As agradáveis explicações
dadas pelos gestores da rede social incluem novidades como “novos
controles para ajudar você a tirar mais partido do Facebook”; “para
melhorar a experiência”; “para tornar mais fácil de compreender”; “para
controlar os anúncios que vê”; exortando também a “descobrir o que se
passa à sua volta”; “e a tornar as compras mais cômodas”.
A mídia generalista escreveu
profusamente sobre as novas alterações, descrevendo as novas
funcionalidades, “para ajudar os usuários a controlarem melhor sua
privacidade”.
Mesmo nas questões complexas
da publicidade e da geolocalização, a mídia limita-se a informar que os
usurários poderão controlar os anúncios que querem ver e que a
geolocalização é utilizada para direcionar os anúncios.
“Proteger as informações das
pessoas e prover controles significativos de privacidade são o motor de
tudo o que nós fazemos”, diz a empresa.
Na questão difícil de perceber
como a rede social utiliza a enorme quantidade de dados de cada usuário
(e a forma como esses dados são alegadamente vendidos), o Facebook tem
uma resposta também agradável: “”Nós ajudamos os anunciantes a
alcançarem as pessoas com anúncios relevantes sem dizer para eles quem é
você”. Portanto, podemos ficar descansados.
Tudo parece claro, simples e cor-de-rosa. Mas a verdade não é essa ou, pelo menos, não é só essa.
Comecemos por alguns detalhes que nem todos conhecem.
Os amigos-fantasma
Você já deve ter reparado que,
das centenas de amigos que tem e das dezenas de páginas de que é fã, só
recebe notícias de uma parte deles. Ultimamente, até parece serem
sempre os mesmos. Por isso, o seu círculo de amigos na verdade está se
reduzindo e os temas postados não variam muito. Onde estão os outros
então? Você não recebe posts ou mensagens deles e começa a duvidar se
não terão desaparecido ou simplesmente bloqueado você. Mas não, eles
continuam lá, só que tendem a não aparecer no seu Feed de Notícias. São
os chamados amigos-fantasma.
Por que é que isso acontece?
Simplesmente, o Facebook decide ele próprio que as publicações destes
amigos não interessam a você. Em outras palavras, faz uma triagem dos
posts exibidos.
Grande parte das publicações
dos amigos ou de páginas é excluída do seu Feed de Notícias. E as poucas
que restam também nem todas são mostradas. Há um segundo nível de
triagem, que classifica as publicações que cada usuário pode ver segundo
um complexo algoritmo (o EdgeRank algoritm). De forma resumida, este
mede a relevância dos posts segundo três critérios: a afinidade (quanto
mais um usuário interage com outro, maior é a probabilidade de os posts
dele aparecerem no Feed de Notícias desse usuário); a novidade do post; o
tipo de conteúdo (textos, fotos ou vídeos são tratados de forma
diferente, em várias proporções). Há ainda mais dois critérios, o
chamado story bumping (um post pode voltar a aparecer no seu
Feed de Notícias, caso tenha muitos comentários e você tenha interagido
muito com o seu autor) e o last actor (que atribui mais importância às 50 últimas interações que você fez).
Usuários e acionistas
O Facebook tem vários tipos
de público, cujos interesses não parecem ser fácil de conciliar: os
usuários, os anunciantes e os acionistas.
Se os simples usuários se
mostram frustrados por muitos de seus amigos “desaparecerem”, as
empresas anunciantes ficam simplesmente furiosas com isso, já que querem
chegar a um maior número possível de pessoas.
Quando uma atualização (texto, imagem ou vídeo) é publicada, apenas 16% dos seguidores a conseguem visualizar.
Para que essa percentagem
aumente e alcance os restantes 84%, as empresas e anunciantes estão
dispostas a pagar. Eles fazem-no através de duas formas de publicidade
disponíveis na rede: os Posts Promovidos e as Histórias Patrocinadas. O
objetivo dos Posts Promovidos é alcançar mais pessoas que gostam de uma
determinada página, assim como os seus amigos.
Pode ser promovido qualquer
tipo de publicação, incluindo atualizações de estado, fotos, ofertas,
vídeos e perguntas, mediante um preço.
As Histórias Patrocinadas
atingem os amigos daqueles que já são seguidores de uma página e que
indicam ter o mesmo tipo de interesses.
Os especialistas em marketing
em redes sociais operam com conceitos como Taxa de Cliques (CTR),
Alcance Viral, Alcance Orgânico, etc.
Um estudo publicado em março
passado mostra que o alcance, ou seja, o número de pessoas que o
Facebook pode alcançar com suas mensagens, caiu para metade nos últimos
seis meses. “Seria apenas uma questão de tempo antes que as páginas
perdessem toda a visibilidade natural” (leia-se, livre de pagamento),
diz a este respeito o moderador de um site especializado.
Com a última mudança de
algoritmo, o Facebook pretende que os seus principais usuários, sejam
empresas ou pessoas individuais, comecem a utilizar mais regularmente o
novo serviço de Posts Promovidos e de Histórias Patrocinadas. Como
compensação para quem o fizer e, logo, se tornar um usuário pagante,
terá maior visibilidade, aumentando a probabilidade de seus conteúdos
serem mais vistos, daí gerando maior retorno. Pelo contrário, quem
quiser se manter como até agora, com utilização gratuita, deverá ter
algum tipo de penalização, que é precisamente ter os seus conteúdos
menos visíveis.
Resumindo: se quiser que mais
pessoas vejam o que você publica, vai ter que pagar. Não se esqueça que
a rede é uma empresa e, logo, o que mais lhe interessa é gerar lucro
para seus acionistas. [FONTE]http://verdademundial.com.br