O Sudão do Sul está à beira de uma epidemia de
fome, que poderá ser a mais grave no continente africano em muitas
décadas, adverte um relatório da agência para a agricultura das Nações
Unidas, FAO. A Unicef, o departamento da ONU para a infância, diz que
nos próximos meses poderão morrer 50 mil crianças.
Adverte a FAO que "um nível excepcional de
insegurança alimentar” está a afectar 11,5 milhões de pessoas e que o
problema se vai agravar "nos próximos meses" se não forem criadas
condições para fazer chegar alimentos à população.
O Sudão do Sul é
um país jovem - declarou a independência em 2011 - que viveu, nos
últimos cinco meses, uma guerra civil que opôs o antigo vice-presidente
Riek Machar e o Presidente Salva Kiir. Os dois assinaram, na
sexta-feira, um acordo de cessar-fogo, que deverá entrar em vigor este
sábado.
A guerra - esta e as anteriores, já que durante anos o
Sudão esteve mergulhado em conflitos que debilitaram os recursos - matou
milhares de pessoas e deslocou 900 mil, além de ter levado ao abandono
dos campos. O relatório da FAO diz que se o conflito não parar,
permitindo que as agências humanitárias entrem nos territórios
controlados pelas duas partes para levarem ajuda às populações
carenciadas, a fome instala-se. O risco viu-se agravado com a chegada da
estação das chuvas, que cria mais um obstáculo à circulação dos
comboios humanitários que eventualmente sejam enviados.
"A
fome ainda pode ser evitada, mas é necessário que antes que seja tarde
as agências sejam autorizadas a chegar a dezenas de milhares de
pessoas”, disse, em comunicado, o director do Programa Alimentar Mundial
(PAM, outra agência da ONU) para o Sudão do Sul, Mike Sackett.
Sackett
indicou que, na sequência do relatório da FAO, o Programa Alimentar
Mundial vai disponibilizar ajuda para 2,3 milhões de pessoas ainda este
ano, o que é insuficiente. Por isso, a ONU apela aos dadores, uma vez
que são necessários 190 milhões de euros para fazer chegar alimentos aos
sul-sudaneses.
A FAO já tinha feito um pedido idêntico, mas só conseguiu 54% dos 77 milhões de euros de que necessita.
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