Os brasileiros devem se preparar para fortes emoções, e não propriamente pelo desempenho da seleção na Copa do Mundo. Três eventos aparentemente desconectados entre si, ocorridos no Brasil e na Alemanha, sugerem que, na esteira da onda de descontentamento que se espalha pela sociedade, o País poderá ver-se às voltas com uma fase mais intensa da guerra irregular – ou “guerra de quarta geração” – que lhe tem sido movida, nas últimas décadas, pelo aparato ambientalista-indigenista e de “direitos humanos”.
Em 8 de maio, em São Paulo (SP), centenas de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Coletivo Resistência Urbana, invadiram as sedes das empreiteiras Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, promovendo tumultos e fazendo pichações nas paredes dos prédios. O motivo alegado foi protestar contra os gastos da Copa.
Na invasão da Odebrecht, uma das faixas levadas pelos manifestantes tinha como dizeres: “Odebrecht ganha bilhões com a Copa em cima do sangue de operários e do dinheiro de todos nós.” Outro cartaz ostentava a foto do diretor-presidente da empresa, Marcelo Bahia Odebrecht, acompanhada da frase “Fora, Odebrecht”.
Kelli Mafort, membro da direção nacional do MST (Setor de Gênero), justificou a escolha da Odebrecht como alvo, afirmando que ela também está ligada ao agronegócio por meio da sua subsidiária ETH, que atua no setor sucroalcooleiro.
Já o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, disse que as ações integram a campanha contra a Copa: “Vai ter mobilizações semanais (sic) dos movimentos populares urbanos, para denunciar os abusos e as medidas impopulares feitas em relação à Copa (Agência Brasil, 8/05/2014).”
Na ocasião, a presidente Dilma Rousseff, que estava na capital paulista, recebeu um grupo de líderes do MTST, que reivindicavam mudanças no acesso ao programa Minha Casa Minha Vida. Mesmo assim, Boulos antecipou que as manifestações continuarão: “Isso que fazemos é um ato político. Pretendemos, até a Copa, fazer outros atos semanais semelhantes (Notícias Terra, 8/05/2014).”
O ataque à Odebrecht pode ter motivações bastante distintas dos protestos de “sem-terras” ou “sem-teto”, já que a empresa tem assumido um papel cada vez mais relevante na reestruturação da indústria de defesa brasileira. Com a criação da subsidiária Odebrecht Defesa e Tecnologia, a empresa participa do programa de construção de submarinos convencionais e nucleares da Marinha do Brasil (Prosub), além de desenvolver projetos de mísseis e equipamentos eletrônicos para aeronaves e satélites. Como o MST tem conhecidos vínculos financeiros com entidades internacionais que refletem as políticas oficiais dos governos dos seus países, não será surpresa se os ditos movimentos sociais passarem a demonstrar um interesse maior pelos projetos de defesa brasileiros.
Na madrugada de 12 de maio, um pequeno grupo de encapuzados atacou com pedradas o prédio da embaixada brasileira em Berlim, quebrando o vidro externo da fachada. Horas depois, um grupo de esquerda não identificado divulgou um manifesto na internet, assumindo a autoria do ataque e justificando-o como um protesto contra os gastos excessivos da Copa do Mundo (DW, 12/05/2014).
Pouco antes, entre 5-7 de maio, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) realizou o ciclo de conferências Jornadas Brasil-Alemanha: 50 anos do Golpe de 1964, dedicado, segundo o anúncio oficial, a discutir “aspectos importantes das políticas alemã e brasileira como o acordo nuclear Brasil-Alemanha assinado em 1975, as políticas para grandes eventos e as relações da Alemanha com a ditadura brasileira”. Entre os patrocinadores, as fundações alemãs Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde (PV), e Friedrich Ebert, do Partido Social Democrata daquele país.
Tais eventos ajudam a lançar luz sobre a ativa interferência de organizações alemãs na política interna brasileira, menos conhecida que a das suas contrapartes anglo-americanas, mas não menos efetiva para a consecução da agenda estratégica do Establishment hegemônico do Hemisfério Norte no País. Em particular, as fundações Heinrich Böll, Friedrich Ebert, Rosa Luxemburg (Partido da Esquerda) e Konrad Adenauer (Partido Democrata Cristão) e a agência de desenvolvimento internacional GIZ, têm atuado intensamente nas áreas ambiental e indígena, em apoio aos chamados movimentos sociais e nos meios acadêmicos, visando influenciar as discussões sobre as pretensões estratégicas do Brasil.
Estas últimas têm sido uma especialidade da Fundação Konrad Adenauer, que promove anualmente as chamadas Conferências do Forte de Copacabana, as quais reúnem lideranças políticas, acadêmicos, jornalistas, empresários e outros, para discutir assuntos referentes à segurança internacional. Um dos temas tratados em conferências recentes tem sido a projeção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para fora da sua jurisdição oficial e a sua eventual expansão ao Atlântico Sul. Na conferência de novembro de 2010, o então ministro da Defesa Nelson Jobim se viu obrigado a fazer uma dura intervenção contra o que qualificou como “ações de algumas potências, inclusive europeias, que visam envolver o Atlântico Sul em seus esquemas diplomáticos e de defesa (Ministério da Defesa, 3/11/2010)”.
As demais fundações germânicas e a GIZ têm sido, igualmente, importantes apoiadoras e financiadoras do aparato ambientalista-indigenista, em suas campanhas contra os grandes projetos de infraestrutura e a energia nuclear, que foi um dos temas do seminário de São Paulo. Um dos conferencistas do evento foi o deputado do PV alemão Jürgen Trittin, ex-ministro do Meio Ambiente (1998-2005), que, segundo uma fonte de inteligência alemã, aproveitou a visita para coordenar ações da campanha contra a Copa do Mundo, da qual as fundações Heinrich Böll e Rosa Luxemburg estão participando ativamente.
Na oportunidade, a primeira, lançou o livro Copa, para quem e para que? Um olhar sobre os legados dos mundiais no Brasil, África do Sul e Alemanha. A segunda lançou, em setembro de 2013, o relatório especial Im Schatten der Spiele: Fussball, Vertreibung und Widerstand in Brasilien (À sombra dos jogos: futebol, expulsão e resistência no Brasil), em parceria, entre outras, com a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), ativa integrante da redes de ONGs a serviço daquele aparato intervencionista internacional.
O PV alemão foi um dos precursores das campanhas de guerra irregular manipuladas pelas agências de inteligência do Establishment oligárquico, na Europa, a partir da década de 1970. Portanto, os seus quadros têm uma vasta experiência histórica para transmitir aos aguerridos militantes das causas “sociais” dos países onde opera a Fundação Heinrich Böll. Segundo fontes alemãs, o Partido da Esquerda abriga quadros ainda mais radicais, inclusive, veteranos comunistas da antiga Alemanha Oriental, o que confere à Fundação Rosa Luxemburg uma alta prioridade entre as instituições germânicas a serem observadas com a devida atenção.
Por sua vez, a GIZ (Cooperação Técnica Alemã, antiga GTZ), órgão privado a serviço do governo alemão, presente no País desde a década de 1960, reorientou a sua atuação a partir da década de 1990, deixando de apoiar projetos de desenvolvimento nas áreas agrícola e tecnológica, para se dedicar às iniciativas ambientais e indígenas. Entre elas, destacou-se o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, mais conhecido como PPG-7, uma das iniciativas que mais contribuiu para atrelar o País à agenda ambientalista internacional, em grande medida, por oferecer a sucessivos governos nacionais recursos a fundo perdido, para projetos de “proteção ambiental” considerados fundamentais para a imagem do Brasil no exterior.
MSIa
http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com.br
Na invasão da Odebrecht, uma das faixas levadas pelos manifestantes tinha como dizeres: “Odebrecht ganha bilhões com a Copa em cima do sangue de operários e do dinheiro de todos nós.” Outro cartaz ostentava a foto do diretor-presidente da empresa, Marcelo Bahia Odebrecht, acompanhada da frase “Fora, Odebrecht”.
Kelli Mafort, membro da direção nacional do MST (Setor de Gênero), justificou a escolha da Odebrecht como alvo, afirmando que ela também está ligada ao agronegócio por meio da sua subsidiária ETH, que atua no setor sucroalcooleiro.
Já o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, disse que as ações integram a campanha contra a Copa: “Vai ter mobilizações semanais (sic) dos movimentos populares urbanos, para denunciar os abusos e as medidas impopulares feitas em relação à Copa (Agência Brasil, 8/05/2014).”
Na ocasião, a presidente Dilma Rousseff, que estava na capital paulista, recebeu um grupo de líderes do MTST, que reivindicavam mudanças no acesso ao programa Minha Casa Minha Vida. Mesmo assim, Boulos antecipou que as manifestações continuarão: “Isso que fazemos é um ato político. Pretendemos, até a Copa, fazer outros atos semanais semelhantes (Notícias Terra, 8/05/2014).”
O ataque à Odebrecht pode ter motivações bastante distintas dos protestos de “sem-terras” ou “sem-teto”, já que a empresa tem assumido um papel cada vez mais relevante na reestruturação da indústria de defesa brasileira. Com a criação da subsidiária Odebrecht Defesa e Tecnologia, a empresa participa do programa de construção de submarinos convencionais e nucleares da Marinha do Brasil (Prosub), além de desenvolver projetos de mísseis e equipamentos eletrônicos para aeronaves e satélites. Como o MST tem conhecidos vínculos financeiros com entidades internacionais que refletem as políticas oficiais dos governos dos seus países, não será surpresa se os ditos movimentos sociais passarem a demonstrar um interesse maior pelos projetos de defesa brasileiros.
Na madrugada de 12 de maio, um pequeno grupo de encapuzados atacou com pedradas o prédio da embaixada brasileira em Berlim, quebrando o vidro externo da fachada. Horas depois, um grupo de esquerda não identificado divulgou um manifesto na internet, assumindo a autoria do ataque e justificando-o como um protesto contra os gastos excessivos da Copa do Mundo (DW, 12/05/2014).
Pouco antes, entre 5-7 de maio, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) realizou o ciclo de conferências Jornadas Brasil-Alemanha: 50 anos do Golpe de 1964, dedicado, segundo o anúncio oficial, a discutir “aspectos importantes das políticas alemã e brasileira como o acordo nuclear Brasil-Alemanha assinado em 1975, as políticas para grandes eventos e as relações da Alemanha com a ditadura brasileira”. Entre os patrocinadores, as fundações alemãs Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde (PV), e Friedrich Ebert, do Partido Social Democrata daquele país.
Tais eventos ajudam a lançar luz sobre a ativa interferência de organizações alemãs na política interna brasileira, menos conhecida que a das suas contrapartes anglo-americanas, mas não menos efetiva para a consecução da agenda estratégica do Establishment hegemônico do Hemisfério Norte no País. Em particular, as fundações Heinrich Böll, Friedrich Ebert, Rosa Luxemburg (Partido da Esquerda) e Konrad Adenauer (Partido Democrata Cristão) e a agência de desenvolvimento internacional GIZ, têm atuado intensamente nas áreas ambiental e indígena, em apoio aos chamados movimentos sociais e nos meios acadêmicos, visando influenciar as discussões sobre as pretensões estratégicas do Brasil.
Estas últimas têm sido uma especialidade da Fundação Konrad Adenauer, que promove anualmente as chamadas Conferências do Forte de Copacabana, as quais reúnem lideranças políticas, acadêmicos, jornalistas, empresários e outros, para discutir assuntos referentes à segurança internacional. Um dos temas tratados em conferências recentes tem sido a projeção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para fora da sua jurisdição oficial e a sua eventual expansão ao Atlântico Sul. Na conferência de novembro de 2010, o então ministro da Defesa Nelson Jobim se viu obrigado a fazer uma dura intervenção contra o que qualificou como “ações de algumas potências, inclusive europeias, que visam envolver o Atlântico Sul em seus esquemas diplomáticos e de defesa (Ministério da Defesa, 3/11/2010)”.
As demais fundações germânicas e a GIZ têm sido, igualmente, importantes apoiadoras e financiadoras do aparato ambientalista-indigenista, em suas campanhas contra os grandes projetos de infraestrutura e a energia nuclear, que foi um dos temas do seminário de São Paulo. Um dos conferencistas do evento foi o deputado do PV alemão Jürgen Trittin, ex-ministro do Meio Ambiente (1998-2005), que, segundo uma fonte de inteligência alemã, aproveitou a visita para coordenar ações da campanha contra a Copa do Mundo, da qual as fundações Heinrich Böll e Rosa Luxemburg estão participando ativamente.
Na oportunidade, a primeira, lançou o livro Copa, para quem e para que? Um olhar sobre os legados dos mundiais no Brasil, África do Sul e Alemanha. A segunda lançou, em setembro de 2013, o relatório especial Im Schatten der Spiele: Fussball, Vertreibung und Widerstand in Brasilien (À sombra dos jogos: futebol, expulsão e resistência no Brasil), em parceria, entre outras, com a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), ativa integrante da redes de ONGs a serviço daquele aparato intervencionista internacional.
O PV alemão foi um dos precursores das campanhas de guerra irregular manipuladas pelas agências de inteligência do Establishment oligárquico, na Europa, a partir da década de 1970. Portanto, os seus quadros têm uma vasta experiência histórica para transmitir aos aguerridos militantes das causas “sociais” dos países onde opera a Fundação Heinrich Böll. Segundo fontes alemãs, o Partido da Esquerda abriga quadros ainda mais radicais, inclusive, veteranos comunistas da antiga Alemanha Oriental, o que confere à Fundação Rosa Luxemburg uma alta prioridade entre as instituições germânicas a serem observadas com a devida atenção.
Por sua vez, a GIZ (Cooperação Técnica Alemã, antiga GTZ), órgão privado a serviço do governo alemão, presente no País desde a década de 1960, reorientou a sua atuação a partir da década de 1990, deixando de apoiar projetos de desenvolvimento nas áreas agrícola e tecnológica, para se dedicar às iniciativas ambientais e indígenas. Entre elas, destacou-se o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, mais conhecido como PPG-7, uma das iniciativas que mais contribuiu para atrelar o País à agenda ambientalista internacional, em grande medida, por oferecer a sucessivos governos nacionais recursos a fundo perdido, para projetos de “proteção ambiental” considerados fundamentais para a imagem do Brasil no exterior.
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