Foi-se o
tempo em que a escola apenas cuidava dos saberes
acadêmicos... Foi-se o tempo que a maior
preocupação de todo educador era se o seu aluno
estava aprendendo... Foi-se o tempo que cada segmento da sociedade dava
conta (ou pelo menos tentava) de suas responsabilidades.... Foi-se o
tempo...
Hoje,
essas responsabilidades foram delegadas unilateralmente à
instituição escolar. A princípio,
essas competências delegadas estavam alicerçadas
na competência histórica da escola que, de um modo
ou de outro, sempre dava conta de seu papel dentro da sociedade, por
vezes um tanto distorcido pelas políticas temporais e, por
vezes, acertado pelas ações de nossos educadores.
Mas com o tempo isso passou a ser um processo
“osmótico”, algo como “passa a
bola para escola que ela resolve”.
Hoje a
escola, além de seu papel educacional (gerenciadora da
construção do conhecimento do aluno),
abraçou o social, o judicial, o psicológico, o
terapêutico-familiar, não mais como uma parceira
dos vários segmentos da sociedade, mas sim, atuando em seu
lugar, muitas vezes.
Todas as
mazelas sociais, frutos das políticas hipócritas
e desastrosas (em todas as áreas), têm na escola o
fármaco ideal. A escola se tornou a porta de entrada de um
número incontável de programas sociais (como o
bolsa família) e passou a ser a “tutora”
de menores que cometeram atos infracionais e que estão
cumprindo medidas socioeducativas.
Sob o
enfoque das benesses sociais, a escola não pode se tornar
prisioneira de uma política assistencialista, que
não enxerga a escola como um processo, mas sim e
simplesmente, como um meio. O simples fato de associar a
matrícula e a frequência escolar como o
“start” ao programa social banaliza a
importância educacional da escola, pois um grande
número de famílias que são
beneficiadas pela “bolsa família”
só procuram a escola quando ocorre um problema no
recebimento do benefício. Não há, em
momento algum, um direcionamento pedagógico, um mecanismo de
construção da consciência
cidadã.
Já
na questão de “tutora” de menores
infratores, a escola transita entre o utópico e o real. O
utópico, pelo fato de se pensar que os
órgãos das áreas competentes
(área judicial, social e médica) irão
dar suporte à escola para gerenciar os efeitos dessa
inclusão no cotidiano escolar, pois a realidade tem mostrado
que os segmentos da sociedade que deveriam dar suporte à
ação educativa da escola, simplesmente lavam as
mãos e se esquecem da “parceria”,
daquilo que lhes compete. O real, pois a escola está sozinha
nessa caminhada. O que se observa é a ingerência
desses “órgãos competentes”
no cotidiano escolar é de transferir as suas
responsabilidades aos gestores escolares.
Se todos
os segmentos da sociedade, incluindo-se aqui os Poderes
Públicos e Privados, dessem conta de suas responsabilidades
sem delegar, muitas vezes sem a querência da
instituição escolar, ela (Escola) poderia
concentrar todas as suas ações, entre elas as
Parcerias, nas questões estritamente pedagógicas
e, naturalmente, sem que fosse algo imposto pelas inversões
de valores ocasionados pelo fluxo social esmagador. A escola poderia,
de fato, ser uma grande parceira nas ações
sociais e preventivas.
Quando
será que a Educação no Brasil
deixará de ser apenas plataforma de campanhas
políticas hipócritas?
Marcelo Luís