Em vista da onda do Outubro Rosa que vemos pelo Brasil e pelo mundo, gostaria de apresentar algumas informações que colocam em dúvida a eficácia e segurança dos exames de mamografia que estão sendo propagandeados nestas campanha.
O Serviço Nacional de Saúde britânico foi acusado de promover os benefícios dos exames de câncer da mama, sem advertir as mulheres sobre os riscos, em uma carta assinada por 23 pessoas e publicada no The Times. A carta veio em resposta às conclusões de um estudo realizado por pesquisadores do Centro Cochrane do Câncer da Mama e Diagnósticos, publicado no British Medical Journal.
O estudo do Centro Cochrane concluiu que os riscos e benefícios dos exames de câncer da mama são muito mais complexos do que a realidade apresentada pelo NHS (Serviço de Saúde Britânico).
"O folheto [informativo do NHS] tem o título oficial 'Exames de mama: os fatos', sugerindo que a informação pode ser confiável... [mas] é inadequada como base para consentimento informado", disse o pesquisador Peter Gotzsche.
Os pesquisadores descobriram que, para cada 2.000 mulheres que recebem regularmente o exame do câncer da mama há 10 anos, apenas uma vida seria salva. Ao mesmo tempo, 10 mulheres que recebem o tratamento do câncer da mama desnecessariamente, incluindo radiação, quimioterapia e remoção completa ou parcial da mama. Duzentas mulheres, ou uma em cada 10, receberia um falso positivo em pelo menos um teste.
O estudo também descobriu que, enquanto um em cada cinco cânceres de mama diagnosticados é uma variedade não-invasiva chamado ducal carcinoma in situ (DCIS) a literatura do NHS não menciona nada sobre DCIS.
De acordo com o signatário da carta Michael Baum, não há evidências de que o aumento dos exames de câncer de mama nos últimos anos tenha realmente refletido em vidas sendo salvas.
"O número de cânceres de mama invasivos sendo detectados não está caindo, apesar do número de casos captados pela exames aumentarem drasticamente", disse Baum. "Você esperaria o número de cânceres graves cairem porque a detecção precoce significaria que os casos de DCIS não estão progredindo. Algo não fecha. aqui"
A Signatária e Ministra do Parlamento Margaret McCartney pediu uma reavaliação das recomendações de exames do governo.
"É complacente e arrogante pensar que devemos continuar com serviços de exames", disse ela."É a hora de repensarmos sobre o assunto."
A conclusão do estudo apresentado no estudo "Mortalidade por câncer de mama em mamografia organizada na Dinamarca: estudo comparativo":
Não fomos capazes de encontrar um efeito do programa de exames dinamarquês sobre a mortalidade por câncer de mama. As reduções na mortalidade por câncer de mama que observamos em regiões examinadas foram semelhantes ou menores do que aqueles em áreas não-selecionados e em grupos etários jovens demais para se beneficiar de dos exames, e são mais provavelmente explicadas por mudanças nos fatores de risco e melhor tratamentos do que nos exames de mamografia .De acordo com o estudo publicado no Annals of Internal Medicine, "após 10 anos de mamografias anuais, mais da metade das mulheres vai receber pelo menos um falso-positivo, e de 7% para 9% irão receber uma recomendação de falso-positivo de biópsia."
Nota blog: não pretendemos com este artigo invalidar a utilidade do exame de mamografia, mas apresentar informações para que as mulheres tenham uma decisão mais informada ao se submeter a estes exames.
Em breve mais artigos e estudos sobre o assunto.
Fontes:
- Natural News: Breast Cancer Screening Not as Accurate or Life-Saving as Widely Believed
- London Evening Standard: Ministers 'fail to warn of cancer screening risks'
- [ESTUDO] Breast cancer mortality in organised mammography screening in Denmark: comparative study
- [ESTUDO] Harms from breast cancer screening outweigh benefits if death caused by treatment is included
- [ESTUDO] Cumulative Probability of False-Positive Recall or Biopsy Recommendation After 10 Years of Screening Mammography: A Cohort Study
- Benefit and harms of mammography screening, and invitations to screening [PDF]