Imagem: Divulgação / Governo Federal |
Brasil corre
para tentar estar pronto a tempo para receber a Copa do Mundo, em junho.
Com todos os atrasos, mortes causadas em acidentes na construção de
estádios e custos que extrapolam os valores previstos, o jornal The New
York Times também destaca com pessimismo que as prometidas melhorias no
transporte público só ficarão prontas bem depois que os jogos já tiverem
terminado.
No entanto, a
reportagem especial publicada no último sábado pelo jornal americano vai
além dos já tão conhecidos problemas da Copa e aponta que as obras do
mundial estão longe de serem os únicos elefantes brancos que comprovam o
“fiasco” brasileiro no gasto de dinheiro público em infraestrutura.
Fotos
desoladoras de construções inacabadas por todo o país ilustram a
matéria, que cita como exemplo projetos milionários desenhados pelo
arquiteto Oscar Niemeyer que, depois de prontos, estão agora abandonados
em cidades como Natal e Brasília.
Usinas de
energia eólica e até mesmo um museu de ufologia, construído com verbas
públicas na cidade de Varginha (MG), também aparecem como exemplo deste
fenômeno peculiar, que faz emergir as ruínas antes mesmo que o momento
áureo possa acontecer.
“Os projetos
para a Copa são apenas uma parte de um problema nacional bem maior, que
está lançando uma cortina de fumaça nas grandes ambições do país: uma
série de projetos luxuosos concebidos quando a economia estava em
crescimento, encontram-se agora abandonados, estagnados ou
descontroladamente acima do orçamento”, diz o jornal.
“Os
empreendimentos pretendiam ajudar a impulsionar a ascensão aparentemente
inexorável do Brasil. Mas agora que o país passa por uma ressaca
pós-boom, eles estão expondo os líderes da nação à crítica fulminante,
alimentando questionamentos sobre gastos desnecessários e incompetência,
enquanto os serviços básicos para a população permanecem terríveis”,
afirma outro trecho.
Transnordestina
O maior
destaque da reportagem - retratado inclusive através de um vídeo
complementar - é o faraônico projeto da Transnordestina, ferrovia que
começou a ser criada em 2006 com o objetivo de escoar a produção de soja
do interior do Nordeste para os portos do país.
O NYT aponta
que o projeto, que inicialmente custaria US$ 1,8 bilhão e deveria ter
sido entregue em 2010, tem agora orçamento estimado em pelo menos US$
3,2 bilhões, sendo a maior parte do valor financiado por bancos
públicos.
Ao visitar uma
comunidade situada em Paulistana, no Piauí, a reportagem constata que as
pontes inacabadas, ligadas por precárias estradas de terra, afetaram
negativamente o modo de vida da população local.
Famílias foram
retiradas de suas casas, e estas demolidas, e o aterramento necessário
para as obras iniciais deixou o solo seco, acabando com o antigo local
fértil de onde os moradores retiravam alimentos.
A conclusão do
jornal é que houve “baixa compensação, comparada com as perdas sofridas
por essa comunidade, fruto de uma obra que não trouxe retornos”.
Marina Pinhoni
Exame
Editado por Folha Política