O jornal O Globo deste primeiro dia de
2018 faz um apelo aos céus, mais especificamente ao Cristo Redentor,
para que o Brasil e o Rio de Janeiro sejam reconstruídos depois do caos
dos últimos três anos. O que a Globo não faz é uma autocrítica em
relação à contribuição que deu para a destruição do País e do próprio
estado onde atua.
Hoje, o Rio sofre com a paralisação dos
investimentos da Petrobras, decorrente entrega do pré-sal e do fim da
política de conteúdo nacional, e também com a quebra da indústria naval
– consequência direta da Operação Lava Jato.
O desastre não teria acontecido sem o
apoio decisivo da Globo, que liderou um golpe midiáitico, jurídico e
parlamentar contra uma presidente honesta e que acabou instalando os
políticos mais corruptos do País no poder, justamente para que fosse
executado o programa da chamada "ponte para o futuro" – que trouxe
retrocessos como a entrega do petróleo, o fim das garantias trabalhistas
e a ameaça às aposentadorias.
Nada disso trouxe prosperidade, muito
pelo contrário, e o Rio hoje tem uma das maiores taxas de desemprego do
País, além de uma situação caótica das contas públicas, com servidores
com seus salários atrasados. Construir esse estrago é bem mais difícil
do que foi destruir.
No livro "A elite do atraso", o
sociólogo Jessé Souza explica como a Globo imbecilizou o Brasil para
levar adiante seu projeto de entrega das riquezas nacionais.
Reproduzimos, abaixo, um trecho do livro:
A grande mídia coloniza para fins de
negócios, escusos ou não, toda a capacidade de reflexão de um povo, ao
impossibilitar o próprio aprendizado democrático, que exige opiniões
alternativas e conflitantes, coisa que ninguém nunca viu acontecer em
época alguma em nenhum de seus programas. Isso equivale a imbecilizar
uma nação que certamente não nasceu imbecil, mas foi tornada imbecil
para os fins comerciais de uma única família que representa e expressa o
pior de nossa elite do saque e da rapina.
(...)
O que se frustra aqui são os sonhos,
os aprendizados coletivos e as esperanças de centenas de milhões. O
que se impede aqui é o processo histórico de aprendizado possível de
todo um povo que é abortado por uma empresa que age como um partido
político inescrupuloso.
(...)
Com o cidadão feito de completo
imbecil, é fácil convencê-lo de que a Petrobras, como antro de corrupção
dos tolos, só dos políticos, tem que ser vendida aos estrangeiros
honestos e incorruptíveis que nossa inteligência vira-lata criou e nossa
mídia repete em pílulas todos os dias. Com base na corrupção dos
tolos, cria-se, na sociedade imbecilizada por uma mídia venal que
distorce a realidade para vendê-la com maior lucro próprio, as
precondições para a corrupção real, a venda do país e de suas riquezas a
preço vil. Esse é o resultado real e palpável do conluio entre grande
imprensa, com a Rede Globo à frente, e a Lava Jato: é melhor entregar
de vez a Petrobras, a base de toda uma matriz econômica, aos
estrangeiros honestos e bem-intencionados.
No 247
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