seus familiares também poderiam duvidar, pela demora, do que haveria de acontecer. Em seus corações, poderiam pensar que estaria demorando demais para cair a água que Noé havia anunciado. Assim, os sete dias foram também uma provação para os que estavam na arca, pois a fé em Deus envolve também paciência. Foi preciso que a família de Noé provasse acreditar em Deus através da espera, por mais uma semana, sem ver o resultado anunciado, para aí sim serem libertos da ira vindoura.
O paralelo com os nossos dias é evidente. Como já descrito em outro artigo desse blog (“Vivendo em dias como os de Noé”), a própria Bíblia assegura que os eventos que acontecerão nos últimos dias guardará semelhança com os eventos que aconteceram nos dias de Noé (Lucas 17:26).
Assim como as pessoas daquele tempo em que Noé anunciou o dilúvio, hoje as pessoas em geral estão ouvindo falar do aumento da fome, pestes e de um sem número de catástrofes, como já predito na Bíblia (Mateus 24:7). Pela primeira vez na história começou a se cumprir no século passado o que estava escrito na Bíblia: que haveriam terremotos em vários lugares (Marcos 13:8). Inclusive nos mares estão havendo tremores, como ocorreu com o caso das tsunamis, até poucos anos atrás desconhecidas por quase todos. Até o século passado o número de tremores de terra na história da humanidade eram esparsos, chegando a ficar anos seguidos sem haver tremores no mundo. Mas há poucas décadas a Terra começou a tremer em várias regiões diferentes, como já foi predito pela Bíblia.
Sem contar os sinais, quem aí fora que nunca ouviu um crente falando que o mundo está caminhando para o fim, que Jesus Cristo está voltando, que os dias do Apocalipse estão às portas ou que o Anticristo vem aí? Como naquela época, os alertas da destruição vindoura estão sendo percebidos, e os homens não poderão dizer que não foram “avisados” do que iria acontecer.
Há também no nosso tempo um teste de paciência. Em paralelo àquele tempo, podemos dizer que estamos dentro da arca, nos sete dias que antecedem a ira de Deus. Um tempo onde o mundo nos chama para fora, onde a iniqüidade está estabelecida no mundo e parece nos atrair para longe de Deus. O teste de fé e de paciência para nós que estamos em Deus é de permanecer n’Ele, mesmo que as pessoas digam que estamos errados, que as coisas em que cremos não irão acontecer, que a fé que carregamos é em vão ou que estamos perdendo as “melhores coisas” da vida. Ficar na arca de Deus e se isolar do que o mundo oferece é então bastante difícil tendo em vista as tentações que o mundo oferece. Como naquele tempo, precisamos vencer nossas desconfianças e nossas próprias vontades para escaparmos daquilo que há de vir sobre a Terra, que hoje também está ainda mais mergulhada na iniqüidade.
Em outro paralelo, assim como naquele tempo, Deus voltará a mandar à terra coisas jamais vistas. Um dos motivos que levou aqueles homens a duvidar de Deus foi porque eles jamais viram coisas semelhantes às que Noé falava, pois até então não havia caído um só pingo d’água do céu. Agora, experimente falar para uma pessoa que não conhece a Deus que chegarão dias na Terra em que cairão meteoros do céu (Apocalipse 6:13 e Apocalipse 8:8), em que os homens tentarão o suicídio e não terão sucesso, tamanho será o sofrimento (Apocalipse 9:6) ou que rios da Terra se tornarão sangue (Apocalipse 11:6). Se muitos que dizem acreditar em Deus dentro da própria igreja ainda duvidam de tais coisas, quanto mais os que não crêem em Deus. Esses sim chegam até a rir disso.
Um último ponto de comparação é a falência moral da sociedade em geral. A Bíblia nos conta que nos tempos de Noé os desígnios dos corações dos homens eram continuamente voltados para o mal, que a iniqüidade havia se multiplicado e que a Terra estava completamente tomada pela violência (Gênesis 6:5 e Gênesis 6:13). Em nosso tempo, a situação não é diferente. A Bíblia adjetiva os homens dos últimos dias como avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos e uma série de outras desprezáveis características (2 Timóteo 3:2). Como Deus naquele tempo achou necessário trazer a destruição sobre a Terra, na Grande Tribulação o juízo será ainda mais pesado, pois além da morte virá também uma porção inconcebível de sofrimento e dor sobre os homens que aqui estiverem (Marcos 13:19). Ma uma vez o julgamento de Deus virá sobre a Terra e atingirá todos os homens que optaram pela iniqüidade, preterindo a fé naquele Deus que os criou.
O que é interessante na Bíblia, e que sempre procuro evidenciar nos artigos, é que Deus não só anuncia na Bíblia as coisas que hão de vir, mas dá sinais disso. Nesse exemplo de Noé, como em tantos outros, Deus nos mostra que outras vezes na história do homem, ficou provado ser possível o cumprimento do seu Juízo ainda que neste se inclua coisas as quais os homens jamais viram semelhante. É por isso que quem procura conhecer a palavra de Deus, se conscientiza da verdade de Deus e não corre o risco de ser enganado (João 8:51). Mas, o tempo da misericórdia ainda está em vigência. A “porta da arca de Deus” ainda está aberta aos que desejam e, antes de vir o julgamento que muitos duvidam. Cabe não só a nós, mas a todos que ainda estão envolvidos naquilo que o mundo oferece, optar por deixar o mundo e seguir a Deus. Naquele tempo, depois dos sete dias não houve mais oportunidade de arrependimento. E também não haverá chance de “voltar no tempo” depois que o juízo de Deus for operado na Terra
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Apocalipse 1:3