O
Ministério da Saúde estaria preparando a distribuição de panfletos
durante a Parada Gay para orientar sobre o uso de cocaína e outras
drogas, com dicas de como ingeri-las sem riscos de transmissão de
doenças contagiosas.
O panfleto dobrável formaria uma cartilha com mensagens diretas e
objetivas: “Para cheirar, prefira um canudo individual a notas de
dinheiro”, instrui o material, que também ensina como usar maconha:
“Faça uma piteira de papel se for rolar um baseado”, sugere que esses
instrumentos sejam individuais: “Compartilhe a droga, nunca o material a
ser usado”.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a cartilha trazo logo
do governo federal e seu slogan “Brasil – Um País de Todos”.
Consultado, o Ministério da Saúde confirmou as frases usadas no
panfleto e afirmou que a abordagem direta segue uma política de “redução
de danos”.
O material deve ser distribuído em entidades e locais onde acontecem encontros e eventos de grupos LGBT.
De acordo com Regina Fachini, vice-presidente da Parada do Orgulho
GLBT de São Paulo, a mensagem direta se justifica por “alertar para o
risco de contaminação durante o uso de drogas”, e pode ter resultados
efetivos: “É a idéia de redução de danos para afastar riscos de doenças
transmissíveis, como a Aids”, diz.
Porém, o delegado Wuppslander Ferreira Neto, do Departamento de
Investigações sobre Narcóticos (DENARC), discorda da postura adotada
pelo governo e pelas entidades LGBT, e afirma que investigará se está
havendo facilitação ou omissão ao tráfico de drogas: “O lançamento de um
panfleto assim mostra que a parada reconhece que lá vai se usar cocaína
e maconha”, observa o delegado.
“Esse panfleto é uma aberração. É um incentivo ao uso de drogas e ao
tráfico, que são crimes. A preocupação em alertar para cuidados de
higiene não pode ser maior que a preocupação sobre o uso de drogas”,
critica Neto.
Já o médico Hélio Vasconcelos Lopes pondera sobre os dois lados da
questão: “O ideal é não usar droga nenhuma, mas a divulgação dos
cuidados é positiva para minimizar problemas”, afirma.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+