Imagem: Rádio Progresso |
No último dia 14 de abril a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) atualizou o seu site com
os dados gerais de gastos de publicidade estatal federal até o ano de
2012. Como de costume, os valores são apenas globais e por tipo de meio,
omitindo quanto cada veículo ganha.
Mas num artigo de
Roberto Bocorny Messias, secretário-executivo da Secom, pela primeira
vez foram divulgados de maneira aberta, pelo próprio governo, os dados
sobre cada uma das principais emissoras de TV do país. O texto foi
publicado pelo site “Observatório da Imprensa” em 16 de abril de 2013.
O dado a ser
destacado é a ainda fantástica prevalência das TVs abertas como meio
preferencial para o governo fazer sua propaganda. E entre as TVs, a
maior de todas é a Globo, apesar da queda em anos recentes.
Desde o ano
2000 (quando os dados passaram a ser compilados de maneira mais
precisa), a TV Globo recebeu R$ 5,9 bilhões para veicular publicidade
estatal federal –tanto da administração direta como indireta.
A imagem abaixo traz os dados sobre o que o governo federal gastou com TVs no ano passado e o acumulado desde o ano 2000:
Ao divulgar
esses dados, a Secom afirma fazer “mídia técnica” e dar a publicidade de
acordo com o tamanho de audiência de cada veículo. Nota-se que a
preocupação principal foi usar o caso da TV Globo como exemplo. A fatia
da emissora no bolo entre TVs caiu de 54,96% (em 2000) para 43,98% (em
2012) –muito por causa do avanço das TVs fechadas e da Record, como se
pode observar no gráfico:
Embora com a
Globo tenha acontecido uma acomodação compatível com o recuo da
liderança dessa emissora na audiência das TVs abertas, não há como
verificar se esse mesmo procedimento ocorre com todos os mais de 5.000
veículos cadastrados pelo governo federal para receberem verbas
publicitárias.
As tabelas
completas dos valores individuais investidos não são divulgadas. Não se
conhece o montante exato enviado a cada um dos meios de comunicação por
conta de propaganda estatal federal.
Ao divulgar os
dados via “Observatório da Imprensa”, a Secom tampouco entra muito no
mérito do uso de propaganda estatal de maneira tão disseminada. O
silêncio é compreensível. Esse é um costume de todos os governos no
Brasil, em todos os níveis, não importando o partido ao qual está
filiado o chefe da administração.
O problema é
que assim nunca é respondida a pergunta mais importante: por que um país
como o Brasil precisou gastar R$ 1,797 bilhão em propaganda em 2012?
Há o argumento
de que nesse bolo estão as empresas estatais que concorrem no mercado.
Precisam anunciar para sobreviver. De fato, é uma ponderação a ser
levada em conta. Mas levanta uma dúvida adicional: por que então os
gastos dessas estatais não são divulgados em detalhes, para que se saiba
em quais meios de comunicação estão investindo?
Aí a resposta
do governo é conhecida. Trata-se de informação de caráter reservado. Os
concorrentes privados das estatais poderiam tirar proveito se
conhecessem os dados. Bom, essa é uma disputa que no futuro certamente
será arbitrada na Justiça, pois está em conflito com a Lei de Acesso à
Informação.
TVs abertas e outros meios
No caso da
prevalência no Brasil das TV abertas na propaganda estatal federal, há
mudanças no horizonte. Sem prejuízo desse meio de comunicação, é
possível notar que tem ocorrido uma redistribuição na parte que sobra do
bolo.
De 2000 a 2012,
as TVs abertas continuaram soberanas. Aumentaram sua fatia nas verbas
de propaganda estatal federal: tinham 54,4% e hoje pularam para 62,3%.
Os jornais
impressos caíram de 21,1% para 8,2% desde o ano 2000 no bolo
publicitário federal. Emissoras de rádio e revistas saíram da faixa dos
9% e recuaram para a dos 7%.
Já internet e
mídia externa, que representavam quase nada no início da década passada,
agora ficam, somadas, com mais de 12%. Eis o gráfico evolutivo:
Fernando Rodrigues Blog
Editado por Folha Política
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