"Muitas
vezes nos confundimos com pessoas que nos mostram que podemos contar,
mas na hora em que sentimos que viram as costas ou se calam, esta na
hora de parar e diminuir as expectativas e começar a olhar para si mesmo
e procurar as respostas pois muitas vezes o que sentimos tem muito mais
a ver com nos mesmo".
Eveline
A decepção é fruto da expectativa. Só me decepciono enquanto esperava, enquanto achava que seria assim, mas foi assado, afinal eu não merecia ! - pensamos com ar indignado.
Não estou tentando aqui relativizar um sentimento comum entre as
pessoas, claro, tem gente que realmente pisa na bola, age de forma não
esperada e nos pega de surpresa, mas, quando surge a decepção temos a
oportunidade de enxergarmos algumas coisinhas, uma delas é: O tamanho da
minha decepção é proporcional a expectativa que coloquei sobre algo ou
alguém.
Achamos normal esperar que as pessoas sejam o que gostaríamos, ou , para
ser mais exato, sem perceber tendemos a projetar no outro aquilo que eu
gostaria de ser ou de ter.
Que ele ou ela me deem todo o amor que eu preciso, que o amigo esteja
sempre disponível, que os pais me entendam e sejam compreensivos, que os
filhos me amem e estejam por perto, que o chefe seja educado, o colega
prestativo e assim, achando tudo justo e natural, acumulamos
expectativas sem perceber que cada expectativa é um embrião da
decepção.
O problema não está na decepção, mas na expectativa.
Você pode ficar triste com uma atitude não esperada, quando alguém age
de forma displicente, sem cuidado, mas manter-se sob o manto da
"decepção", tem muito mais a ver contigo, com o sentimento de auto
comiseração, do que com quem eventualmente praticou o ato. Isso é uma
escolha sua, não uma imposição de quem quer que seja.
Quanto o sentimento de decepção pegar pesado, olhe para si mesmo, não para o outro.
Pessoas erram, todas elas, todos nós. Pessoas são falhas, todos nós.
Todos tem seus limites, suas sombras, suas dificuldades em compreender o
outro, seus processos muitas vezes demorados.
Às vezes faço o que sei que não deveria fazer enquanto não pratico o bem que, na interioridade, desejaria. Sei como é.
Nossas relações acontecem concomitante a nossa relatividade, são espelhos nossos, refletem o que nos habita.
Portanto, independentemente do rumo que as histórias tomem, mesmo que
alguém tenha sido cruel contigo, sei que não é bom, sei que dói, sei que
é difícil, mas também sei que seus sentimentos tem muito mais a ver com
você do que qualquer outra pessoa.
Cure-se disso e siga seu caminho, mais experiente, mais consciente em
relação a natureza humana, crie menos expectativas e siga em paz.
Flavio Siqueira.