Sobre ovelhas e lobos

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"O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor." (João 10.10-16)


Quero falar sobre algumas características muito peculiares das ovelhas, e aqui eu falo do animalzinho mesmo, qualquer semelhança não será mera coincidência. Algumas ovelhas preferem escolher pastagens de qualidade inferior. Isto é uma das coisas que mais apavoram o pastor. As ovelhas, por dificuldade de faro, são susceptíveis a ingerir tudo o que encontram pela frente, não distinguindo as ervas daninhas, que podem lhes fazer mal ou mesmo levá-las a morte. Se no pasto existirem flores ou sementes coloridas, mas venenosas, que atraiam sua atenção, as ovelhas comerão sem saber que estão se envenenando. Elas têm hábitos repetitivos, pastam nos mesmos lugares até que destruam todo o pasto. Defecam no próprio campo onde comem, liberando vermes e parasitas. Se o pastor não dirigí-las a novos pastos, vão repetindo os velhos hábitos. A ovelha teimosa pastará sempre nos mesmos trilhos. O seu fim será o emagrecimento, doenças e sofrimento.

Algumas, em geral as mais velhas, disputam pela liderança do próprio rebanho, empurrando as mais novas para longe das melhores partes do pasto. Na época do outono as fêmeas passam a ser disputadas pelos machos. É o tempo do cio. Estes batem as suas cabeças umas nas outras tentando disputar a fêmea. O pastor sabe que isso pode ferí-los muito, por isso passa uma espécie de óleo em suas cabeças, para protegê-los.

O pior de tudo é que as ovelhas são muito medrosas, assustam-se facilmente e ao mínimo sinal de perigo ou problema elas acabam pulando nos precipícios.

Quando há uma ovelha muito rebelde e fujona no rebanho o pastor costuma quebrar as pernas dela com o seu cajado. Durante o processo de cura o pastor carrega a ovelha em seu colo o tempo todo e lhe dedica uma atenção especial, trazendo alimento, água e remédios. Enquanto a ovelha vai se recuperando, aprende a confiar em seu pastor e, depois de curada, dificilmente voltará a fugir novamente.

Mas cuidado! Os lobos estão rondando o aprisco! Muitos são os lobos pregadores que vão às televisões, rádios e até mesmo à internet vender a imagem de um Deus negociador e ameaçador, somente para fazer valer em seus templos as leis de mercado, oferta e procura. Não estou generalizando, sei que também existem pastores sérios que freqüentam as mesmas mídias com uma palavra revelada e genuinamente centrada em Deus. É preciso fazer uma separação aqui e não julgar os bons pastores pela conduta dos lobos e mercenários, mas o problema é que os lobos estão à solta mesmo, tentando enganar os mais desavisados. Passam por cima de qualquer coisa, até mesmo da verdade bíblica para construírem suas “teo-ideologias de mercado” centradas em seus próprios interesses. Classificam as ovelhas por números e poder aquisitivo ao invés de conhecê-las pelo nome. Os lobos são mestres das meias verdades, dizem facilitar o alcance das bênçãos através do dinheiro depositado em seus cofres. Os lobos não pedem oferta por amor ao Reino e para investir nele, fazem isto pelo seu próprio ventre. Ameaçam as ovelhas, não para curá-las, mas para mantê-las presas ao medo e ao seu domínio.

Por outro lado, algumas ovelhas não se podem fazer desculpáveis, porque elas mesmas são quem se deixam levar pelo cenário colorido, pintado pelo lobo, sem se dar conta de suas armadilhas e acabam sofrendo com as decisões tomadas. Ali são espoliadas de sua lã, carne e gordura. Os lobos, enganadores de ovelhas, conseguem se articular e, mentindo, transferem a culpa de seus atos para o aprisco, como se a condição de ser ovelha fosse a causadora da existência sádica do predador e mercenário. O resultado é a enorme quantidade de gente ferida, dentro e fora das igrejas, mutiladas, traumatizadas, é gente que desistiu de ser ovelha porque lembra e tem medo da mordida do lobo.

Mas, graças a Deus! Que nós não estamos sozinhos neste imenso aprisco chamado Igreja. Jesus, o bom pastor, nos chama pelo nome, está disposto a tirar os carrapichos de nossa lã, derramar bálsamo em nossas feridas e nos defender dos lobos com a própria vida. Somos ovelhas do seu rebanho e Nele temos provisão de bom alimento, aconchego e a segurança dos seus braços.
A chave para discernir entre o lobo e o pastor é a voz. As ovelhas reconhecem a voz de seu Senhor Pastor e sentem segurança ao ouvi-la. Precisamos nos familiarizar cada vez mais com esta voz a fim de que não sejamos levados por qualquer ameaça. Logo, estar junto ao som de Suas palavras é o lugar mais seguro do aprisco.

Nele temos segurança e paz, carinho e refúgio, alimento e cura. Ainda há tempo de ser levado aos pastos verdejantes e às águas tranqüilas. Podemos confiar no consolo da vara e cajado do Senhor. Sabemos que Nele somos defendidos de nossos inimigos e recebemos porções transbordantes de alegria. Nossa confiança é que com Ele habitaremos entre a bondade e a misericórdia para todo o sempre.

O Deus Pastor te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

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