10 mil mosquitos serão liberados toda semana em bairro do Rio de Janeiro.
Bactéria Wolbachia faz com que mosquito não possa transmitir dengue.
Fiocruz
vai soltar Aedes aegypti com bactéria que impede que mosquito transmita
dengue (Foto: Gutemberg Brito/Fiocruz/Divulgação)
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vão soltar 10 mil mosquitos Aedes aegypti toda
semana durante três ou quatro meses no bairro de Tubiacanga, na Ilha do
Governador, no Rio de Janeiro. Os mosquitos são infectados pela
bactéria Wolbachia, que os impede de transmitir o vírus da dengue. O
objetivo é substituir toda a população de mosquitos da região para
reduzir os casos de infecção por dengue.Os ovos de mosquito já contaminados com a bactéria foram importados da Austrália, com autorização do Ibama.
A partir da seleção do bairro de Tubiacanga, a Fiocruz também começou a fazer um trabalho junto à população de esclarecimento sobre o projeto. Moreira conta que uma pesquisa foi feita com 30% da população de cerca de 3 mil habitantes do bairro para verificar o conhecimento que as pessoas tinham sobre a dengue e a opinião que faziam do projeto. 90% dos entrevistados disseram estar de acordo com a soltura dos mosquitos com Wolbachia na região.
Moreira explica que 10 mil mosquitos serão soltos a cada semana durante cerca de 3 a 4 meses. Como as fêmeas infectadas passam a bactéria para os ovos, a expectativa é que depois de um tempo, toda a população esteja infectada pela Wolbachia. “Toda semana, vamos soltar os mosquitos e fazer a coleta na região para verificar se estão infectados sou não, até atingir cerca de 100%. A partir disso, não precisa soltar mais”, diz o pesquisador.
A bactéria Wolbachia não traz nenhum risco às pessoas, segundo os pesquisadores. Moreira explica que as pessoas já estão expostas a ela no dia a dia: 70% dos pernilongos, por exemplo, têm essa bactéria no organismo.
A iniciativa faz parte de um projeto internacional lançado pela Austrália chamado “Eliminate Dengue: Our Chalange” (ou Eliminar a Dengue: Nosso Desafio). Foi na Universidade de Monash que uma equipe de pesquisadores conseguiu retirar a bactéria Wolbachia das moscas-das-frutas e passá-la para os mosquitos Aedes aegypti, injetando-a nos ovos dos mosquitos.
Outros estudos demonstraram que a bactéria era capaz de bloquear o vírus da dengue no Aedes aegypti, impedindo que o mosquito transmitisse a doença ao picar alguém. Mosquitos infectados pela bactéria já foram liberados em algumas cidades no nordeste da Austrália e também no Vietnã e Indonésia.
No Brasil, o projeto se chama “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”. Nos próximos anos, outros três bairros devem receber os mosquitos com bactéria, segundo Moreira: Urca e Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, e Jurujuba, em Niterói.
G1