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A companhia resultante desse acordo supera
gigantes como a New Oriental, da China, e a Apollo, dos EUA. Com 15% de
todos os alunos de ensino superior no Brasil (cerca de um milhão deles),
a transação ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade). Mas já é considerada como a cereja no bolo de
um movimento de compras e vendas iniciada há seis anos no setor, e que
já registra 180 negociações desde então.
Economicamente,
tudo bem, obrigado. A notícia foi recebida de bom grado pelos
investidores. Eles correram à principal bolsa de valores do Brasil, a
Bovespa, e turbinaram o pregão do dia. Na verdade, bem antes da fusão
bilionária, as empresas de educação já colecionavam desempenhos muito
interessantes. Para se ter uma ideia, enquanto a Bovespa acumula queda
de 13,4% nos últimos 12 meses, a ações da Kroton registraram valorização
de 112% no período. E a Anhanguera, 39%.
Mas deixando
os números de lado, tamanha pujança monetária desse mercado pouco ou
nada impacta na qualidade do serviço prestado como um todo. A existência
desses grandes grupos não diminuiu o nível de qualidade da educação no
país. Também não eleva. Quem vai estudar na Kroton e na Anhanguera
trabalha o dia todo para pagar a mensalidade. E ainda por cima cursou o
ensino médio em colégio público, com metodologia e infraestrura desinte
ressante. Exatamente por isso, na ótica do consumidor da educação -
privada e principalmente da pública -, o Brasil permanece com seu triste
papel em avaliações internacionais, seja na formação básica,
universitária ou nos cursos de pós-graduação.
Recentemente,
um informe apresentado pelo Fórum Econômico Mundial alertou que, com um
dos piores ensinos de matemática e ciências do mundo, o país reduz sua
capacidade de adaptação ao mundo digital. Em tempos de economia
criativa, negócios virtuais e startups bem-sucedidas como Google e
Facebook, o Brasil subiu apenas da 65.ª para a 60.ª posição entre as
nações mais preparadas para aproveitar as novas tecnologias em seu
crescimento no último ano.
O principal mercado da
América Latina está atrás de Chade, Suazilândia e Azerbaijão quando o
assunto é educação em geral. Falando especificamente sobre ciência,
apesar dos investimentos públicos em infraestrutura e de um certo
dinamismo do setor privado nacional, Chile, Panamá, Uruguai e Costa Rica
estão melhores preparados para enfrentar o mundo digital que o Brasil.
Ainda
há um longo caminho para se percorrer no que tange as melhorias da
educação brasileira. E, certamente, a rota dessa evolução passa bem
longe da bolsa de valores ou do interesse imediato de seus investidores.