O debate consiste na exposição igualitária de ideias entre dois ou
mais oponentes. A partir disso, busca-se a resposta mais holística, mais
completa, que possa completar as lacunas de cada parte. Portanto, os
debates são criados para que busquemos completar nossos pensamentos
sobre determinado assunto. Em um mundo perfeito, elegante e simples,
funcionaria deste jeito.
Mas sempre quando ouvimos falar que haverá algum debate, já imaginamos que muita confusão poderá se suceder durante este evento.
O que era pra ser simples, prático, objetivo e agregador, tornou-se
uma comédia cotidiana na televisão, na política e até mesmo em nossos
próprios círculos pessoais. Pelas mesmas razões que eu demonstrei em um
texto anterior sobre o papel e a influência das palavras em nossas
vidas, em nossos pensamentos, debatemos palavras e não ideias.
Quando o assunto é racismo ou igualdade, debatemos estas palavras e
não os seus significados, que são abrangentes e bem mais complexos. No
caso do racismo, como eu também mostrei em outro texto anterior, damos
uma natureza moral a esta neo-palavra, substituindo o seu real conceito,
que é amoral e se relaciona com a ”enfatização mental, intelectual
sobre o assunto que explicita”.
Ao debatermos palavras enveredadas em contextos cotidianos,
históricos ou científicos, reduzimos a nossa capacidade de ver a imagem
maior, a visão holística e sábia de tudo. Encurtamos nossos pensamentos,
por palavras, que tal como os genes, podem mudar consideravelmente de
acordo com o contexto, com a combinação. No entanto, a mutação de uma
palavra só pode ser possível se o seu conceito for de mesma natureza e
capacidade. Logo, quando atribuímos moralidade a um conceito amoral,
estamos basicamente usando nossas habilidades de manipulação do
discurso.
Esta incapacidade se relaciona com o verdadeiro papel da linguagem,
que nada mais é do que uma maneira sofisticada para competir, para
mantermos nossos comportamentos primitivos. Não escolhemos a sabedoria e
a nobreza, porque estes modos de pensar, são demasiadamente humanos ou
são somente capazes de serem produzidos em extrema evidência por humanos
muito especiais.
É por isso que muitas das melhores mentes da humanidade, terminam
debatendo com as paredes. Ao menos, as paredes concordarão com boa parte
dos pressupostos destas excepcionalidades.
http://santoculto.wordpress.com/page/2/