Nunca se viu nada igual. Alguns dos
maiores lagos e rios do mundo estão simplesmente secando. Os prejuízos
contabilizam bilhões em dinheiro e as perdas materiais são
incalculáveis.
Estaria a geo-engenharia relacionada de alguma forma com essa seca mundial?
Segundo a pesquisadora Simone Tilmes, o uso de tecnologias de
manipulação climática para reduzir o aquecimento global poderiam
acarretar sérias consequências para o Planeta, tais como secas
devastadoras.
Calcula-se que o aquecimento global causado por um aumento maciço nos
gases de efeito estufa estimularia um aumento médio de cerca de 7% nas
precipitações em relação às condições pré-industriais, o patamar contra o
qual o aquecimento global é calculado.
Simone Tilmes |
Contudo, tentar resolver o problema do aquecimento através da
geoengenharia poderá inverter a situação, resultando em uma redução
entre 5 e 7% nas chuvas na maioria das regiões do mundo, também em
comparação com as condições pré-industriais.
Globalmente, a média de precipitação poderia diminuir em cerca de 4,5%, chegando a 7% na América do Norte e no Sudeste Asiático.
"A geoengenharia do planeta não resolve o problema. Mesmo que uma
dessas técnicas possa manter as temperaturas globais aproximadamente
equilibradas, as precipitações não voltariam às condições
pré-industriais" disse Simone Tilmes, principal autora do novo estudo.
Este estudo internacional foi coordenado por cientistas do Centro
Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR) dos Estados Unidos, e chegou a
conclusões parecidas com um trabalho feito por uma equipe europeia em
2012. Muitos cientistas têm defendido abordagens de geoengenharia para
reduzir o aquecimento futuro, amparados na crescente preocupação com as
mudanças climáticas. Este novo estudo, no entanto, demonstra que a
engenharia do clima pode não ser a melhor solução para o problema.
Algumas dessas técnicas almejam essencialmente fazer sombra na atmosfera
injetando partículas de sulfato na estratosfera ou colocando
gigantescos espelhos em órbita da Terra com o objetivo de reduzir a
incidência dos raios solares. Os autores advertem, porém, que o clima da
Terra não iria retornar ao seu estado pré-industrial mesmo se o próprio
aquecimento fosse atenuado com a engenharia climática.
"É muito mais um tipo de 'engula seu próprio veneno'," disse John
Fasullo, coautor do trabalho. "Se você não gosta do aquecimento, você
pode reduzir a quantidade de luz solar que atinge a superfície [da
Terra] e esfriar o clima. Mas, se você fizer isso, grandes reduções nas
chuvas são inevitáveis. Não há nenhuma opção do tipo ganha-ganha aqui."
R. Correa e Ted Gunderson |
"Mais pesquisas poderão mostrar tanto as consequências positivas
quanto as negativas para a sociedade de tais mudanças no ambiente" acrescentou Tilmes.
"O que sabemos é que o nosso sistema climático é muito complexo, que a
atividade humana está tornando a Terra mais quente e que qualquer
solução tecnológica que possamos tentar para sombrear o planeta poderia
ter consequências imprevisíveis."
Na verdade já são vários os indícios de que a geoengenharia está em
curso nos dias atuais. Esta seca que está assolado diversas partes do
mundo desde o final do ano passado vem somente para fortalecer algo que
já está admitido, mas não foi ainda divulgado na grande mídia. Mesmo
assim, muitas autoridades, como o presidente do Equador, R. Correa, e o
ex-chefe do FBI Ted Gunderson, já denunciaram publicamente a existência
da geoengenharia nos céus dos EUA, Canadá, Equador e Europa.
Vejamos na sequência alguns dos piores casos de seca registrados no mundo desde o final de 2013.
O lago Poyang na China
O lago Poyang, o maior de água doce na China, perdeu quase 90% de seu
volume em consequência da seca que castiga a bacia do Yangtze, informou
nesta segunda-feira (30) o jornal South China Morning Post.
Grande parte do leito do lago é, atualmente, uma planície de barro, o
que coloca em uma crítica situação as pessoas que moram em volta e
dependem do Poyang para sobreviver.
A seca afeta uma bacia na qual vivem 400 milhões de pessoas, quase um
terço da população chinesa, e a situação é especialmente dramática nas
províncias do curso médio e baixo do rio (Anhui, Hunan, Jiangxi,
Zhejiang e Jiangsu), onde as chuvas este ano foram entre 40% e 50%
menores do que o normal.
Segundo a imprensa oficial, o lago tem atualmente 0,74 milhão de km³ de
volume, 87% menos do que o habitual, já que em épocas úmidas o lago pode
ter até 25 milhões de km³ de água. O segundo maior lago do país, o
Dongting (também na bacia do Yangtze) está parcialmente seco, e sua área
atual (cerca de 900 km²) é menos da metade da superfície habitual,
segundo especialistas.
De acordo com o Escritório Estatal de Controle de Inundações e Secas, a
situação afeta diretamente 3,29 milhões de pessoas e 6,96 milhões de
hectares de campos de cultivo, equivalentes a 5% das terras cultiváveis
no país. Por este motivo, o Centro Meteorológico Nacional declarou
"alerta amarelo", já que nos próximos dias não estão previstas grandes
precipitações na área afetada.
A Grande Seca na Califórnia
Oroville Lake |
Não é nenhuma surpresa, realmente: os níveis de água nos reservatórios da Califórnia continuam
a cair. Ainda assim, é impressionante ver a evidência de quão longe os
reservatórios caíram. Na semana passada, o fotógrafo Justin Sullivan deu
um passeio aéreo em alguns dos reservatórios, incluindo o Lago
Oroville. Esse é o maior reservatório do Projeto de Água do Estado e o
segundo maior no estado depois do Lago Shasta.
Uma seção do Lago Oroville é visto quase seco em Oroville, Califórnia.,
19 de agosto de 2014 Como a grave seca na Califórnia continua por um
terceiro ano consecutivo, os níveis de água em lagos e reservatórios do
Estado está atingindo mínimos históricos. Lago Oroville está atualmente
em 32 por cento do seu total de 3.537.577 metros Acre.
Folson
Lake, a nordeste de Sacramento Califórnia, perdeu 80 por cento de sua
capacidade de água em 2,5 anos. Imagens liberadas pela NASA esta semana
mostram a barragem quase completa em 2011, com uma capacidade de 97 por
cento e hoje ela está em 17 por cento.
O lago está tão baixo que os restos de um sítio arqueológico estão visíveis pela primeira vez em anos.
Governador Jerry Brown, declarou estado de emergência da seca, em busca
de auxílio do governo federal como a água cai perigosamente baixa e
propor um pacote de alívio 687.400.000 $
NASA está agora a trabalhar com o Departamento de Recursos Hídricos da
Califórnia para ajudar o Estado gerenciar seus recursos hídricos.
Agências de água e as cidades que dependem de Folsom Lake para água
estão se preparando para condições de seca contínuos e baixos níveis do
lago. Eles estão exigindo que os clientes que reduzam o consumo de água,
alguns em até 25 por cento. Eles estão monitorando a situação
diariamente, para ver os níveis de Folsom Lake em tempo real.
O Rio São Francisco
Em
Minas Gerais, os rios estão secando por causa da estiagem. O São
Francisco, que cruza boa parte do estado, é um dos mais afetados.
Bancos de areia estão cada vez maiores. A época é de estiagem, mas nunca
se viu o Velho Chico tão seco. No município de São Francisco, norte do
estado, o pescador trocou a rede por uma pá e a canoa, que antes ficava
cheia de peixes, agora está repleta de areia.
A seca também preocupa os agricultores de Jaíba. O município é um dos
maiores polos produtores de frutas de Minas Gerais e nos seis primeiros
meses deste ano, registrou apenas 137 milímetros de chuva. No mesmo
período do ano passado, o total foi de 269. A irrigação das lavouras só
não foi comprometida por causa de ações emergenciais.
Em um banco de areia que se formou, só uma máquina já retirou 18 mil
metros cúbicos de sedimentos em três meses ao longo do canal que leva
àgua às lavouras do projeto Jaíba. Outras quatro trabalham para
facilitar a chegada da água às lavouras e elas retiram tanta argila e
areia que, por dia, cerca de 140 caminhões saem carregados.
A
banana é a única cultura de uma fazenda em Jaíba. Três 3 mil metros
cúbicos de água são necessários por mês para irrigar e beneficiar a
fruta, mas a ordem no local é economizar ainda mais.
Acostumadas a trabalhar nas lavouras, agora as máquinas estão empenhadas
na melhoria de uma estrada municipal de Chapada Gaúcha. As obras devem
custar R$ 200 mil, valor que foi dividido entre três municípios por meio
de um consórcio e produtores rurais. A medida é emergencial para não
depender da balsa do Rio São Francisco para escoar a produção ou pagar
fretes mais caros. Caminhões com mais de 30 toneladas não conseguem
utilizar a embarcação por conta do baixo nível do rio.
A estrada de 130 quilômetros vai ligar Chapada Gaúcha ao município de
Bonito de Minas, onde já existe asfalto. A região é grande produtora de
sementes de capim e soja, com média de produção de 42 mil toneladas por
ano.
Só de uma fazenda, toda semana saem 64 toneladas de sementes para Bahia,
Minas Gerais e São Paulo. Por conta do baixo nível do rio, o gerente
João Silva conta que já chegou a pagar um frete quatro vezes mais caro
para escoar a produção.
São Paulo enfrenta a pior seca dos últimos 70 anos
A
falta de chuva, sobretudo na região sudeste do país, tem afetado o
processo industrial em diversas etapas. A economia brasileira já
demonstra reflexos ao clima seco que tem atingido a grande São Paulo,
principal polo produtivo do país.
ARAÇATUBA E PEDERNEIRAS (SP) — Não é apenas a capital paulista que vive a
maior crise no abastecimento de água da sua história. O rico interior
do estado de São Paulo enfrenta a pior seca dos últimos 70 anos. Não
chove desde o final do ano passado. O Rio Tietê baixou em até oito
metros na região de Araçatuba, a 467 quilômetros de São Paulo,
interrompendo há dois meses o tráfego de barcaças na Hidrovia
Tietê/Paraná, uma das maiores do país, já que há lugares onde o rio está
no nível zero. Com isso, não será possível escoar parte das seis
milhões de toneladas de grão transportadas por ali anualmente.
A situação impede a navegação até de barcos de pescadores, agravando a
crise social. Já foram demitidas três mil pessoas que trabalhavam na
hidrovia na região entre Araçatuba e Barra Bonita, com 42 municípios.
Hidrovia Tietê/Paraná deu lugar a um cenário desolador |
A disputa pela água atinge proporções alarmantes, pois as seis
hidrelétricas na região dão prioridade ao uso da água para a produção de
energia elétrica e, assim, evitar um apagão. A agricultura também sofre
e as destilarias de açúcar e álcool, com quebra na safra em até 25%, já
dispensaram mil trabalhadores. E, para piorar, só há previsão de chuva
para outubro ou novembro.
Essa bacia hidrográfica atinge 223 municípios, onde moram 27 milhões de
pessoas que dependem da água do Tietê para viver. O nível do rio, porém,
está baixo, sobretudo porque 65 de seus afluentes estão secos ou com um
fio de água, segundo levantamento de Luiz Otávio Manfré, do
Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo de São Paulo.
É o que ocorre com o Córrego Lafon, no distrito de Engenheiro Taveira, a
cinco quilômetros de Araçatuba. O nível desse rio, afluente do Tietê,
que já chegou a ter seis metros de profundidade, hoje não passa de um
fio água fedorento, recebendo o esgoto de cinco mil pessoas que vivem em
Taveira, além dos dejetos de um curtume da região.
Com a redução no nível do Tietê, muitos barcos não podem navegar, e os
pescadores profissionais têm dificuldades para obter seu sustento do
rio. O movimento em busca de barcos está tão fraco que José Carlos de
Souza, de 59 anos, vendeu as quatro embarcações que tinha para alugar
aos pescadores.
José Carlos de Souza teve que vender os quatro barcos que alugava para pescadores |
— Só tenho um barco para meu uso, mas até o cobri com lona porque ele
está ancorado a cem metros do rio, quando antes ficava no píer dentro
d'água — disse José Carlos, estabelecido no Porto Bico de Pedra, às
margens do Tietê.
Alagoano, Júnior Francisco da Silva, de 32 anos, há 13 no local, acha
que o clima na região está parecido com o Nordeste, onde nasceu.
— Nem parece que ali passava um rio em que a gente pescava — disse.
A situação desses 65 rios secos se agravou porque este ano só choveu 50
milímetros (mm) na região, em julho, insuficiente para reduzir o déficit
hídrico na bacia do Tietê. Em 2009, chegou a chover na região 2 mm. Em
2011, choveu 1.315 mm, caindo para 1.260 mm em 2012 e para 835 mm em
2013. De outubro de 2013 até agora, só choveu 715 mm. De janeiro a
março, época de chuvas no estado, nem um pingo.
a represa de braganca paulista no interior de sao paulo que faz parte do sistema cantareira esta praticamente seca |
— O mais grave é que agora só há previsão para chover em outubro ou
novembro. Se voltar a chover dentro da média histórica, ainda vamos
levar meses para recuperar o déficit hídrico — disse Manfré
Economicamente, a situação mais crítica foi a paralisação da Hidrovia
Tietê/Paraná, que nasce em Goiás e vai até a Hidrelétrica de Itaipu, em
Foz do Iguaçu, no Paraná, com 2,2 mil quilômetros, dos quais 800
quilômetros no estado de São Paulo. A hidrovia está paralisada desde
maio, porque o Rio Tietê baixou até oito metros em alguns trechos,
inviabilizando a navegação. Com a hidrovia parada, o prejuízo é estimado
em R$ 200 milhões, segundo o Departamento Hidroviário (DH).