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É difícil
pensar em uma humilhação maior na história desportiva do que o placar de
7 a 1 da Alemanha contra Brasil. Em reportagem publicada nesta quarta,
9, dia seguinte à tragédia, o jornal britânico Financial Times lembra
que muitos times de futebol perderam por 7 a 1, “mas nunca o
autoproclamado ‘país do futebol’, vencedor de cinco Copas do Mundo,
anfitrião e favorito para o torneio, jogando em uma semifinal.
Para o
estatístico norte-americano Nate Silver, citado pelo jornal, esse era o
placar mais inesperado na história da Copa do Mundo, com base em
classificações pré-jogo das equipes.
Simbolicamente,
na visão do FT, foi um final apropriado para os longos anos de boom
econômico do Brasil. Mas, em termos desportivos, foi algo mais
específico: o fim da tradição do futebol do Brasil. A frase “joga
bonito” agora pode ser abandonada junto com clichês sobre “futebol
samba”, afirma.
Segundo o
período britânico, os brasileiros pararam de oferecer fintas, dribles e
belos gols há muito tempo. Eles devem agora certamente perceber que o
País precisa, mais rápido do que pensa, adotar um novo um estilo “mais
europeu, mais alemão”, diz o FT. O futebol brasileiro precisa começar de
novo também, idealmente, liderada por treinadores alemães, emenda o
jornal.
Para o FT,
depois de os jogadores brasileiros choraram em campo, a presidente Dilma
Rousseff deve se sentir perturbada também, antes das eleições de
outubro. “Ela expressou sua tristeza pela derrota no Twitter”, lembra o
jornal. “Não vamos nos deixar alquebrar (enfraquecer). Brasil, ‘levanta,
sacode a poeira e dá a volta por cima’”, escreveu ela, citando a letra
do conhecido samba “Volta por cima”, de Paulo Vanzolini.
No entanto,
historicamente, não há correlação entre o desempenho do Brasil em Copas
do Mundo e o desempenho nas eleições no mesmo ano. “Muitos têm mantido
Dilma responsável pelo desperdício, gastos excessivos, mas organização
relativamente boa do torneio”, afirma o FT.
“A
responsabilidade pelo 7 a 1 reside, em primeiro lugar, nos jogadores
infelizes da Seleção e seu treinador sem imaginação Luiz Felipe Scolari,
mas, de forma mais ampla, no futebol tradicional desatualizado do
país”.
Olívia Bulla
O Estado de S. Paulo
Editado por Folha Política