A matéria é
do O Dia. O casal de pastores é o mesmo que já se envolveu em polêmica
ao afirmar que Jesus era rico, descolado e o burrico que usou para
entrar em Jerusalem equivaleria a um carro BMW de sua época (vídeo ao
final). A despeito disto, o preconceito e a construção escancarada do
viés bizarro de qualquer cobertura do universo evangélico é irritante.
Espetáculo da fé com jeito de boate e linguagem descontraída
Igreja Lagoinha Niterói investe em cultos para jovens e atrai cerca de quatro mil pessoas por semana
Felippe Valadão - divulgação |
DELMA PACÍFICO
Niterói - O
endereço já abrigou casas noturnas famosas na cidade como o Barthô, nos
anos 1990, e a Nec Multiplace mais recentemente, mas há três meses são
as reuniões da Igreja Batista da Lagoinha Niterói que atraem milhares de
pessoas para a Avenida Quintino Bocaiúva, 679, em Charitas.
Os cultos mais
concorridos são conduzidos pelo pastor Felippe Valadão de 31 anos,
criado em Niterói e São Gonçalo, onde nasceu, e que, junto com a mulher,
a cantora e pastora Mariana Valadão, inaugurou a igreja na cidade no
ano passado. Lagoinha Niterói é uma extensão da Igreja Batista da
Lagoinha de Belo Horizonte, Minas Gerais, fundada há quase 60 anos.
“Eu acredito em
todas as igrejas e que Deus as tem usado de várias formas. São
necessárias as tradicionais, assim como se precisa da nossa”, diz o
pastor Felippe, líder de uma igreja com uma linguagem diferente, como
ele a define. O lugar é um complexo de dez mil metros quadrados. Abriga
duas mil pessoas sentadas e possui um estacionamento para mais de 300
carros. “Começamos com uma reunião dentro da minha casa, em Camboinhas,
na minha sala; éramos 90 pessoas; na segunda reunião vieram 120, na
terceira 220”, conta.
O passo
seguinte foi a abertura da Igreja da Lagoinha Niterói, em Icaraí, em
julho de 2013, na Rua Miguel de Frias. “Quebrei tudo, pintei de preto...
eu já queria fazer algo diferente; sou muito influenciado por igrejas
americanas e nos Estados Unidos elas são assim para tirar aquela
aparência de templo”, afirma. “A gente não tem uma estética religiosa.
Nossa vontade não é que as pessoas venham e falem: uau, estou em uma
igreja! Eu quero que elas pensem que não é uma igreja, para que quando
se inicie o culto elas não sintam a igreja, mas a presença de Jesus”,
completa.
O conceito
visual foi mantido em Charitas no novo templo inaugurado em julho deste
ano. O espaço em Icaraí ficou pequeno para o grande número de
frequentadores. O púlpito é também o palco, com luzes, músicos e
cantores. A cor preta predomina no ambiente, que mais parece uma casa de
eventos. Três grandes telões transmitem as letras dos louvores e
mensagens para o acompanhamento dos cultos.
Há uma
intérprete para a linguagem de sinais. O espaço é alugado e a igreja
mantida pelo dízimo e pelas ofertas dos seus membros. Segundo o pastor
Felippe, ele e os demais pastores são voluntários, assim como todos os
colaboradores que trabalham no complexo. Funcionários renumerados são
apenas dois. De 3 a 4 mil pessoas frequentam a igreja semanalmente.
Há pessoas de
todas as idades, e de várias cidades do entorno de Niterói. Um grande
número de jovens está na Lagoinha, que tem um culto só para eles aos
sábados. “Eu acredito que o que impulsiona o crescimento de uma igreja é
a juventude”, diz o pastor que, no último domingo, conduziu o culto das
18h por quase três horas, com gente em pé, e onde mais de cem pessoas
foram batizadas.
“A igreja fala
de Deus na língua dos jovens”, indicou a dona de casa Cláudia Torrão, de
47 anos, que visitava a Lagoinha a convite do afilhado de 32 anos, que
passou por uma fase difícil e se converteu. A consultora de crédito
Silvana Silva, de 37 anos, de São Gonçalo, frequenta a Lagoinha há três
meses.
Ela disse que o
que a atraiu foi a palavra de Deus bem aplicada e as dependências da
igreja. Mãe de um casal de crianças de 4 e 9 anos, ela e o marido
assistem ao culto com tranquilidade enquanto os pequenos realizam
atividades no espaço Lagoinha Kids, que funciona no antigo Casarão de
Charitas, que é parte do espaço.