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Pagar
propina vale a pena. Essa é a triste constatação de um novo estudo da
Universidade de Cambridge, que analisou 166 casos de corrupção ocorridos
em 52 países nas últimas três decadas. O esquema era sempre o mesmo:
uma empresa subornou políticos ou funcionários públicos para obter
vantagens ilegais, como burlar uma licitação ou fechar um contrato
irregular. E em todos os casos, deu certo - a empresa que pagou propina
obteve um retorno financeiro equivalente a 1 000% do dinheiro que
"investiu" na corrupção.
Entre os casos estudados pelos pesquisadores, a ocorrência de suborno
foi maior nos países mais pobres, onde a Justiça e as instituições são
mais fracas. Segundo o estudo, o valor pago muda de acordo com o cargo
da pessoa cuja mão foi molhada. Quanto mais importante a pessoa é, mais
cara também - funcionários de baixo escalão recebem em média 1,2% do
valor do contrato em propina, contra 4,7% pagos a chefes de Estado. As
empresas de construção são as que mais corrompem os políticos: são
responsáveis por 27,7% dos casos de suborno. Todos os casos estudados
pelos pesquisadores são escândalos que chegaram ao conhecimento da
população - e, em vários deles, as empresas corruptoras foram
processadas. Mas isso não foi suficiente para conter a prática. "O risco
de ser apanhado e condenado não é tão grande o suficiente para impedir
as empresas de subornar", diz o professor Raghavendra Rau, autor do
estudo.
Anna Carolina Rodrigues
Superinteressante
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