A dialética da zona de conforto

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Uma frase que soa bem e com grandes efeitos: dizer para alguém que é necessário sair da zona de conforto. Soa com um efeito do todo poderoso, do conhecedor dos assuntos relacionados com as mais diversas situações. Soa como as palavras do Máster of Bussiness and Admistration (MBA), ou como as palavras do Management of Quality.
Zona de conforto, uma zona ou região vista por quem esta de fora da situação, talvez almejando e desejando que alguém levante, e então tenha um lugar para ocupar. Todos os dias há um confronto bélico em alguma parte do mundo. Todos os dias os transportes públicos circulam lotados levando trabalhadores. Talvez os donos de empresas de transportes e administradores públicos não vejam isto por estarem em sua zona de conforto em escritórios refrigerados.
Professores repetem sempre o mesmo discurso dia a dia, mês a mês e ano a ano, sempre as mesmas aulas, continuam em sua zona de conforto ao não pesquisar e preparar novas aulas. Os alunos chegam à sala de aula diariamente com assuntos novos, discutidos em redes sociais, para ouvir as mesmas aulas, e fazer as mesmas provas. Professores e coordenadores, todos repetem os mesmos gestos a cada dia e a cada semestre. O mundo é cada vez mais veloz e as informações chegam por toda parte.
Como falar para alguém sair de uma zona de conforto se este mesmo alguém levantou cedo da cama. Levantou cansado e ainda com sono. Levantou para executar aquelas tarefas que ele mesmo entendeu como necessárias e prioritárias. Como falar para alguém sair da zona de conforto, alguém que vive constantemente conectado com o mundo, com a possibilidade de somente ser o seu mundo, o mundo que julga fazer parte, e faz.
O ser humano para nascer, precisa de um gesto radical. Torna-se necessário sair de uma zona de conforto, outros animais também. Sair de um ambiente protegido onde tem abrigo e alimentação. E o ser humano nasce, grita com os punhos cerrados como quem quer dizer: este mundo é meu. Luta por uma sobrevivência social, psicológica e fisiológica. Até o dia que morre com as mãos abertas como quem diz: não tenho nada a levar.
Para nascer ou para fazer uma omelete torna-se necessário romper a casca, e quando é rompida de dentro pra fora, quem sai precisa de mais força para enfrentar aquilo que desconhece.
E falando sofre zona de conforto. Existem muitas zonas e situações semelhantes hoje em dia. Estar diante de um computador, e com acesso a internet pode ser entendido como uma zona de conforto. Um conforto estático, de parar, olhar, analisar, emitir uma opinião ou não. Ver ou fazer de conta que não viu. A informação e o conhecimento prontinho, sem esforço para levantar ou pensar. Uma pesquisa onde só é necessário o movimento dos dedos e dos olhos, com braços e pernas preservados do esforço físico.
Zonas capazes de proporcionar um conforto, para dizer que é necessário sair da zona de conforto. Como copiar e colar um link, com um texto interessante. Basta copiar e colar, um gesto que pode dar a entender a outros que é um link, lido e aprovado, por quem apenas leu e compartilhou. Sem a necessidade de escrever algo a respeito ou emitir um comentário.
A partir de um pensamento de Platão. Podemos facilmente condenar uma criança por ter medo do escuro, e, no entanto muitos podem ter medo da luz. Podemos criticar alguém com pouco conhecimento de algo, no entanto os que criticam podem não saber nada a respeito daquilo que tanto criticam.
 Rio de Janeiro, 06 de outubro de 2014.

Roberto Cardoso
Desenvolvedor de Komunicologia
http://www.publikador.com
 

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