É
nosso dever criarmos uma escola onde o estudante não seja constrangido,
fechado, esmagado pelas nossas idéias, pela nossa estupidez, pelos
nossos temores; para que se desenvolva e se torne capaz de compreender
os seus problemas e de enfrentar a vida inteligentemente. Sabeis o que
isso reclama: não só um estudante inteligente, um estudante cheio de
vitalidade, mas também um verdadeiro educador. Mas não há verdadeiros
educadores, nem verdadeiros estudantes; eles estão ainda por nascer; e
temos de esforçar-nos, de investigar, de trabalhar com energia, até que
essa coisa se torne realidade. Sabeis que para se cultivar uma bela
rosa, necessita-se muito desvelo. Para escrevermos um poema, precisamos
ter o sentimento, ter as palavras próprias para exprimí-lo. Tudo isso
requer desvelo, vigilância. Por conseguinte, não achais muito
importante, esta nossa escola seja um estabelecimento de tal ordem? Se
não o for, não será por culpa de ninguém mais, senão de vós mesmos e dos
vossos mestres. Não digais: "os mestres não cuidam disso". A culpa será
deles, se se não criar um tal estabelecimento. Ninguém mais irá
criá-lo. Outros não o criarão; nós - vós e eu e os mestres - iremos
criá-lo. Esta é a verdadeira revolução: termos em nós o sentimento de
que esta é a escola que vós, e eu, e os mestres - todos juntos - estamos
edificando.
Krishnamurti - Debates sobre educação