Os olhos desta águia americana, parece enxergar além do que devia
Com pelo menos dez anos de atraso, o Parlamento britânico decidiu
colocar a boca no trombone para denunciar abertamente a espionagem
industrial via satélite praticada, em via de mão única, em todo o mundo
pelo Pentágono americano.
Entre outras, as europeias Airbus e Thomson perderam contratos
milionários para competidoras americanas por obra e graça (nada
engraçada) do Big Brother made in USA e abusa.
Em matéria de violação de privacidade ou de pirataria cibernética, a
Internet é ninharia perto do que já faz, não é de hoje, o obscuro
Echelon, nome de batismo do grampo global operado pela Agência de
Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA.
Materialização do Big Brother do ficcionista inglês George Orwell
O sistema Echelon resulta da espionagem da telecomunicação via satélite
com a computação multimídia. O Echelon tem capacidade para interceptar,
registrar e manipular todas as informações eletronicamente processadas
que cruzam fronteiras nacionais de qualquer país do mundo: rádio,
televisão, telefone, telex, fax e e-mail.
Precisa de mais?
Até chamadas locais da telefonia celular podem cair na escuta tópica do
Echelon planetário. O cidadão brasileiro deveria já ter sido avisado de
que toda vez que faz uma ligação internacional, por qualquer dos meios
comutados por satélite ou por microondas, pode estar sendo grampeado
pelo sistema da NSA americana.
O grampo tem o poder divino da ubiqüidade e está equipado para fazer a
escuta de qualquer coisa, da conversa de um bispo baiano com o Vaticano,
de um negócio da Embraer com a Nova Zelândia, de um recado do estudante
mineiro de Harvard ao parente de Juiz de Fora, da negociação de
Ronaldinho do Grêmio com um clube inglês ou espanhol, de acertos
cifrados do crime organizado da Holanda com a máfia das drogas de
Rondônia, de tudo o que rola em Brasília...
Guerra fria
Com sede em Fort Mead, Maryland, o sistema Echelon grampeia e decifra
mensagens codificadas, dispõe de todos os softwares comerciais de
criptografia lançados no mundo, aciona chaves com mais de 1.000 bits e,
bem, o resto é segredo.
Criado em 1948, para monitorar os bastidores americanos (e britânicos)
da guerra fria, o Echelon tem ainda hoje centrais de escuta ou de grampo
na Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Por tempo
indeterminado. Pelo menos até a Airbus emitir o primeiro chiado.
Uso civil
O sistema Echelon da NSA foi convertido da espionagem militar para alvos
civis: governos, instituições, empresas, indivíduos. É o que revela um
dossiê da Omega Foundation, de junho de 1999, por encomenda do
Parlamento Europeu.
Nem todos
Pelo pacto de 1948, participam sob certa medida do Echelon também as agências equivalentes da Grã-Bretanha e do Canadá.
BigBussines
Com a explosão digital do crime organizado e com o advento do mercado
global, os investimentos em tecnologias da informação para fins de
defesa, vigilância e espionagem alastram-se pelos governos espertos e
pelas empresas globais em geral.
Impensável
Mas nada se compara ao volume de informações econômicas capturadas
diariamente pela NSA. Acima da Capacidade humana de triagem e
análise. Assunto para a ''inteligência artificial'' dos
supercomputadores de Fort Mead.
''Temos que questionar os dogmas, questionar as ideologias, questionar as autoridades externas. Somente questionando o que todos aceitam como certo, o que todos acham que é verdade, é que conseguimos despertar da hipnose do condicionamento social''. Deepak Chopra