Sidney Silveira
A genuína estupidez é espontânea, espécie de incompreensão instintiva com que um homem não vê as mais gritantes obviedades. Mas no Brasil contemporâneo as pessoas se tornam estúpidas por cálculo,
numa crescente e misteriosa adesão macunaímica, em massa, à obtusidade
estimulada pelos slogans dos donos do poder, aos quais vendem o voto e a
débil consciência por um prato de lentilhas. O brasileiro tornou-se estúpido por preguiça moral, esse atávico "jeitinho" que o inviabilizou civilizacionalmente.
Tolerante com o intolerável, indulgente para com a quebra de todos os
princípios éticos sem os quais a vida em sociedade é quase impossível,
ele tem tido notável afinco em fazer da estupidez um carnavalesco dever
cívico. Caso "sui generis" na história dos povos...
Na verdade,
merecemos o PT e a oposição que temos. Merecemos os nossos governadores
(escapa algum?). Merecemos todos os políticos que entronizamos, pois
eles são a lídima expressão da estupidez à qual aderimos como nação —
fato cujo signo-mor é ter a Srª. Dilma Rousseff como presidente da
República, criatura incapaz de articular meia dúzia de frases seguidas
num mesmo período sem afundar em graves anacolutos.
Pois bem: se
há conserto para um país com tantas riquezas naturais mas também tanta
miséria humana, tanta pobreza intelectual e moral, é coisa que deixo
para os adivinhos, os taumaturgos ou os vagabundos resolverem.
Enquanto
isso, viva a Copa do Mundo e o Maracanã de dois bilhões de reais! Viva o
recorde de assassinatos! Os desvios de verbas nos Ministérios! O
mensalão!
Mil vezes etc.!
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