Experimento nazista desvendou o mistério do estranho veneno que matou
Chris McCandless, Chris McCandless era um rapaz de 24 anos que
costumava perambular pelo interior do Alasca (EUA) vivendo da sua terra.
Ele morreu de fome em 1992, em circunstâncias misteriosas: seu corpo
foi encontrado em um ônibus velho, a poucos quilômetros de uma estrada,
onde poderia obter ajuda. Jon Krakauer, autor do livro “Into the Wild”,
passou as duas últimas décadas tentando elucidar a morte de McCandless. A
ideia de que ele era um mochileiro despreparado, como alguns afirmavam,
não batia com a personalidade de McCandless, que estudava assiduamente
livros sobre a vida selvagem local, e era capaz de caçar e coletar
alimentos. Uma pista vinha de uma mensagem que o próprio Chris havia
escrito pouco antes de sua morte: ele havia sido enfraquecido pela
ingestão de sementes de batatas silvestres, ouHedysarum alpinum.
Krakauer acreditava que McCandless havia ingerido as sementes, e ficado
tão doente que não conseguia mais se alimentar ou ir até a estrada
pedir ajuda. Entretanto, um exame de laboratório não identificou nenhuma
toxina conhecida nas sementes. Krakauer já estava desistindo da
hipótese de intoxicação quando viu um trabalho do cientista amador
Ronald Hamilton, que fez a conexão entre a morte de McCandless e uma
experiência nazista em um campo de concentração.
Em seu trabalho, Hamilton conta que, em 1942, os prisioneiros judeus de Vapniarca começaram a receber pão feito de chíchara,Lathyrus sativus,
um legume que é conhecido desde os tempos de Hipócrates como sendo
tóxico. Em pouco tempo, os prisioneiros jovens do sexo masculino
começaram a mancar, e se apoiar varas para se mover no campo. Em alguns
casos, eles rapidamente chegavam ao estágio de se arrastar sobre as
costas para se deslocar pelo campo. Uma vez que a quantia suficiente de
sementes foi ingerida, era um caminho sem volta: quanto mais eles
comiam, piores eram as consequências. Já haviam adquirido a doença:
neurolatirismo, ou simplesmente latirismo. Robert Hamilton suspeitava
que as sementes de batata selvagem haviam causado latirismo em
McCandless, paralisando-o antes que ele pudesse conseguir ajuda, e
deixando-o incapacitado para obter alimentos. Armado deste novo
conhecimento, Krakauer enviou novamente as sementes para teste, desta
vez procurando o mesmo composto tóxico encontrado nas sementes da
ervilha, uma neurotoxina chamada ácido beta-N-oxalil-L-alfa-beta
diaminopropriônico, ou ODAP.
O resultado foi positivo para a toxina, que é mais perigosa para
jovens do sexo masculino com idade entre 15 e 25 anos que são
fisicamente ativos, mas não estão ingerindo calorias o suficiente. A
quantidade encontrada nas sementes foi de 0,394% de beta-ODAP por peso,
uma concentração suficiente para causar latirismo em humanos. A ingestão
ocasional de alimentos contendo ODAP, junto com uma dieta equilibrada,
não traz risco de intoxicação. Indivíduos sofrendo de má-nutrição,
estresse e fome aguda são especialmente sensíveis à ODAP. Krakauer agora
tem uma evidência bastante forte de que McCandless morreu de paralisia
induzida pela toxina, e os mochileiros têm mais uma informação
importante sobre o que não comer quando estiverem em trilhas: sementes
de batata silvestre.
Fonte:io9