Pontífice
afirma que Igreja deve buscar os motivos que levaram alguns países a
aprovar o casamento gay, segundo cardeal de Nova York
Foto: Max Rossi/Reuters |
VATICANO
— O Papa Francisco quer estudar as uniões homossexuais para entender
por que alguns países optaram por sua legalização, afirmou neste domingo
o cardeal de Nova York, Timothy Dolan, em mais um movimento de abertura
em relação a um tema tabu para a Igreja. Em entrevista ao programa
“Meet the Press”, da emissora americana NBC, o cardeal ressalvou que o
Pontífice não disse ser a favor do matrimônio gay, mas que “a Igreja
deve buscar e ver as razões que levaram alguns Estados a aprovar uniões
civis entre pessoas do mesmo sexo em vez de condená-las”.
Para Dolan, o casamento entre um homem e uma mulher não é algo que se
refere somente à religião e ao sacramento, mas representa “um elemento
de construção da sociedade e da cultura”.
- E se retirarmos o significado sagrado do casamento, temo que não só a
Igreja sofra, temo que a cultura e a sociedade também sofram - pontuou.
Na semana passada, o Papa Francisco disse em uma entrevista ao jornal
“Corriere della Sera” que é preciso analisar caso a caso as uniões civis
para casais homossexuais, mas reiterou que “o casamento é entre um
homem e uma mulher”.
Em outro comentário sobre o assunto que divide clérigos, o Pontífice
argentino afirmou, no ano passado, que a Igreja tem o direito de
manifestar as suas opiniões, mas não pode interferir espiritualmente nas
vidas de gays e lésbicas. Ele criticou religiosos cada vez mais
obcecados em pregar sobre o aborto, casamento gay e contracepção - e
disse que escolheu não falar sobre isso.
Na viagem de volta à Itália, após a Jornada Mundial da Juventude no
Brasil, em julho, Francisco saiu em defesa dos homossexuais, dizendo que
“eles não devem ser discriminados e devem ser integrados na sociedade”.
O GLOBO (EMAIL)
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS