Há oito anos, no consultório de um psiquiatra, foi diagnosticada com
transtorno bipolar. Começou a tomar três remédios. "Um que te nocauteia,
te faz dormir 15 horas por dia; um que te levanta um pouquinho. E outro
que te faz sorrir. Daí, lógico que eu melhorei. Você vira um pássaro,
só falta voar."
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Ao assumir publicamente a bipolaridade, começou a receber convites para
estrelar campanhas publicitárias. "Fui convidada por entidades de
psiquiatria e fabricantes de remédios. Eu sacaneei. Pedi R$ 3 milhões.
As farmácias são trilhardárias. Se eu for vender isso, vão ganhar R$ 200
milhões. Essa indústria é f.. O medicamento que eu tomo é caríssimo."
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Virou referência, uma espécie de confessionário para os bipolares que
queriam dividir suas experiências. "Eu via as pessoas que se aproximavam
de mim e pensava: eu sou assim? Não, eu não sou!" Cinco anos depois de
conviver com a ideia de que tinha o transtorno, procurou outro
psiquiatra. Que garantiu: ela não era bipolar. Não precisava de
medicação controlada.
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"Tive um diagnóstico errado, feio. Os médicos fazem uma cirurgia falando
da 'trepada' que deram no dia anterior, que 'comeram' a enfermeira.
Esquecem espuma, instrumento dentro de você, porque ficam voando. É
muito grave eu sair de uma consulta com três receitas. Quem vai pagar o
dano? São bulas enormes, dobradas em mil."
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A atriz está agora escrevendo uma autobiografia. Nela, relatará as consequências do equívoco médico.
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Ainda hoje tenta se livrar de remédios. A meditação é a aliada sugerida
pela atual psiquiatra, que a auxilia a diminuir as doses de medicação.
"Sentando a bunda meia hora de manhã e à noite, tiro qualquer remédio
barra pesada. Meditação cura tudo."
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No ano passado, outra crise: dez dias antes do início das gravações, ela
desistiu de interpretar a enfermeira Ordália, de "Amor à Vida", papel
que Eliane Giardini acabou assumindo. "Eu não tinha condição emocional,
não podia trabalhar naquele momento. Meu único caminho foi me recolher."
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As informações de que teve desentendimentos com o autor da trama, Walcyr
Carrasco, e a atriz Susana Vieira são falsas, diz. "Sou funcionária da
Globo. Se me chamarem para assobiar e chupar cana, eu vou. Mas, pela
primeira vez em 30 anos, senti que não ia dar conta. Uma hora ia dar uma
m.. Era melhor sair antes de começar."
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Cássia guarda as minúcias para o livro, que planeja lançar até 2015.
"Não vou te contar tudo, tá louca? Eu quero é vender biografia."
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Num passeio em uma livraria, comprou "As Quatro Nobres Verdades do
Budismo" e deu de presente para a repórter. "Meu marido [o psicanalista
João Magro], que é o salvador da pátria, me deu esse livro. Foi a minha
luz."
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Adotou dieta saudável quando percebeu, aos 15 anos, que arroz integral
colocava seu intestino em pleno funcionamento. Já testou dietas e jejuns
e hoje acredita na cura pela alimentação. Mas sem radicalizar. Até
comeu pão no almoço, por exemplo.
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Nunca fez plástica. "Você vai tirar pelanca do olho. Quem te garante que
não vai ficar de olho aberto, sem fechar nunca mais? Prefiro rugas do
que a orelha fora do lugar. Por que não se discute isso? Porque tudo é
mercado."
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Interpretou Maria, mãe de Jesus, na Jornada Mundial da Juventude. "Foi
uma polêmica do cão, os jovens me perguntavam: 'Você é católica?', 'Quem
é você para viver Maria?'. Acabei me considerando muito mais católica
que muita gente que tava ali."
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Cássia Kis, 55, interrompeu uma gravidez aos 30 anos. Hoje, integra o
movimento católico Pró-Vida, radicalmente contra a descriminalização do
aborto. "Carrego não uma culpa, mas a história de uma vida que eu tirei.
Sou dona do meu destino, mas não posso ser dona do destino de outro
ser." Participa de passeatas ao lado de Elba Ramalho.
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Mãe de quatro filhos --de 9, 11, 16 e 18 anos-- de dois casamentos
anteriores, faz questão de reunir todos à mesa para o jantar. "Cuidar
talvez seja a palavra mais importante da minha vida. Aprendi sobretudo
depois de me casar com o João. Ele pegou esse verbo e fez assim, ó [como
se marca gado], na minha pele."
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"Se existe uma guerra de verdade, é dentro da família. Filho matando
mãe, mãe matando filho. É a historia da humanidade", afirma, ao falar
dos projetos profissionais para os próximos anos, todos sobre dilemas
familiares. Em março, estreia a peça "Deus Salve a Rainha", no Rio. E,
no ano que vem, atuará no longa "Juliano Pavollini", dirigido por Caio
Blat.
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Uma vez por semana, os filhos dormem em seu quarto. "Todo mundo puxa o
colchão, parece um acampamento." O caçula, que mamou até os quatro anos,
ainda tem mimo especial: é levado até lá no colo de Cássia.
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Está levando a mãe, Piedade, com quem deixou de conviver aos 15, quando
saiu de casa, para morar com ela. "Fiz uma suíte com tanto amor. Moro
numa casa bárbara, em frente à praia." Preparou o
cenário e vislumbra as melhores cenas. "Ela vai ter os netos por perto.
Vou poder dizer pra meus filhos: 'Maria, vá dar o 'remedinho' pra sua
avó'; 'Joaquim, prepara o mingau dela'."
Fonte: FOLHA