O crescimento de sex shops voltados para o público cristão é uma realidade que já há alguns anos vem se tornando popular nos Estados Unidos. Agora, a prática, que já existe também em países como a Holanda,
começa a se disseminar também no Brasil, com o início de empresas que
apostam nas vendas de apetrechos sexuais pela internet para abarcar os
evangélicos como público.
Empreendimentos desse tipo normalmente tem a internet como seu campo
principal de atuação, sob a justificativa de manter a privacidade de
seus clientes. De acordo com o iG, uma empresa pioneira nesse mercado no
Brasil é gerida pelo empresário Maicon Santos, um solteiro de 30 anos,
que afirma que sua ideia para o empreendimento “surgiu ao ler livros
evangélicos sobre sexo, divórcios e casamentos nas igrejas”.
- Percebi a falta de ‘atrativos’ para ajudar na manutenção do
relacionamento. Após pesquisas, descobri que já existem sites no
exterior e adotei a ideia – explicou o empresário, que afirma que o
diferencial da sua empreitada está na venda de produtos para casais e
produtos sensuais ‘leves’.
- Não temos artigos sadomasoquistas, anais, nem homossexuais. O site
já está no ar há um ano e vende bem – explica Maicon, que é evangélico,
mas não frequenta a igreja.
O casal cristão Hugo e Lorena Brandão, de 28 e 27 anos, juntos há
cinco e pais de bebê de um ano, defendem a ideia afirmando que usar
apetrechos sexuais durante a relação não é pecado.
- Tudo vale a pena com moderação. Fantasias, gel e algemas deixam o
relacionamento renovado, surpreendem o parceiro – acredita Hugo, que só
não vê revistas ou vídeos pornográficos porque quer “sempre manter a
esposa como foco principal do desejo”.
O empreendimento é também visto com bons olhos pelo pastor Daniel
Lopes, da Assembleia de Deus de Rocha Miranda, que encara com
naturalidade a novidade, mas diz que ainda há limites.
- Não vejo problema de casais casados comprarem artigos de sex shops,
contanto que os dois concordem – explica o pastor, que é casado há mais
de 20 anos e usa o livro bíblico de Cantares como pilar para defender a
ideia.
- Existem muitas pessoas retrógradas, que não leem a Bíblia. O livro
de Cantares mostra como deve ser uma vida a dois. O mais importante é
que haja amor, compreensão, diálogo, sinceridade e respeito entre o
casal. Não existe casamento perfeito, mas existe casamento feliz –
completa.
André Sanchez, que é presbítero na Igreja Presbiteriana Bela Jerusalém, em Ribeirão Preto, e colunista do Gospel+, vê o uso de objetos comumente encontrados no sex shop com cautela.
Apesar de afirmar que o uso de alguns itens para apimentar a relação
não seja pecado, ele ressalta que “nem tudo que tem dentro de um sexshop
deve ser usado por um cristão”.
- É preciso refletir se aquilo de alguma forma fere algum principio
da Palavra de Deus. Ou se aquilo não fere a dignidade do casal, ou do
homem e da mulher enquanto filhos de Deus, ou gere conflito ao invés de
unir. É algo que precisa ser bem pensado já que hoje nosso mundo tem
sido muito atormentado com distorções em relação ao sexo e a sexualidade
– ressalta Sanchez.
A agente de viagens Aline Suzano e o militar André Sanches, ambos de
31 anos, são casados há três anos e afirmam não dispensarem novidades
que “agitem a rotina”. Aline afirma ainda que espera ver as igrejas
tratarem o tema com mais abertura.
- Nas reuniões de jovens que estão se preparando para se casar o assunto deve ser discutido – afirma.
Por Dan Martins, para o Gospel+