Malafaia disse que vai entrar na justiça contra a revista Forbes para “ferrar esses caras”. Não satisfeito, apresenta justificativas estapafúrdias para o seu imenso patrimônio e completa a farsa defendendo teoriasconspiratórias

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Na semana passada, Malafaia e outros pastores evangélicos “multimilionários” foram tema de reportagem da publicação norte-americana que listava o patrimônio de cada um e mostrava a fé como um “negócio altamente lucrativo” no Brasil.
Malafaia defende que seus bens somam 6 milhões de reais e não 150, como apontou estimativa da reportagem.
As declarações foram dadas à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Ou seja, segundo o pastor, sua fortuna chegaria a apenas 4% do divulgado pela reportagem, que, por sua vez, alega basear-se em números da imprensa brasileira e, em alguns casos, do Ministério Público e da Polícia Federal.
"Vivo de renda voluntária. Eles me prejudicaram. (O fiel) vê aquilo e pensa, 'ih, não vou (dar o dízimo), tá me roubando", disse ao jornal.

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Malafaia é o único dos 5 pastores mencionados a se posicionar publicamente contra a matéria da Forbes. Edir Macedo, que aparece como o mais rico do Brasil - com patrimônio de quase um bilhão de dólares - além de R.R. Soares, Valdemiro Santiago e o casal Sonia e Estevam Hernandes não divulgaram notas ou se manifestaram nas redes sociais.
No mesmo dia da publicação, Malafaia já havia divulgado resposta em que diz que nunca escondeu nada da imprensa.
Malafaia disse que a maior parte do seu patrimônio é formada por nove imóveis, entre eles, uma  casa na zona oeste do Rio de Janeiro, estimada em R$ 2,5 milhões, apartamentos para os três filhos avaliados em R$ 400 mil cada um, e um apartamento em Boca Raton, na Flórida, no valor de R$ 500 mil. 
Em sua página oficial no Facebook, Malafaia se defendeu postando por várias vezes o link de um comunicado oficial emitido por ele sobre o assunto na sexta-feira (18/01) e publicado no site Verdade Gospel, no qual diz que vai se defender da “safadeza” inescrupulosa da Forbes. 
O texto, assinado por Malafaia, diz que "existe um jogo muito bem organizado para denegrir pastores evangélicos a fim de que a sociedade tenha uma ideia de que pastor é um malandro usurpando dinheiro de imbecis e idiotas.".

Truque velho. Malafaia quer estender a servos fieis as críticas que recebe a fim de ganhar simpatizantes e defensores e, para tanto, apela para a conhecida propensão doentia de muitos evangélicos de produzir teorias conspiratórias.

Que injustiça contigo, Silas Malafaia!  Idi Amin Dada, Imelda Marcos, Pinochet e o barão das drogas Pablo Escobar também foram listados pela Forbes e discordaram dos critérios da revista. Gente perseguida, como você, por conta da bondade e desprendimento. Eu te aconselho a pedir o seu passaporte diplomático e se refugiar na Suiça... 

AS DESCULPAS ESFARRAPADAS DE SILAS MALAFAIA

O pastor diz que nunca negou informação a nenhum veículo de mídia, que todo o seu patrimônio foi constituído de forma legal e que há 25 anos não recebe salário pelo seu trabalho como pastor.
"Se juntarmos a receita da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que não é minha, mais a receita da Associação Vitória em Cristo, que não é minha, com mais o faturamento da Editora Central Gospel, que é minha propriedade, mais as ofertas voluntárias que recebo por palestras dadas, não dá a metade do que eles anunciaram como receita pessoal minha. É só para vocês verem a safadeza e a cachorrada desses inescrupulosos", diz um trecho da carta.
Por fim, Malafaia diz que todo o seu patrimônio foi declarado à Receita Federal e que entrará com processo contra a Forbes para provar a mentira.

Queremos ver esta façanha!
Segundo a Forbes, os dados mostrados na reportagem foram apurados a partir de informações públicas divulgadas em matérias de veículos de imprensa, incluindo dados originalmente divulgados pelo Ministério Público e a  Polícia Federal.

A FORTUNA E AS MARACUTAIAS DE MALAFAIA

O aviao de US$ 12 milhões ficou fora da conta de Malafaia

O Sr. Silas Malafaia pensa que todo mundo é tão estúpido quanto os incautos que colaboram com as suas campanhas. Suas observações são completamente estapafúrdias.

Passando ao largo da súbita crise de humildade de Silas Malafaia ao avaliar seus humildes imóveis, vale a pena lembrar alguns fatos importantes, os quais, certamente, não escaparam da análise dos jornalistas da Forbes:

- A Associação Vitória em Cristo é o destino de todas as doações e “sementes” dos contribuintes do ministério do Silas Malafaia. O telepastor afirma que a associação não lhe pertence. Sob o aspecto formal, o patrimônio da ADVEC pode até não ser de sua propriedade pessoal declarada. A ADVEC é uma entidade “sem fins lucrativos”. Estas associações são criações visando benefícios fiscais permitidos pela lei e são o formato legal de muitos “ministérios”. O que todo mundo sabe, exceto o néscio, é que, obviamente, o controlador do patrimônio e o beneficiário principal de tais associações não são outros se não os “donos” dos respectivos ministérios associados.


A ADVEC é proprietária do avião de 12 milhões de dólares que o Malafaia usa. O avião é da associação, mas quem voa e se aproveita do alto luxo da aeronave é o Silas. Aliais, todo o patrimônio da tal associação serve tão somente ao Silas Malafaia e a sua família. Ai inclusos carros de luxo, imóveis, carretas, utilitários, retiradas vultosas e muito mais! A quem a Revista Forbes atribuiria este patrimônio? Ao Sunda? Ao Mário? Creio que não!

- A Central Gospel, todos sabem, é uma das principais editoras do país. O dono é o Malafaia. O pastor esqueceu de dizer isto a Mônica Bergamo da Folha de São Paulo, quando estimou o seu patrimônio pessoal em pouco mais de 6 milhões de reais. Contudo, em diversos outros momentos quando o contexto era outro, Malafaia fez questão de informar que é o maior vendedor de DVDs e livros evangélicos do Brasil. Lançou aos quatro ventos  os números de suas vendas impressionantes. Não é preciso muito esforço para estimar o valor desta empresa.


Sede do complexo de Malafaia ANTES das melhorias (2006)

Outro dia mesmo, o pastor em um ato de pura vaidade informou vender mais de 1 milhão de DVDs por ano, por isto dispensava o salário de pastor. A Central Gospel vende centenas de títulos. Os DVDs do Malafaia são apenas um dos milhares de produtos do seu catálogo. Se o Malafaia não exagerou nos números, só os seus DVDs (vendidos em média por R$ 20, cada) representam vendas anuais de R$ 20 milhões! Todo sabem que os DVDs do Malafaia são cultos e palestras (mal e porcamente gravados). Nada que dependa de grande produção. Estamos falando de um negócio com uma margem de, no mínimo, R$ 15 milhões ao ano! E este é só um item! Quanto vale uma empresa destas? Com suas muitas lojas, parque industrial ocupando quarteirão na zona leste do Rio de janeiro e a receita espetacular garantindo valor significativo para a empresa?


Contratos milionários. O dono é Gizuz!

Não precisa muita conta não. Vale uma fortuna! Ainda mais agora que temos a gravadora Central Gospel. Malafaia entrou no mercado fonográfico de forma contundente e contratou artistas de peso, como por exemplo: Eyshila, Perla, etc.


Voltemos  à Associação Vitória em Cristo. Malafaia frequentemente divulga seus gastos com a compra de horários de TV, realização de eventos, cruzadas e tal... A conta não fecha! A ADVEC é uma máquina de fazer dinheiro e a sua comunicação com o patrimônio pessoal do Malafaia é tão evidente quanto a comunicação da TV Record (patrimônio de Edir Macedo) com a receita da Igreja Universal. No primeiro caso, a compra de espaço a preços inflados garante que o dinheiro dos dízimos escorra para os bolsos de Macedo. No caso de Malafaia, além do uso pessoal do patrimônio da sua associação de estimação (e hereditária, ou alguém imagina que quando o Malafaia morrer o avião será doado aos pobres, risos!), a ADVEC compra os espaços na TV para o uso do Malafaia.

E o que o Malafaia faz com seus espaços na TV? Esculacha seus adversários e críticos, apresenta suas heresias e suas campanhas infames e... Vende livros, CDs, bíblias ungidas e DVDs! De quem? Da Central Gospel! A sua editora. Ou seja, a associação com benefícios fiscais financia as propagandas do negócio do Malafaia. As ofertas bancam os anúncios na TV da Central Gospel. Está tudo conectado!

Tá certo Malafaia. Aqui só tem idiota! O único esperto é você!


Opiniões abalizadas. Só que não.

Como se o constrangimento pesando sobre a  comunidade evangélica já não fosse o suficiente, fatos paralelos são somados ao descalabro geral. Levantam-se vozes dissonantes que, ao invés de admoestar os líderes milionários e pontuar o desagravo da sociedade se colocam na posição de defesa dos evangélicos, como se tais críticas feitas aos estelionatários da fé fossem, de alguma forma, dirigidas aos de boa-fé. Já outros, igualmente prejudiciais, se colocam na posição de oferecer justificativas para o descalabro dos seus líderes, desacreditar os números divulgados ou desviar o foco da questão e, ainda, dando fundamento de defesa aos pastores milionários.

E quando o autor do petardo é alguém que deveria ter mais preparo do que a média? Alguém de quem se esperava vigorosa defesa da ética?


Opiniões aleatórias.
Em um conhecido portal cristão (AQUI) encontramos a seguinte declaração de Uziel Santana Dos Santos, presidente da recém criada ANAJURE –Associação Brasileira dos Juristas Evangélicos- levantando suspeita de ilegalidade na realização do levantamento da Forbes: 
“Independentemente do mérito da questão, é grave o fato de que possivelmente houve violação de dados protegidos por sigilo bancário e fiscal. Isso é tão violento, quanto fazer mercancia da fé, enganando os que têm menor discernimento da realidade. Certamente, dois abusos a serem coibidos, inclusive penalmente. Certamente, dois ilícitos que mitigam princípios basilares do Estado Democrático de Direito. Com a palavra, a Polícia Federal e o Ministério Público”.

Que temeridade! Como o presidente de uma associação de juristas que pretende representar os evangélicos oferece um parecer sobre um assunto que pouco conhece e ainda cometendo a imprudência de afirmar que o principal periódico de economia e negócios do mundo pode ter cometido crimes durante a produção da referida matéria? O ilustre jurista deu um parecer em um veículo de imprensa  sobre um tema de repercussão internacional de "orelhada"? Agora, imagine, meu caro leitor, a impressão que fica no exterior acerca dos evangélicos brasileiros com a inclusão de mais  este detalhe na pilha de nossas vergonhas! 
Uziel Santana opina sobre o que desconhece e diz suspeitar que a revista Forbes pode ter se valido de informações protegidas por sigilo bancário ou fiscal. Meu Deus! Será possível que o presidente da ANAJURE não se dá ao menos ao trabalho de ler a matéria original em inglês antes de produzir uma declaração tão maliciosa? Eu até entendo que o ilustre jurista desconheça a tradição da revista Forbes na produção de listas de estimativas patrimoniais, mas dai a emitir opinião sem se inteirar dos fatos é lamentável!

A Forbes foi fundada em 1917. Está presente em dezenas de países e é a revista de negócios mais respeitada do mundo. Suas listas são famosas e os critérios para a sua elaboração são amplamente respeitados. A metodologia adotada varia segundo o perfil da lista, mas é sempre sólida e sujeita a checagens múltiplas. As fontes são sempre públicas e confiáveis e as avaliações seguem critérios conhecidos e adotados pelos mercados de arte, valores e imobiliário.

No caso da lista dos pastores, a revista deixou claro que se trata de uma estimativa baseada em informações públicas divulgadas pela imprensa ou pelo Ministério Público e Polícia Federal. Pode se reclamar da acuidade desta avaliação preliminar baseada em fontes secundárias, em comparação com os critérios mais estritos das listas tradicionais da revista, mas não tem qualquer cabimento desviar a discussão para uma eventual quebra de sigilo bancário e fiscal. Em todos os casos, as informações para a elaboração das listas são fontes primárias e secundárias de domínio público. Isto é um fato conhecido pelo mercado e que não poderia escapar a alguém que se apresenta como presidente de uma associação de juristas.

Relativamente aos dados do Ministério Público e Polícia Federal, a Forbes é franca ao afirmar que se está a tratar de fontes secundárias e/ou documentos divulgados na imprensa originados de informações apuradas nestes órgãos. Acreditamos que o exemplo a seguir ilustra bem a hipótese: Todos sabem que o casal Hernandes respondeu a processo no MP. Na ocasião, dados relativos ao seu patrimônio foram amplamente divulgados, sendo a origem dos mesmos, o MP de São Paulo. Informação de domínio público e dentro dos critérios da revista. Simples assim.

A criação da ANAJURE gerou expectativas positivas. Há questões da mais alta importância na pauta legislativa federal e estadual e a possibilidade de se poder contar com uma associação capaz de produzir pareceres jurídicos sobre temas afetando a agenda institucional da igreja seria muito bem-vinda. O mesmo vale para as questões locais da administração das comunidades que têm demandado a atenção dos pastores e, neste aspecto, um serviço de orientação jurídica encontraria muita utilidade e apreciação.

Contudo, a ANAJURE, até o momento não apresentou nenhum projeto na direção da prestação de um serviço útil a igreja, já o seu presidente, tem se valido de sua assessoria de imprensa para emitir opiniões aleatórias sobre assuntos diversos, sempre sob o manto institucional da associação. Ou seja, o meio evangélico ganhou mais um palpiteiro “ungido”. Fica a nítida impressão que a ANAJURE é mais uma daquelas associações criadas por compadres, que não representam ninguém, visando dar peso institucional a um projeto político ou profissional de ilustres desconhecidos.
Com informações de Exame/Época Negócios/Folha/Forbes
Genizah

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