Por Rev. Leandro Lima
Desde
o primeiro dia que a televisão deu a notícia da chacina na zona norte
de São Paulo, eu não consegui acreditar que o garoto de treze anos
poderia ser o assassino da família. Hoje, a mídia começa a especular
outras possibilidades, falando sobre possíveis denúncias feitas pela mãe
do garoto (que é policial) a respeito de policiais corruptos, o que
poderia conduzir a investigação para outros rumos. Todos nós, de certo
modo, ansiamos para que haja outra explicação para o caso, e talvez
possa haver mesmo. Porém, meditando nesse terrível assunto, a pergunta
acima começou a se tornar importante para mim. Ela é reveladora de
anseios profundos que habitam nossa alma, e infelizmente, muitos desses
anseios são completamente infundados e mentirosos.
Em
primeiro lugar é difícil para nós aceitar que um garoto de treze anos
possa fazer algo assim tão terrível porque alimentamos a ilusória
esperança de que o ser humano não seja tão perverso quanto é. É uma
ilusão romântica que, apesar de todos os desmentidos da mídia a nos
mostrar diariamente o que o ser humano é capaz de fazer, ainda assim,
lutamos desesperadamente para crer que resta algo de bom nessa raça que a
Bíblia chama de decaída, pervertida e corrupta (Fp 2.15; Jr 17.9; Rm
3.10-12,23).
Em
segundo lugar, há uma ilusão ainda mais arraigada em nosso coração a
respeito da bondade inerente dos infantes. Queremos acreditar que o
terrível mal do pecado não os atingiu, ou que só os atinge a partir de
certa idade, ignorando o ensino bíblico de que todos já nascem pecadores
(Rm 5.12, Sl 51.5).
No
entanto, todo esse caso também nos ensina algo importante que, se for
considerado atentamente, poderá trazer grande benefício para a vida das
pessoas. A primeira lição é que todas as pessoas (inclusive nós) são
capazes de realizar os atos mais terríveis. Há potencial em cada ser
humano para ser o pior dos criminosos. Deus refreia a pecaminosidade
humana a fim de impedir que esse mundo se torne um verdadeiro inferno.
No entanto, de tempos em tempos, ele solta os freios de algumas pessoas,
que ficam como testemunhos perante nossos olhos do verdadeiro mal que
habita em todos nós. Até porque, somente quando o ser humano compreende
sua condição, seu estado deplorável, sua absoluta inaptidão para ser
justo, é que ele está preparado para receber o maior dos presentes de
Deus: a salvação. Quando toma consciência de sua pecaminosidade, de seu
terrível e completo estado de perdição, o homem pode compreender o amor
de Deus que enviou seu próprio Filho para sofrer a maior das violências
na cruz, e assim conduzir os perdidos aos braços do Pai (Jo 3.16, Rm
5.8).
Talvez
o garoto não tenha realizado o que estão atribuindo a ele. Mas há algo
que não podemos ignorar: ele pode ter feito isso. Não devemos acompanhar
esse tipo de caso com um sentimento mórbido por ver o mal dos outros,
e, às vezes, alimentar um senso inócuo de superioridade por não estar em
situação semelhante; antes, humilhados diante de Deus, reconhecendo
toda a falência espiritual do gênero humano, suplicar sua misericórdia
para nosso mundo; ansiar e contribuir para que o Evangelho alcance e
transforme mais vidas; e que o Reino vindouro venha depressa. Maranata!
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