Por segurança, as vacinas recomendadas para mulheres grávidas contêm compostos chamados inativados, com micro-organismos não vivos
Assim como a gestante pode transmitir doenças ao feto,
ela também pode lhe fornecer imunizações. Por isso, mulheres grávidas
devem ficar atentas às orientações sobre as melhores práticas de
vacinação. Há vacinas que devem ser tomadas durante e depois da gravidez
- e outras que precisam ser evitadas.
“Ocorre passagem dos anticorpos que a mãe produziu ao
receber a vacina para o bebê através da placenta. Por exemplo, a mãe ao
ser vacinada contra o tétano transfere proteção ao bebê contra o tétano
neonatal, que é muito grave”, explica o Robério Dias Leite, que pesquisa
doenças infecciosas e leciona na faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC).
A vacinação contra a influenza em gestantes é uma
estratégia eficaz de proteção para a mãe e o lactente, conforme estudo
do Ministério da Saúde. "Entre as gestantes vacinadas no primeiro
trimestre, observou-se uma redução de 29% de doença respiratória aguda.
Os lactentes de mães vacinadas, em comparação com um grupo controle,
apresentaram uma redução de 63% (IC 95%: 5-85%) de doença respiratória
aguda confirmada por laboratório", aponta o informe da campanha de
vacinação deste ano.
Em setembro, o governo anunciou que oferecerá
gratuitamente a vacina dTpa (contra difteria, tétano e coqueluche
acelular) para gestantes a partir de 2014. Com a medida, o Ministério da
Saúde pretende, principalmente, frear o aumento recente de casos de
coqueluche oferecendo imunidade indiretamente aos bebês. Segundo dados
oficiais, 70% dos casos de coqueluche em 2011 foram em crianças menores
de um ano, e 92%, em bebês de até sete meses de idade.
"A vacinação de gestantes poderá contribuir tanto para a
diminuição da transmissão da doença para o lactente precoce, como
poderá oferecer proteção vacinal indireta nos primeiros meses de vida,
quando a criança ainda não teve a oportunidade de completar o esquema
vacinal", indica relatório de solicitação de incorporação da vacina ao
SUS.
Mas a gestante deve ter cuidado: nem toda vacina é
recomendada nesse período. A vacinação é a injeção de substâncias que
acarretam a produção de anticorpos no indivíduo e, assim, o tornam imune
ou resistente a certos vírus. As substâncias podem ser proteínas,
toxinas, bactérias e partes de vírus que promovem a reação desejada. Por
segurança, então, as vacinas recomendadas para mulheres grávidas são
aquelas de compostos chamados inativados, nos quais os micro-organismos
não estão vivos. Assim, não há risco de transmissão do vírus à criança.
Depois de dar à luz, as novas mamães ainda precisam
ficar atentas. A vacina contra a febre amarela, por exemplo, deve ser
evitada em lactantes até os seis meses do bebê, pois já houve casos de
crianças contaminadas pelo vírus dessa forma.
Transmissão de doenças
A importância da vacinação é ainda maior quando se lembra que transmissão de doenças da mãe ao bebê pode ocorrer em qualquer momento da gestação, durante o parto e a após o nascimento. “Vale ressaltar que muitas vezes a gestante não precisa ter sintomas da doença para transmitir ao bebê, o que dificulta a situação”, avalia o professor Robério Dias Leite.
A importância da vacinação é ainda maior quando se lembra que transmissão de doenças da mãe ao bebê pode ocorrer em qualquer momento da gestação, durante o parto e a após o nascimento. “Vale ressaltar que muitas vezes a gestante não precisa ter sintomas da doença para transmitir ao bebê, o que dificulta a situação”, avalia o professor Robério Dias Leite.
Há várias doenças que podem ser transmitidas, como
sífilis, toxoplasmose, HIV, hepatite B, rubéola, entre outras. “A
transmissão pode ocorrer porque a placenta é permeável à passagem desses
agentes infecciosos na dependência de vários fatores, tais como o
trimestre da gestação, o tipo de agente infeccioso e estado imunológico
da mãe, por exemplo”.
Também é possível a transmissão de doenças pela
amamentação, lembra o médico. “Felizmente essa transmissão através do
leite materno é muito rara. Ocorre, por exemplo, com o HIV e, por isso, a
mãe soropositiva não deve amamentar o filho. Em geral, quando ocorre no
primeiro trimestre, pode determinar aborto e malformações”.
Dias Leite explica ainda que há doenças que são mais
facilmente transmissíveis do que outras. “Depende muito da capacidade
individual de cada agente, da carga (quantidade) desse agente na mãe,
entre outros fatores. Por exemplo, o vírus da hepatite C é bem menos
transmissível que o vírus da hepatite B”, afirma.
Recomendações | Vacinas |
Recomendadas para grávidas | Influenza, Hepatite B, Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto ou Dupla do tipo adulto |
Apenas casos específicos | Hepatite A e Meningocócica conjugada |
Não recomendadas | Tríplice Viral, Varicela, Febre Amarela e HPV |
Recomendadas após o parto (dependendo do histórico de vacinação) | Hepatite B, Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) ou dupla do tipo adulto (dT), Tríplice Viral, Varicela, Influenza, Hepatite A, HPV, Meningocócica conjugada |
*Antes de se vacinar, consulte seu médico.